Economia Global e Gestão
ISSN 0873-7444
Entre «esta» e «outra» globalização
No mercado global em que hoje se inserem as economias ditas «nacionais» mas que, na realidade o são cada vez menos, movimentam-se, com maior ou menor rapidez e sucesso, pessoas, mercadorias e capitais. Vista desta forma, a economia mundial é um desfile constante e complexo de fluxos mais ou menos interdependentes.
Mas, além das mercadorias transaccionadas, pessoas e capitais são de diferentes naturezas: as pessoas podem ser imigrantes semianalfabetos ou qualificados «trabalhadores do conhecimento» com competências específicas nas tecnologias da informação e conhecimento; e os «capitais» podem ser dinheiro ágil procurando aplicações mais rentáveis a curto prazo, ou equipamentos produtivos, como máquinas e material de transporte, ou ainda conhecimento codificado de várias formas, por exemplo, programas de software ou ficheiros informatizados sobre métodos de gestão de organizações ou sistemas contabilísticos.
Em princípio, toda esta complexa engrenagem deveria, directa ou directamente, contribuir para o «bem-estar» das pessoas, ou se preferirmos, para o «desenvolvimento humano» mundial, que diversos órgãos do sistema da ONU todos os anos diligentemente avaliam. Mas todos sabemos que não é simples a relação entre o processo económico global e o «bem-estar» ou o «desenvolvimento humano» da população mundial. E surgem épocas de crise em que esse relacionamento se torna até contraditório, como parece estar a suceder nestes primeiros anos do novo século.
Daí o interesse de análises como as que incluímos neste número sobre a evolução recente da situação social no Brasil, em tempo do Presidente Lula da Silva, e a situação em Portugal do movimento por «outra globalização», também originado naquele país e depois difundido à escala mundial.
Mário Murteira
Director
ERRATA Na capa do penúltimo número desta revista, a autoria do artigo «Crentes e descrentes na globalização» é erradamente atribuída a Alexandrino Manuel Ribeiro. O artigo é de Fernando Augusto de Sá Neves dos Santos, como consta do próprio texto da revista. Do erro pedimos desculpa aos autores referidos.