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Psicologia

 ISSN 0874-2049

MOREIRA, Maria Paula    MONTEIRO, Maria Benedicta. Televisão e crenças sobre a realidade social. []. , 23, 1, pp.27-54. ISSN 0874-2049.  https://doi.org/10.17575/rpsicol.v23i1.316.

^lpt^aEste estudo teve como objectivo principal verificar a existência e a natureza da relação prevista entre a exposição à televisão e a percepção de determinados aspectos da realidade social, tais como medo de vitimação, desconfiança em relação aos outros e o locus de controlo, tal como foi teorizado por Gerbner e colaboradores na teoria de Cultivação de Crenças, enquanto efeito indirecto da exposição elevada à televisão. Foram inquiridos 226 jovens residentes na cidade de Lisboa, entre os 15 e 18 anos, tendo sido efectuadas ANOVAS sobre os valores obtidos nos três factores de percepção da realidade social encontrados, de modo a averiguar a existência de diferenças nas crenças dos jovens espectadores portugueses quanto ao modo como vêem o mundo à sua volta, no que respeita a sentimentos de medo, insegurança e desconfiança em relação aos outros, em função da exposição à televisão (tempo e conteúdos violentos) e das características sócio-demográficas dos participantes. Os resultados indicaram que, nesta amostra portuguesa, existe uma relação entre a exposição à televisão e algumas crenças sobre a realidade social, se bem que não tão linearmente como propuseram Gerbner e colaboradores ao lançarem as bases da Teoria de Cultivação de Crenças. No que respeita ao factor Medo Pessoal-Controlo Externo, a alta exposição à televisão tem efeitos contrários consoante o género dos telespectadores: Com o aumento do consumo televisivo para além de 3 horas diárias, só as raparigas acentuam a crença na possibilidade de serem vítimas, apelando mais à segurança através da intervenção das autoridades, enquanto que os rapazes muito assíduos não se percepcionam como prováveis vítimas de violência, aumentando mesmo a percepção de que podem eles próprios controlar essas situações. Não só o tempo de exposição total à televisão, mas também o tipo de programação preferido e visionado, estão igualmente associados às crenças que os jovens partilham: Os que assistem a mais programas violentos manifestam maior medo social, associado à percepção da capacidade individual para assegurar a autodefesa. Uma análise de regressão múltipla mostrou ainda que os três factores de crenças dos adolescentes sobre a realidade social que os rodeia tiveram como principal preditor o tempo de exposição à televisão.^len^aThis study aimed to understand the relationship between television viewing (time and violent content) and the construction of social beliefs regarding social reality, such as fear of victimization, interpersonal mistrust and locus of control, as suggested by Gerbner and his associates in the Cultivation Theory. Questionnaires were administrated to 226 students ranged in age from 15 to 18. ANOVAS were conducted to explore the impact of television exposure, television violent content viewing, gender and family social status on the students’ social beliefs. Results showed that the relationship between television exposure and some social beliefs exists, although not as linearly as defended by Gerbner and associates when launching the foundations of the Cultivation Theory. Among other results, on the personal fear-external control factor it was found that high television exposure had opposite effects on viewers according to their gender: While female heavy TV viewers were more fearful of being victims and more externally controlled, male heavy viewers generally tended to be less personally fearful and more internally controlled. To assess how well TV exposure (time and violent content), gender and family SES predicted social beliefs, a multiple regression analysis was conducted, and data indicated that TV viewing was a significant predictor of the three areas of social beliefs.

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