Revista Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia
ISSN 1646-2122 ISSN 1646-2939
ALMEIDA, Miguel. Caracterização epidemiológica das admissões por trauma músculo-esquelético num serviço de urgência pediátrica de um hospital central. []. , 27, 1, pp.31-39. ISSN 1646-2122.
^lpt^aO trauma músculo-esquelético é responsável por um elevado número de vindas aos serviços de urgência pediátrica. Este trabalho surge da necessidade de colmatar a escassa literatura disponível nesse âmbito. Trata-se de um estudo observacional transversal, no qual a colheita de dados foi realizada por inquérito. Foi selecionada uma amostra de conveniência das admissões no serviço de urgência pediátrica de um hospital terciário por traumatismo, durante 3 meses. Foram registadas 108 admissões, na sua maioria do sexo masculino e com idade acima dos 10 anos. Os acidentes ocorreram maioritariamente na escola (86,1%), tendo-se dado 6,5% em casa e 7,4% em espaços públicos. Registou-se uma maior ocorrência de acidentes (37%) entre as 12:00h e as 14:30h. 53,7% foram acidentes não-desportivos, maioritariamente quedas. O tornozelo e o punho foram as articulações mais afetadas, respetivamente em 24,7% e 16,7% dos casos. Os diagnósticos mais frequentes foram a contusão em 52,8% dos casos e as fraturas em 23,1%. O tempo médio de permanência no SUP foi 1:30h. 19,4% dos doentes tiveram alta durante a primeira hora após a admissão. A maioria das crianças até 10 anos recorreu por traumatismo após queda. Dos 11 anos aos 14 anos, os traumatismos e acidentes desportivos tiveram igual prevalência. Nos adolescentes acima dos 14 anos, o principal tipo de acidente foi o acidente desportivo. Em mais de metade dos doentes (52,7%), as lesões provavelmente seriam minor e superficiais, pelo que teria sido preferível uma avaliação pelos cuidados de saúde primários, e eventual referenciação ao SUP se esta se justificasse.^len^aBackground: Musculoskeletal trauma is responsible for a large number of emergency hospital admissions in paediatrics. It is the main cause of death and incapacity under 18 years of age. Objective: The aim of this study is to address the lack of medical literature about paediatric musculoskeletal trauma, and its epidemiology in emergency care context. Methods: This is a cross-sectional observational study in which a survey was used for data collection. We selected a convenience sample of the paediatric emergency department admissions in a central hospital, during a 3 month period. Results: A total of 108 admissions were registered. The majority of patients were male and above 10 years old. Accidents happened mainly in school (86.1%), followed by public spaces (7.4%) and home (6.5%). A bigger occurrence of accidents (37%) was recorded between 12:00h and 14:30h. 53.7% were non-sports related accidents, more commonly falls. Wrist and ankle were the most affected joints, 24.7% and 16.7% respectively. Sprains and strains accounted for 52.8% of the diagnoses, while bone fractures accounted for 23.1%. The average permanency time in the emergency care unit was 1 and a half hours. 19.4% of patients were discharged within the first hour after admission. Conclusions: Most children under 10 years of age sought the paediatric emergency care unit due to trauma after falling. Among the ages of 11 and 14 years old, accidents and sports related traumatisms had the same prevalence. Sports related accidents were the main type of accidents in adolescents above 14 years old. Given that the lesions of more than half of patients (52.7%) were probably only minor/superficial, a primary health care evaluation would have been preferable, eventually referring to paediatric emergency care if justifiable.
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