17 3 
Home Page  

  • SciELO

  • SciELO


Angiologia e Cirurgia Vascular

 ISSN 1646-706X

COELHO, Nuno Henriques et al. Home-made frozen stented elephant trunk em contexto de disseção aórtica aguda: uma intervenção híbrida realizada em contexto de urgência. []. , 17, 3, pp.264-268.   30--2021. ISSN 1646-706X.  https://doi.org/10.48750/acv.422.

Introdução:

O envolvimento da aorta ascendente/arco aórtico em contexto da patologia da aorta torácica pode contraindicar a realização de uma correção endovascular (TEVAR: thoracic endovascular aortic repair) devido à ausência de uma zona de selagem proximal adequada. Intervenções híbridas que combinam a substituição cirúrgica da aorta ascendente/arco aórtico com um TEVAR da aorta descendente associam-se a bons resultados. Apesar da existência de devices dedicados (E-vita®, Thoraflex®), a sua disponibilidade pode não ser imediata em casos urgentes que poderão requerer a realização de soluções inventivas como aquela que descrevemos.

Caso Clínico:

Um doente de 53 anos, sexo masculino, hipertenso e ex-fumador foi admitido devido a uma disseção aguda não-A-não-B, complicada com uma rotura contida a nível do istmo aórtico e um hemotórax esquerdo. Tendo em conta a ausência de uma zona de selagem proximal adequada decidimos realizar um frozen elephant trunk usando os materiais que tínhamos disponíveis a nível hospitalar. Foi assim realizado um debranching do tronco arterial braquiocefálico e da carótida esquerda usando uma prótese de dacron bifurcada (16×8 mm). Realizámos uma substituição do arco aórtico com uma prótese de dacron (28 mm), sob paragem circulatória e hipotermia. Seguidamente procedemos à libertação anterograda de uma endoprótese (30×30×157mm) sob visualização direta. A anastomose proximal foi realizada a nível da junção sinotubular. A angiografia final demostrou o arco aórtico corretamente reconstruído, exclusão bem-sucedida da porta de entrada proximal, do local de rotura bem como uma adequada perfusão visceral e renal. O doente teve um pós-operatório sem intercorrências, com alta ao 23º dia. O angioTC de controlo demonstrou uma expansão do verdadeiro lumen e a ausência de complicações.

Conclusão:

Esta intervenção híbrida recorrendo a off-the-shelf devices foi bem-sucedida e evitou a morbilidade cumulativa associada à toracotomia esquerda bem como às dificuldades técnicas da correção cirúrgica aberta nestas condições. Na ausência de material específico e dedicado a este tipo de casos, as técnicas híbridas devem ser tidas em conta. A existência de uma “Aortic Team” disponível para avaliar, decidir e combinar a diferenciação da cirurgia cardiotorácica e da cirurgia vascular foi essencial para alcançar o sucesso deste caso.

: Dissecção aortica não-A-não-B; Ruptura aórtica; Frozen-Stented Elephant Trunk.

        ·     ·     · ( pdf )