31 5 
Home Page  

  • SciELO

  • SciELO


Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

 ISSN 2182-5173

VENTURA, Teresa. Poliomielite e seus efeitos tardios: viver ao ritmo da doença. []. , 31, 5, pp.326-333. ISSN 2182-5173.

^lpt^aIntrodução: Muitos sobreviventes da poliomielite, após período de estabilidade clínica, desenvolvem complicações relacionadas com a doença. Este caso demonstra a necessidade do médico de família familiarizar-se com as múltiplas vertentes das repercussões tardias da poliomielite e reconhecê-las como entidade nosológica. Descrição do caso: Doente, 69 anos, apresenta sequelas de poliomielite. A narrativa de vida evidencia o quanto a luta pela superação da deficiência foi central na sua trajetória. Inicia, décadas após a doença aguda, queixas progressivas de fraqueza muscular, fadiga, mialgias, poliartralgias, parestesias das mãos e depressão, condicionando incapacidade funcional crescente, bem como intolerância ao frio, incontinência urinária e perturbação do sono, por vezes associada a fasciculações. O exame objetivo e exames auxiliares de diagnóstico evidenciam lesão neurogénea crónica nos membros inferiores, síndroma do túnel cárpico e diversas doenças músculoesqueléticas. Face a novos sintomas, velhos sentimentos relacionados com a deficiência, que a própria julgava ultrapassados, são despertados. O plano terapêutico envolve uma equipa multidisciplinar e inclui intervenções que incidem sobre: controlo dos sintomas e da evolução da doença; tratamento da psicopatologia coexistente; promoção de estilos de vida salutogénicos; adaptação da habitação e prescrição de ajudas técnicas; combate ao isolamento; mobilização de recursos informais, de serviços de saúde e sociais; transmissão de informação sobre a doença e problemas com ela relacionados. Comentário: Os efeitos tardios da poliomielite podem ser minimizados nos seus sintomas mediante determinadas orientações. A sua gestão efetiva exige um olhar plural e holístico, cabendo ao médico de família identificar o cluster de sinais e sintomas presentes, bem como as suas repercussões psicossociais e, consoante estes, definir um plano terapêutico individualizado.^len^aIntroduction: Many survivors of polio develop complications after a period of clinical stability. This case report demonstrates the need for the family physician to become familiar with the multiple facets of the late effects of polio and to recognize them as a disease entity. Description of the case: A 69 year-old woman had polio with sequelae. Her life story showed how the struggle to overcome deficiency was central to her trajectory. Decades after the onset of the acute disease, she presented with progressive complaints of muscle weakness, fatigue, myalgia, polyarthralgia, tingling of her hands, and depression. This caused increasing functional disability, intolerance to cold, urinary incontinence, sleep disturbance, and fasciculation. Physical examination and diagnostic tests showed chronic nerve injury in the lower limbs, carpal tunnel syndrome, and various musculoskeletal disorders. Faced with new symptoms, old feelings associated with disability that she felt she had overcome, were awakened. The treatment plan involved a multidisciplinary team. It included control of symptoms and disease progression, treating coexisting psychopathology, promotion of a healthy lifestyle, changes in her housing, prescription of assistive devices, combating isolation, mobilization of informal resources, health and social services, and transmission of information about the disease and related problems. Comment: The late effects of polio can be minimized by following suggested guidelines. Effective management requires a doctor who can identify the characteristic cluster of signs and symptoms and their psychosocial effects and formulate an individualized treatment plan.

: .

        · | |     · |     · ( pdf )

 

Creative Commons License All the contents of this journal, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution License