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Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

 ISSN 2182-5173

LOUREIRO, Estela Rita et al. Um caso de fagofobia: quando o medo nos consome. []. , 32, 3, pp.212-216. ISSN 2182-5173.

^lpt^aIntrodução: A fagofobia ou choking phobia é uma condição psiquiátrica caracterizada pelo medo de sufocar ou engasgar ao engolir alimentos ou comprimidos, associado a um estado de ansiedade que leva à recusa alimentar, com prejuízos potencialmente graves para a saúde. Pouco se sabe sobre a prevalência desta doença, mas o diagnóstico é frequentemente tardio, o que aumenta o risco de complicações. Deve ser excluída patologia orgânica e as perturbações do comportamento alimentar. A terapêutica é multidisciplinar e o papel do médico de família preponderante em todo o processo. Descrição: Apresenta-se o caso clínico de uma pré-adolescente de 10 anos. Recorreu à consulta por disfagia permanente e não progressiva para sólidos com duas semanas de evolução e que, durante o seguimento em consulta, perdeu 22% do peso corporal em dois meses. Não se observaram alterações ao exame físico nem nos exames complementares de diagnóstico requisitados. Foi pedida consulta de pediatria geral e, em consulta, utilizando uma abordagem biopsicossocial, a doente referiu “medo de se engasgar a comer”. Foi, assim, encaminhada para o serviço de pedopsiquiatria do Hospital Pediátrico por suspeita de anorexia nervosa/disfagia de causa orgânica ou funcional. Por manutenção da progressiva perda ponderal foi internada e, posteriormente, transferida para o Hospital Magalhães Lemos por manter alimentação seletiva e restritiva e uma perda ponderal que atingiu os 26%. Foi feito o diagnóstico de fagofobia e medicada com antidepressivo, ansiolítico e antipsicótico; iniciou também terapia cognitivo-comportamental, apresentando melhoria clínica e tendo tido alta ao fim de um mês. Atualmente mantém seguimento na consulta de pedopsiquiatria. Comentário: É imprescindível a familiaridade dos médicos de família com a deteção precoce e abordagem apropriada da fagofobia. O conhecimento dos vários diagnósticos diferenciais, assim como a referenciação e o conhecimento da terapêutica, são de extrema importância. A relação de confiança entre o médico e o adolescente coloca o médico de família na primeira linha de deteção dos sinais de alarme. A articulação com os cuidados de saúde secundários reveste-se de particular interesse, o que permite um acompanhamento mais próximo destas patologias.^len^aIntroduction: Phagophobia or choking phobia is a psychiatric disorder characterized by the fear of suffocating or choking when swallowing food or tablets. It may lead to a refusal to eat. Little is known about the prevalence of this disease, but the diagnosis is often delayed and this may increase the risk of complications. Organic pathology and other eating disorders must be excluded. The therapy is multidisciplinary and the general practitioner has an important role in management. Case presentation: We report the case of a 10 year-old girl who was seen by her family doctor due to the sudden onset of dysphagia with solid food over a two-week period. She lost 22% of her body weight over the next two months. Physical examination and laboratory tests were normal. A pediatric consultant using a bio-psycho-social approach found ‘a fear of choking while eating'. She was referred to the child-psychiatry service of the local children's hospital with suspected anorexia nervosa and functional or organic dysphagia. With worsening of her clinical status with selective and restrictive feeding, including severe weight loss (26% of her previous body weight), she was hospitalized and later transferred to Magalhães Lemos psychiatric hospital. The diagnosis of phagophobia (choking phobia) was made and she was treated with antidepressant, anxiolytic, and antipsychotic medications. She also received cognitive behavioral therapy and clinical improvement was observed. Currently, she is receiving ongoing psychiatric treatment to help her to deal with her fear and to regain the weight she lost. Commentary: Early identification and referral of patients with this problem are essential. Knowledge of the differential diagnosis and available therapy are important. A trusting relationship between the family doctor and teenage patients is helpful for early detection of important signs. Coordination with secondary care services is necessary for close monitoring of these patients.

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