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Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

 ISSN 2182-5173

DOMINGUES, Sara Gonçalo    GOMES, Vânia Raquel Paula. Benzodiazepinas e risco de demência: qual a evidência?. []. , 34, 3, pp.149-155. ISSN 2182-5173.

^lpt^aObjetivo: Determinar se a utilização crónica de benzodiazepinas em indivíduos com idade ≥65 anos está associada a um aumento do risco de demência. Fontes de dados: National Guideline Clearinghouse, NHS Evidence, CMA InfoBase, Cochrane, DARE, MEDLINE/PubMed. Métodos de revisão: Pesquisa de guidelines, revisões sistemáticas, meta-análises e estudos observacionais, nas línguas inglesa e portuguesa, publicados entre janeiro de 2006 e março de 2016, com os termos MeSH ‘benzodiazepines' e ‘dementia'. Foi aplicada a escala Strength of Recommendation Taxonomy (SORT), da American Family Physician, para avaliação dos níveis de evidência (NE) e da força de recomendação (FR). Resultados: Obtiveram-se 209 artigos e, destes, cinco cumpriram os critérios de inclusão. A meta-análise e a revisão sistemática revelaram uma associação entre a utilização de benzodiazepinas e o aumento do risco de demência (NE 3). Este risco aumenta com a duração do tratamento, com doses cumulativas de benzodiazepinas e com a utilização de benzodiazepinas de longa duração de ação (NE 3). Pelo contrário, os estudos observacionais não evidenciaram esta associação (NE 3). Conclusões: Existe evidência limitada (FR C) para a associação entre o uso de benzodiazepinas e o risco de demência. Assim, são necessários mais estudos de coorte prospetivos, com um longo tempo de seguimento e ajustados para variáveis de confundimento para clarificar a existência de eventual relação causal e diminuir o viés de causalidade reversa. Contudo, a concretização deste tipo de estudos apresenta algumas dificuldades metodológicas. Os resultados aqui apresentados reforçam a preocupação já existente sobre o uso crónico de benzodiazepinas na população idosa, no tratamento da ansiedade e da perturbação do sono e valorizam o papel do médico de família, enquanto prestador de cuidados de saúde longitudinais.^len^aAim: To determine if long-term use of benzodiazepines on people aged ≥ 65 years is associated with an increased dementia risk. Data sources: National Guideline Clearinghouse, NHS Evidence, CMA InfoBase, Cochrane, DARE, MEDLINE/PubMed. Review methods: Guidelines, systematic reviews, meta-analyses and observational studies in English and Portuguese, published between January of 2006 and March of 2016, were searched, using the MeSH terms ‘benzodiazepines' and ‘dementia'. Strength of Recommendation Taxonomy (SORT) scale from the American Family Physician was applied to evaluate the levels of evidence (LE) and the strength of recommendation (SR). Results: There were obtained 209 articles and five of these met the inclusion criteria. The meta-analysis and systematic review revealed an association between benzodiazepines use and increased risk of dementia (LE 3). This risk increases with treatment duration, cumulative doses of benzodiazepines and benzodiazepines with long duration of action (LE 3). Nonetheless, observational studies did not reveal this association (LE 3). Conclusions: There is limited evidence (SR C) for the association between benzodiazepines use and risk of dementia. Therefore, more prospective cohort studies, with a long follow-up and adjusted for confounding variables, is needed to clarify the existence of a possible causal association and to decrease the reverse causality bias. However, the implementation of these studies presents several methodological difficulties. This study reinforces the already existing concern about the chronic use of benzodiazepines in the elderly population, in the treatment of anxiety and sleep disorders and emphasize the role of the Family Physician as a longitudinal health care provider.

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