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Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

 ISSN 2182-5173

NUNES, Sara    GOUVEIA, Carla. Afinal não era preciso amputar!: Um caso clínico. []. , 34, 5, pp.307-311. ISSN 2182-5173.  https://doi.org/10.32385/rpmgf.v34i5.11834.

^lpt^aIntrodução: Apresenta-se um relato de caso sobre doença arterial periférica em que o papel do médico de família é relevante em vários momentos: no controlo dos fatores de risco modificáveis, na coordenação da equipa de cuidados de saúde primários e na avaliação longitudinal do doente que, por sua vez, pode ser fundamental para o diagnóstico, prognóstico e seleção da opção terapêutica ao fornecer informação relevante aos cuidados de saúde secundários. Descrição do caso: Mulher de 82 anos com dislipidemia, hipertensão e diabetes mellitus tipo 2, orientada e autónoma nas atividades de vida diária, iniciou úlceras arteriais de difícil cicatrização que infetaram. No contexto de sepsia foi detetada alteração do estado de consciência e assumido o diagnóstico de demência. Perante o quadro de insuficiência arterial grave bilateral dos membros inferiores foi proposta amputação. Esta foi recusada pela família e a doente teve alta para lar. Com o controlo da infeção recuperou o prévio estado de consciência. Foi reavaliada e proposta revascularização com sucesso. Houve cicatrização completa das úlceras com recuperação da autonomia e qualidade de vida prévia. Avaliando retrospetivamente o controlo dos fatores de risco vasculares detetam-se oportunidades não aproveitadas de otimização do mesmo. Os cuidados de enfermagem continuados durante vários meses não foram adequadamente intercalados por observações médicas, quer nos cuidados de saúde primários quer secundários. No diagnóstico de demência durante o estado de sepsia não foi considerada a informação do médico de família ou da família acerca do estado de consciência prévio da doente. Comentário: Este caso mostra um bom desfecho (manutenção da autonomia e da qualidade de vida), salienta a importância do controlo dos fatores de risco de doença arterial periférica, da articulação entre profissionais nos cuidados de saúde (entre médicos e enfermeiros e entre cuidados de saúde primários e secundários) e das implicações que um adequado diagnóstico diferencial de alterações do estado de consciência tem para o prognóstico.^len^aIntroduction: We present a case report on peripheral arterial disease, in which we highlight the relevance of the role of the family doctor in various moments: management of modifiable risk factors, coordination of the primary care team, and longitudinal evaluation of the patient which, in turn, may be crucial for the diagnosis, prognosis and therapeutic choice, by providing relevant information to secondary care. Case description: An 82- year old woman with dyslipidemia, hypertension and type 2 diabetes, oriented and independent in her daily life activities, developed difficult-to-heal arterial ulcers which became infected. In the context of sepsis, a change in the mental status was detected and the diagnosis of dementia was assumed. Amputation was proposed in the presence of extensive bilateral peripheral arterial insufficiency of the lower limbs. This option was refused by the family and the patient was discharged to a nursing home. Infection control resulted in the recovery of the previous mental status. The patient was reassessed and a successful revascularization was performed. The ulcers healed completely, with recovery of the previous levels of autonomy and quality of life. Evaluating retrospectively the management of vascular risk factors, missed optimization opportunities were detected. For several months, continued nursing care was not adequately coordinated with medical observations, neither in primary nor in secondary care. The diagnosis of dementia during sepsis did not take in account information from the patient’s family, or of her family physician, on her previous mental status. Comment: This case report shows a good ending (maintenance of autonomy and quality of life), stressing the importance of controlling the risk factors for peripheral arterial disease, of the articulation between various health care professionals (between doctors and nurses, and between doctors in primary and secondary care), and the implications of an adequate differential diagnosis of altered mental status in the patient’s prognosis.

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