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Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

 ISSN 2182-5173

CARRAPICO, Eunice et al. Modos de ver e de se ver na relação médico-doente: relato de uma atividade formativa. []. , 35, 3, pp.244-251. ISSN 2182-5173.  https://doi.org/10.32385/rpmgf.v35i3.12429.

^lpt^aEnquadramento: Os autores descrevem uma atividade realizada em grupo de formação em medicina geral e familiar (MGF) em 2015. O ponto de partida foi a assunção de que a capacidade de autoconsciência por parte dos profissionais, sobre as suas características, competências e reações emocionais em face de cada pessoa e situação, é um dos fatores críticos para a eficácia da intervenção clínica. Objetivos formativos: a) treinar a autoconsciência das suas perceções, enquanto modos de se ver a si, ao outro e à relação entre ambos, no contexto do seu trabalho nas consultas; b) reconhecer as emoções que emergem em si, por efeito das características do outro; c) reconhecer o evoluir das suas perceções e emoções ao longo do processo relacional e comunicacional com o outro; d) identificar as suas próprias limitações comunicacionais, relacionais e técnicas, sobretudo as que derivam das emoções suscitadas; e) partilhar as diversas experiências e os resultados percecionados por cada participante ao longo da atividade formativa, para identificar, sistematizar e consolidar os ganhos de aprendizagem conseguidos. Descrição: Análise individual e em grupo de vivências tidas em consultas de MGF. Foram considerados perceções, emoções, atitudes e comportamentos presentes em cada caso e identificadas necessidades de ajustamento pessoal para ser um recurso de ajuda. Discussão: Os autores consensualizaram um modelo de análise e apoio à abordagem de pessoas e situações, na complexidade de elementos e interações envolvidos na relação médico-doente. Escolheram o polo «modos de ver» cada pessoa e situação e a si próprio como ponto de partida da análise. Discutiram possibilidades de ajustamento de comportamentos na interação com cada pessoa no contexto da consulta. Identificaram a necessidade de autovigilância e de aperfeiçoamento contínuos das suas competências, atitudes e habilidades pessoais e técnico-científicas. A atuação como recurso de apoio ao «outro» requer uma autodisciplina cujas bases podem ser reforçadas durante o internato de MGF. A aquisição de hábitos e de habilidades de autoperceção e autoconsciência quanto aos modos de ver, emoções, atitudes e gestos são requisitos neste processo. O internato de MGF pode ser um período decisivo para promover atitudes e comportamentos adequados, que tenderão a persistir ao longo de todo o percurso profissional.^len^aBackground: The authors describe a group exercise performed in the context of General Practice and Family Medicine (GPFM) training in 2015. The starting point was the assumption that the professional self-awareness concerning own personal characteristics, technical skills, and emotions during the relationship with each singular patient is a critical factor for the effectiveness of clinical interventions. Objectives: a) training of the self-awareness of perceptions as manners of viewing the self, others and the relationship between both in family medicine consultations; b) self-recognition of the emotions derived from the communication and relation with each patient; c) self-recognition of the transformation process of perceptions and emotions along the relational and communicational processes with the patients; d) identification of one’s own communicational, relational and technical limitations; e) brainstorming of each author’s experiences and perceived results during the exercise, aiming at the identification and systematization of achieved learning outcomes. Description: Group brainstorming of real-life situations experienced by the authors during their GPFM appointments. Perceptions, emotions, attitudes, and behaviors present in each situation were analyzed, leading to the recognition of personal adjustment needs in order for each individual to become a better help resource. Discussion: The authors felt the need to elaborate and agree on an analytical and supportive model in the approach of people and situations, taking into account the complexity of elements and interactions that such relations entail. As a starting point, they chose relationships perceived as particularly vulnerable to them and attempted at reenacting each side’s way of seeing, in order to achieve useful effects in the adequation of their own attitudes and behavior to the interaction with other people and situations. They identified the need for continuous self-surveillance and improvement of their competences, attitudes and personal/technical-scientific skills. Serving as a help and support resource for others requires a level of self-discipline whose foundation may be enforced during the GPFM residency. The acquisition of the ability and habit of self-perception and self-awareness of one’s own ways of seeing, emotions, attitudes, and gestures are essential tools in this process. The GPFM residency is a decisive period in the promotion of adequate attitudes and behaviors that will tend to persist throughout the clinician’s career.

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