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Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

 ISSN 2182-5173

COELHO, Mariana Baltazar    FERREIRA, Manuel Branco. Beta-bloqueantes e asma. []. , 37, 2, pp.146-157.   30--2021. ISSN 2182-5173.  https://doi.org/10.32385/rpmgf.v37i2.12847.

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Introdução:

Os doentes asmáticos têm por vezes outras patologias concomitantes para as quais é necessário o uso de beta-bloqueantes. Tendo em conta que a terapêutica com estes fármacos é transversal a diversas doenças e sendo fármacos bastante usados na prática clínica, particularmente nas consultas de cuidados de saúde primários, torna-se importante esclarecer possíveis contraindicações ao seu uso nos indivíduos com asma.

Objetivo:

Avaliar os efeitos que a administração de beta-bloqueantes cardioseletivos e não seletivos podem ter em doentes asmáticos no que diz respeito a: alterações nas provas de função respiratória; exacerbações agudas da doença e sua sintomatologia associada; frequência de uso de medicação de alívio; necessidade de recorrer a um serviço de urgência e frequência de internamentos relacionados com efeitos adversos da toma do fármaco.

Métodos:

Foi realizada uma revisão sistemática da literatura, tendo sido utilizada a base de dados eletrónica PubMed. A expressão de busca utilizada foi: asthma AND beta-blockers.

Resultados:

A pesquisa inicial levou à obtenção de uma amostra de 151 artigos, dos quais 49 foram selecionados pela leitura do título e resumo. Destes, depois da leitura integral e da aplicação dos critérios de inclusão, foram escolhidos 30 artigos. O atenolol e o propranolol foram os beta-bloqueantes mais estudados. Dois ensaios clínicos randomizados e um coorte abordaram beta-bloqueantes oculares tópicos; 22 ensaios clínicos randomizados e cinco coortes estudaram beta-bloqueantes orais ou IV.

Conclusões:

Os doentes com asma ligeira a moderada poderão, se indicado, pela existência de outras patologias, ser medicados com beta-bloqueante, sempre com vigilância apertada do doente, especialmente nas fases iniciais desta terapêutica. Não se verificou que os beta-bloqueantes cardioseletivos sejam claramente mais seguros que os não seletivos, pelo que terão de ter os mesmos cuidados na sua utilização em asmáticos. Os beta-bloqueantes tópicos oculares podem ter efeitos prejudiciais nos asmáticos, reduzindo o FEV1 e causando exacerbações de asma. Ainda não existem dados suficientes para recomendar o uso de beta-bloqueantes para o tratamento da asma.

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Background:

Asthmatic patients may have some conditions for which the use of beta-blockers is required. Therapy with these drugs is used in several diseases and it is widely used in clinical practice, especially in primary care. This means that it is important to clarify possible contraindications to its use in subjects with asthma.

Objectives:

Evaluating the effects of cardioselective and non-selective beta-blockers in asthmatic patients: changes in the pulmonary function tests; acute exacerbations of the disease and its symptomatology; the frequency that they need to use rescue drugs; the need to use an emergency department and frequency of hospitalizations related to the adverse effects caused by these drugs.

Methods:

This systematic review included articles searched in PubMed electronic database. The search term used was: asthma AND beta-blockers.

Results:

There were 151 articles identified, from which 49 were selected after reading the titles and abstracts. Of these, after reading the complete article and applying the inclusion criteria, 30 articles were selected. Atenolol and propranolol were the most frequently studied beta-blockers. Two randomized clinical trials and one cohort were about topical beta-blockers; 22 randomized clinical trials studied oral or intravenous beta-blockers. Five cohorts were also discussed.

Conclusion:

Beta-blockers in mild to moderate asthma can be used but always with monitoring of pulmonary function and symptoms of the patient. We could not demonstrate a preference for drug selectivity. Topical ocular beta-blockers in asthma can have detrimental effects by reducing FEV1 and increasing asthma exacerbations. We cannot recommend the use of beta-blockers as a treatment for asthma since we still have few studies on this topic.

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