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Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

 ISSN 2182-5173

ANTUNES, Cristiana Santos et al. Febre de origem indeterminada: relato de um diagnóstico inesperado. []. , 37, 5, pp.456-461.   31--2021. ISSN 2182-5173.  https://doi.org/10.32385/rpmgf.v37i5.13084.

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Introdução:

A síndroma de febre de origem indeterminada (FOI) clássica é definida pela presença de temperatura corporal superior a 38,3 °C com duração superior a três semanas, sem diagnóstico definido, apesar de investigação apropriada durante três consultas em ambulatório ou três dias em internamento hospitalar. Implica a realização de uma avaliação criteriosa pelo médico de família, da qual deve resultar uma marcha diagnóstica adequada. Entre as múltiplas etiologias possíveis, a infeção pelo vírus de imunodeficiência humana (VIH) é uma entidade a ter em conta, nomeadamente na presença de fatores de risco para a mesma.

Descrição do Caso:

Mulher de 47 anos, raça caucasiana, com antecedentes pessoais de neoplasia do colo do útero submetida a conização há quatro anos. É fumadora, sem hábitos alcoólicos ou toxicofílicos conhecidos. Divorciada, integra uma família monoparental desde 2005, sem vida sexual ativa há cerca de oito anos. Recorre a consulta de doença aguda por quadro de mal-estar geral, cansaço, febre de predomínio vespertino e tosse seca com várias semanas de evolução. Após as primeiras etapas de investigação, a etiologia mantinha-se indeterminada, apesar da recorrência dos sintomas. Perante o quadro clínico de síndroma de FOI foi realizada investigação etiológica mais alargada, da qual se destaca serologia positiva para VIH-1. A utente foi referenciada para consulta de infeciologia e medicada com antirretrovirais e terapêutica dirigida a pneumocistose, uma doença definidora de síndroma de imunodeficiência adquirida (SIDA). Este diagnóstico teve um impacto profundo a nível pessoal, familiar e social, com necessidade de seguimento em consulta de psicologia e psiquiatria.

Comentário:

A investigação etiológica da síndroma de FOI neste caso clínico conduziu a um diagnóstico inesperado de SIDA, o que sensibilizou a equipa clínica para a importância do rastreio atempado de VIH, para a correta abordagem da síndroma de FOI e para a importância do acompanhamento longitudinal pelo médico de família, de acordo com o diagnóstico estabelecido.

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Introduction:

Fever of unknown origin (FUO) syndrome is defined as the presence of temperature higher than 38.3 °C lasting more than three weeks, with failure to reach a diagnosis despite a correct investigation in three outpatient visits or three days in the hospital. It implies a criterion evaluation for general practitioners, leading to a proper diagnostic investigation. Between the large spectrum of possible etiologies, the HIV infection is a possibility to consider, especially if there are associated risk factors.

Case Description:

Female, 47 years old, Caucasian, with a history of neoplasm of the cervix submitted to conization four years ago. She is a smoker. Divorced, she belongs to a mono-parental family since 2005, her last partner was eight years ago. The patient came to an urgent consultation with symptoms of malaise, fatigue, evening fever, and dry cough, for several weeks. After the first steps of investigation, the etiology remained undefined, despite the recurrence of symptoms. Given the clinical condition of FUO syndrome, it was performed a wider etiologic investigation revealed HIV-1 positive serology. The patient was referred to an infectious diseases hospital appointment and started on antiretroviral treatment and therapy directed to pneumocystosis, and acquired immunodeficiency syndrome (AIDS)-defining disease. This diagnosis had a profound influence at a personal, family, and social level with the need for follow-up in psychology and psychiatry consultation.

Commentary:

The etiologic investigation of FUO syndrome, in this clinical case, has conducted to an unexpected diagnosis of AIDS, which has sensitized the health team to the importance of a timely HIV screening, for the correct approach of the FOI syndrome and for the importance of longitudinal monitoring by the family physician.

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