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Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

 ISSN 2182-5173

MARQUES, Rita Gaspar; SIMOES, Pedro Augusto; ROSA, Bárbara Santa    SILVESTRE, Margarida. Idosos autónomos: uma reflexão ética. []. , 37, 5, pp.482-488.   31--2021. ISSN 2182-5173.  https://doi.org/10.32385/rpmgf.v37i5.13232.

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O aumento atual da população idosa obriga a uma adequação constante dos cuidados de saúde e da atuação médica. As particularidades desta população levantam várias questões éticas que têm de ser discutidas num âmbito alargado, para melhorar a prestação de cuidados e facilitar a atuação médica aquando do surgimento de dilemas éticos. Neste contexto, uma das questões éticas mais frequentes prende-se com o respeito pela autonomia dos idosos, já que muitas vezes se associa a idade avançada à perda de capacidades físicas e psíquicas e, portanto, de autonomia. Porém, a idade, por si só, não determina a incapacidade de tomar decisões nem a vulnerabilidade. Ou seja, embora o contexto e as circunstâncias que rodeiam os idosos possam influenciar negativamente ou mesmo limitar a sua autonomia, o médico não pode assumir uma atitude paternalista e decidir pelo doente. O médico deve fazer um esforço especial para analisar e compreender a capacidade de decisão do doente e todo o contexto que o envolve, nomeadamente as suas vulnerabilidades, experiência de doença, perspetivas de vida e influência da família. Assim, o médico poderá utilizar este conhecimento para promover a capacidade de decisão do idoso, de modo a garantir autonomia, equidade e justiça para estes doentes. Além disso, promover a autonomia potencia também a participação ativa na comunidade, envelhecimento ativo e qualidade de vida. O médico de família tem um papel privilegiado e preponderante nesta tarefa. A sua proximidade, a possibilidade de contactos frequentes e prolongados no tempo e o conhecimento que tem das suas vidas, perspetivas e valores permitem a estes profissionais fomentar e promover a autonomia dos idosos.

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The current increase of the elderly population requires a constant adjustment of health care and in medical acting. The particularities of this population raise several ethical issues that must be discussed in a wide scope, to improve health care and facilitate medical acting towards ethical dilemmas. One of the most frequent ethical issues concerns respect for the autonomy of the elderly since old age is often associated with loss of physical and mental health and, therefore, autonomy. However, age alone does not determine the inability to make decisions, nor vulnerability. Although the context and circumstances surrounding the elderly may influence or even limit their autonomy, the physician cannot assume a paternalistic attitude and decide for the patient. The physician should make a special effort to analyse and understand the patient's decision-making capacity and the context that involves him, namely his vulnerabilities, illness experience, life perspectives, and family influence. Thus, the physician can use this knowledge to promote the decision-making capacity of the elderly, in order to guarantee autonomy, fairness, and justice for these patients. In addition, by promoting autonomy, participation in the community, active aging and quality of life are also enhanced. General practitioners have a privileged and predominant role in this task. Their proximity, the possibility of frequent and prolonged contacts over time, and the knowledge they have about their lives, perspectives, and values, allow these professionals to foster and promote the autonomy of the elderly.

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