38 3 
Home Page  

  • SciELO

  • SciELO


Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

 ISSN 2182-5173

LOUREIRO, Rodrigo Miguel    AZEVEDO, Daniela Alves. Qual o papel da quetiapina na fibromialgia?. []. , 38, 3, pp.281-292.   30--2022. ISSN 2182-5173.  https://doi.org/10.32385/rpmgf.v38i3.13178.

^a

Introdução:

A fibromialgia é uma síndroma reumatológica crónica, de etiologia desconhecida, caracterizada pela distribuição generalizada de queixas álgicas e uma multiplicidade de sintomas. O seu tratamento continua a ser um importante desafio. Alguns fármacos antipsicóticos, como a quetiapina, têm sido estudados como terapêutica adjuvante. No entanto, existe ainda alguma controvérsia relativamente à sua eficácia e segurança. O objetivo deste trabalho foi avaliar o papel da quetiapina no controlo de sintomas em indivíduos com fibromialgia.

Métodos:

Foi realizada uma revisão bibliográfica com pesquisa de artigos em diferentes plataformas científicas utilizando os termos MeSH fibromyalgia e quetiapine. Foram incluídos estudos que cumpriam os critérios definidos pelo modelo PICOS: (P) adultos com diagnóstico de fibromialgia; (I) plano terapêutico com recurso a quetiapina; (C) placebo ou outro tipo de comparador; (O) alívio de sintomas e perfis de tolerabilidade e segurança; (S) revisões sistemáticas e ensaios clínicos aleatorizados controlados. Foi utilizada a escala Strength of Recommendation Taxonomy, da American Academy of Family Physicians, para avaliação dos níveis de evidência e atribuição de forças de recomendação.

Resultados:

Dos 66 artigos encontrados foram selecionados três ensaios clínicos aleatorizados controlados. Os resultados encontrados são heterogéneos e apesar de, na sua generalidade, parecerem mostrar vantagem no controlo dos principais sintomas dos doentes com a utilização da quetiapina não foi encontrada evidência robusta que comprove um benefício inequívoco. Os autores relataram boa tolerância e ausência de efeitos adversos severos com o seu uso.

Conclusões:

A evidência atual é de fraca qualidade, não livre de viés e de difícil generalização, apesar de aparentemente favorável no alívio parcial de alguns sintomas de doentes com fibromialgia (força de recomendação B). Este perfil positivo não é sustentado por significância estatística. É necessário realizar novos estudos, mais robustos, com estrutura e metodologia mais específicas, claras e consensuais, de forma a chegar a conclusões de qualidade.

^lpt^a

Introduction:

Fibromyalgia is a chronic rheumatological syndrome, of unknown aetiology, defined as widespread pain and a multiplicity of symptoms. Its treatment remains an important challenge. Some antipsychotic drugs, such as quetiapine, have been studied and used in this syndrome as adjunctive therapy. However, there is still controversy regarding their effectiveness and safety. The aim of this paper was to assess the efficacy, tolerability, and safety of quetiapine in adults with fibromyalgia.

Methods:

The articles were obtained through bibliographic research on different scientific platforms using the MeSH terms ‘quetiapine’ and ‘fibromyalgia’. Studies were included according to the following PICOS model criteria: (P) adults diagnosed with fibromyalgia; (I) therapeutic plan using quetiapine; (C) placebo or another type of comparator; (O) symptom relief and tolerability and safety profiles; (S) systematic reviews and randomized controlled clinical trials. The Strength of Recommendation Taxonomy scale from the American Academy of Family Physicians was used to assess levels of evidence and to assign the strength of recommendation.

Results:

From the 66 articles initially found, three randomized controlled trials were included. Although most studies reported somewhat heterogeneous and inconsistent results, they seem to present some advantages in symptom control with quetiapine. However, there is no robust evidence to prove an unequivocal benefit. The authors reported good tolerance and the absence of severe adverse effects with its use.

Conclusions:

Current evidence is of poor quality, non-bias free, and difficult to generalize, despite being apparently favourable to some symptom relief in patients with fibromyalgia (strength of recommendation B). This positive profile is not supported by statistical significance. Adverse effects may limit its clinical usefulness. New studies with more specific, clear, and consensual structures and methodology are needed in order to reach quality conclusions.

^len

: .

        · | |     · |     · ( pdf )