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Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

 ISSN 2182-5173

MEDEIROS, Ana Beatriz    TEIXEIRA, Joana. Motivar o doente: um trunfo esquecido na adesão ao tratamento?. []. , 38, 3, pp.322-327.   30--2022. ISSN 2182-5173.  https://doi.org/10.32385/rpmgf.v38i3.13325.

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A motivação do doente tem conhecidas implicações no seu processo de adesão ao projeto terapêutico. Na prática clínica, a parca motivação do utente dificulta a sua proatividade. Consequentemente, interfere negativamente com o cumprimento da medicação ou a adoção de estilos de vida saudáveis, prejudicando a abordagem de diversas patologias, sobretudo das crónicas. De um modo geral, os estudos revelam que a motivação do utente é um conceito largamente utilizado pelos profissionais de saúde, embora com uma definição imprecisa. Maioritariamente é encarada como um traço caracterial, que se traduz na dicotomia entre doente motivado/doente desmotivado, com um enviesamento para a segunda categorização. Esta perspetiva deposita apenas do lado do doente a capacidade da mudança, com consequências negativas para ambos os intervenientes da relação médico-doente. Porém, desde a publicação do Modelo da Entrevista Motivacional (EM), na década de 1980, têm sido documentadas técnicas específicas para aceder ao estado motivacional dos doentes, com vista à sua modificação. Tradicionalmente aplicados às perturbações de uso de substâncias, estes modelos têm mostrado benefício em diversos programas reabilitativos de doenças crónicas. O entendimento do estado motivacional do utente enquanto percurso dinâmico, permeável à modificação externa e passível de modelação por parte do profissional de saúde, aliado ao treino de competências nesta área, poderá melhorar prognósticos, aumentar a satisfação do utente e do profissional e reduzir gastos financeiros nos sistemas de saúde.

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A patient’s motivation has known implications for the process of therapeutic’s adherence. In clinical practice, the patient’s weak motivation difficults his proactivity. Consequently, it interferes negatively with behaviours such as compliance with medication or adoption of healthy lifestyles, impairing the approach to various chronic pathologies. In general, studies reveal that patient motivation is a concept widely used by health professionals, albeit with an imprecise definition. Mostly, it is seen as a characteristic trait, translating into the dichotomy between motivated patients/and unmotivated patients, with a bias towards the second categorization. This perspective places the capacity for change only on the patient's side, with negative consequences for both actors in the doctor-patient relationship. However, since the publication of the Motivational Interviewing Model, in the 1980s, specific techniques have been documented to assess patients' motivational status, in order to modify them. Traditionally applied to substance use disorders, these models have shown benefit in several chronic illnesses’ rehabilitative programs. Understanding a patient’s motivational state as a dynamic path, permeable to external modification and subject to control by the health professional, combined with the training of skills in this area, can improve prognoses, increase patients’ and health professional’s satisfaction, and reduce health systems’ costs.

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