38 4 
Home Page  

  • SciELO

  • SciELO


Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

 ISSN 2182-5173

SANTOS, Catarina Neves    CHAMBEL, Beatriz. Associação entre a realização de interrupção voluntária da gravidez e a tipologia de cuidados de saúde primários: um estudo transversal. []. , 38, 4, pp.372-380.   31--2022. ISSN 2182-5173.  https://doi.org/10.32385/rpmgf.v38i4.13207.

^a

Introdução:

Melhor desempenho nos cuidados de planeamento familiar (PF) permitiria, teoricamente, reduzir as taxas de gravidezes indesejadas e, consequentemente, as interrupções voluntárias da gravidez (IVG).

Objetivos:

Verificar a existência de associação entre fatores organizacionais dos cuidados de saúde primários (CSP) e o recurso à consulta de IVG do Hospital Beatriz Ângelo, na população de mulheres que a esta recorreu durante o ano de 2018.

Métodos:

Estudo observacional, analítico e transversal. Os dados foram colhidos da base de dados da consulta de IVG do ano 2018 e do Registo de Saúde Eletrónico. Foi realizada uma análise estatística descritiva e inferencial utilizando o programa SPSS®.

Resultados:

Cerca de 39,1% das mulheres que realizaram uma IVG pertenciam a uma UCSP, 38,3% a uma USF modelo A e 22,6% a uma USF modelo B, sendo que 21,5% não tinham médico de família (MF). Após ajuste dos dados verificou-se que as utentes de uma USF modelo B ou com MF realizaram significativamente menos IVG (p=0,009 e p=0,001, respetivamente). As utentes de USF modelo B tiveram mais consultas nos CSP (p<0,001) e utilizaram mais métodos contracetivos (p=0,022) nos 12 meses prévios à IVG. Também as mulheres com MF realizaram mais contraceção no ano anterior à IVG (p<0,001).

Conclusões:

O melhor acesso aos CSP e o maior uso de contraceção que se verificam entre as utentes de USF modelo B ou com MF associam-se a uma menor realização de IVG. Ter MF mas, principalmente, pertencer a uma USF modelo B revela-se protetor face à realização de IVG, evidenciando a necessidade de atribuir MF a toda a população, melhorar a acessibilidade aos serviços de PF e incentivar a autonomia organizacional ao nível dos CSP.

^lpt^a

Introduction:

Better performance in family planning (FP) care would, theoretically, reduce the rates of unwanted pregnancies and, consequently, the rates of voluntary terminations of pregnancy (VTP).

Aims:

To verify the existence of an association between organizational factors of primary health care (PHC) and the use of VTP consultation at Hospital Beatriz Ângelo, among the women who resorted to it in 2018.

Methods:

Observational, analytical, and cross-sectional study. Data were collected from the database of a VTP consultation in 2018 and the Electronic Health Record. Descriptive and inferential statistical analysis were performed using SPSS®.

Results:

About 39.1% of women who underwent a VTP belonged to a UCSP, 38.3% to a USF model A, and 22.6% to a USF model B, with 21.5% not having a family doctor (FD). After data adjustment, we found that users of USF model B or with FD had significantly less VTP (p=0.009 and p=0.001, respectively). USF model B users had more visits to PHC in the 12 months before the VTP (p<0.001) and used more contraceptive methods (p=0.022). Women with FD also used more contraceptive methods in the year before VTP (p<0.001).

Conclusions:

The better access to PHC and greater use of contraception that is observed among users of USF model B or women with FD are associated with the lower performance of VTP. Having FD but, mainly, belonging to a USF model B, is protective against the realization of VTP, highlighting the need to assign a FD to the entire population, improve accessibility to FP services and encourage organizational autonomy in the PHC setting.

^len

: .

        · | |     · |     · ( pdf )