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Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

 ISSN 2182-5173

SANTOS, Catarina Neves et al. Duração da consulta: fatores influenciadores e perspetivas de médicos e utentes - um estudo transversal. []. , 39, 6, pp.549-561.   31--2023. ISSN 2182-5173.  https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i6.13523.

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Introdução:

O tempo de consulta é um recurso fundamental e é determinante para a satisfação de médico e utente. Uma duração de consulta superior parece associar-se a maior satisfação por parte dos intervenientes e contribuir para uma melhoria da qualidade de vida nos utentes com multimorbilidade. Contudo, não existe evidência suficiente para afirmar que um aumento do tempo de consulta é benéfico para o utente e sabe-se que são vários os fatores que podem influenciar a sua duração.

Objetivos:

Avaliar a perceção dos utentes quanto à duração da consulta, comparar a opinião de médico e utente quanto à adequação da duração e satisfação com a consulta e identificar fatores que influenciam a duração da mesma.

Método:

Estudo transversal, com componente quantitativa e qualitativa de design convergente. Para obter dados representativos da unidade em estudo, calculou-se uma amostra de 380 consultas médicas presenciais. Foram entregues questionários anónimos a médicos e utentes após o término da consulta. Realizou-se uma análise estatística descritiva e inferencial e uma análise temática dos dados qualitativos.

Resultados:

Estudaram-se 403 consultas. Os utentes percecionaram uma duração de consulta superior à real (p<0,001) e consideraram a duração como adequada numa proporção superior à dos médicos (p<0,001). A satisfação dos utentes foi maior com consultas mais longas (p=0,004), enquanto os médicos reportaram maior satisfação com durações intermédias (p<0,001). Consultas realizadas pelo médico de família ou por médicos do sexo feminino (p<0,001), utentes com mais problemas crónicos (p=0,006) e a abordagem de mais problemas na consulta ou de um novo problema em contexto de consulta programada (p<0,001) associaram-se a tempos de consulta superiores.

Conclusões:

A duração da consulta tem um papel importante na satisfação dos seus intervenientes. A autonomia das unidades e dos profissionais para adaptarem os tempos de consulta em determinados contextos poderia aumentar a satisfação de médicos e utentes.

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Introduction:

Consultation time is a fundamental resource and is crucial for doctor and patient satisfaction. A longer consultation time seems to be associated with greater satisfaction for both patients and doctors and contributes to an improvement in the quality of life of patients with multimorbidity. However, there is not enough evidence to say that an increase in consultation time is beneficial for patients and there are several factors that can influence its length.

Aims:

Assess patients’ perception of consultation time, compare the opinion of doctors and patients regarding the adequacy of the length and satisfaction with the consultation, and identify factors that influence the consultation time.

Methods:

Cross-sectional mixed-methods study with a convergent design. To obtain representative data from the health care centre under study, a sample of of 380 face-to-face medical consultations was calculated. Anonymous questionnaires were given to doctors and patients after the consultation. A descriptive and inferential statistical analysis and a thematic analysis of the qualitative data were performed.

Results:

We studied 403 consultations. Patients perceived a longer duration of the consultation than the time measured (p<0.001) and considered the duration as adequate in a higher proportion than doctors (p<0.001). Patients’ satisfaction was higher with longer consultations (p=0.004), while physicians reported greater satisfaction with consultations of intermediate duration (p<0.001). Consultations carried out by the family doctor or by female doctors (p<0.001), patients with more chronic problems (p=0.006) and the approach of more problems in the consultation or of a new problem in a scheduled consultation (p<0.001) were associated with higher consultation times.

Conclusions:

The consultation time plays an important role in the satisfaction of both patients and doctors. The autonomy of health units andprofessionals to adapt consultation times in certain contexts could increase the satisfaction of doctors and patients.

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