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Revista Crítica de Ciências Sociais

 ISSN 2182-7435

GJERGJI, Iside. O Egito em tempo de revolução: As lutas dos trabalhadores antes e depois das revoltas de 2011. []. , 103, pp.81-110. ISSN 2182-7435.  https://doi.org/10.4000/rccs.5544.

^lpt^aOs comentaristas ocidentais chamaram à revolução egípcia uma revolução-Facebook, ou seja, um fenómeno sociopolítico instigado (sobretudo através das redes sociais) essencialmente por jovens da classe média e com um nível elevado de instrução, que reivindicavam reformas democráticas de tipo ocidental. Desta imagem de postal ilustrado falsamente revolucionário foram apagadas as raízes socioeconómicas da revolta egípcia de 2011. Consequentemente, fica quase a ideia de que a inaudita vaga de protestos de natureza laboral dos últimos três anos terá surgido do nada, dando-se por isso pouca atenção ao papel dos trabalhadores no levantamento de 2011. O presente artigo sustenta que no cerne da revolta egípcia estão fatores socioeconómicos, e nessa perspetiva ele pretende contribuir com alguns passos fundamentais no sentido de se considerar que o crescente movimento operário egípcio é um elemento primacial do processo revolucionário a longo prazo.^len^aWestern commentators have referred to the Egyptian revolution as a Facebook-revolution, i.e. a social and political phenomenon mostly instigated (basically through social media) by middle-classes and highly-educated young people calling for Western democratic (and, ça va sans dire, pro-market) reforms. This untrue revolutionary postcard have been erased the underlying socioeconomic roots of the 2011 Egyptian uprising. As a consequence, the unprecedented wave of labour protests over the last three years almost seems to come out of the blue and, moreover, the Egyptian workers’ role in the 2011 upheaval receive little attention. This paper argues that socioeconomic factors are at the very heart of the Egyptian uprising and, in this perspective, it aims to contribute some essential aspects in considering the rising Egyptian labour movement as a key actor in a long-term revolutionary process.^lfr^aLes commentateurs occidentaux qualifièrent la révolution égyptienne de révolution-Facebook, c’est à dire, un phénomène sociopolitique essentiellement instigué (surtout à travers des réseaux sociaux) par de jeunes de la classe moyenne ayant un taux d’instruction élevé et qui revendiquaient des réformes démocratiques de type occidental. Les racines socioéconomiques de la révolte égyptienne de 2011 furent effacées de cette image de carte postale faussement révolutionnaire. Par conséquent, on a presque l’impression que l’incroyable vague de protestations intimement liée au monde du travail des trois dernières années aurait surgi du néant. Raison pour laquelle si peu d’attention fut accordée au rôle des travailleurs dans le soulèvement de 2011. Dans le présent article, il est soutenu que des facteurs socioéconomiques sont au cœur de la révolte égyptienne et, dans cette mesure, il vise à contribuer, en franchissant quelques pas fondamentaux, à l’idée que le mouvement ouvrier égyptien en croissance est un élément primordial du processus révolutionnaire à long terme.

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