32 
Home Page  

  • SciELO

  • SciELO


Comunicação e Sociedade

 ISSN 1645-2089 ISSN 2183-3575

FAUSTINO, Maria João. Pigmalião digital: a construção simbólica e visual do feminino na revista online CoverDoll. []. , 32, pp.231-249. ISSN 1645-2089.  https://doi.org/10.17231/comsoc.32(2017).2759.

^lpt^aPartindo da moldura teórica do ciberfeminismo, e questionando a construção da visualidade no contexto digital e a dimensão de género que a baliza, o presente estudo centra-se na análise dos conteúdos imagéticos e linguísticos publicados na CoverDoll, revista online dedicada às sex dolls. O mito de Pigmalião é proposto como dispositivo hermenêutico na análise da CoverDoll, já que os mecanismos de simulação de uma subjetividade parecem reproduzir o mesmo fundo simbólico: o feminino ficcionado surge numa condição de alteridade, como produto do masculino criador. A nossa análise aponta para continuidades simbólicas e convenções estéticas que permanecem apesar das disrupções técnicas. A construção visual do feminino nas produções fotográficas da revista prolonga mecanismos operantes na tradição da pintura descritos por John Berger: o feminino retratado dirige-se a um voyeur masculino, ausente da imagem. A câmara é na CoverDoll sucedânea do espelho enquanto dispositivo de construção do feminino narcísico: pelas múltiplas referências à camara, a pretensa vaidade feminina surge como artifício de ocultação do voyeur masculino. Os conteúdos imagéticos convergem para a erotização e espectacularização do corpo feminino, tratando-o como objeto visual e traduzindo uma visão padronizada de beleza. As narrativas ficcionais articulam estereotipias do feminino: frivolidade, sedução e cuidado.^len^aThis study aims to question and problematize the construction of gendered meanings and visual codes in the digital context. Rooted in the theoretical framework of cyberfemism, it analyzes the visual and linguistic content of CoverDoll, a monthly e-zine thematically devoted to sex dolls. The Pygmalion myth is proposed as the symbolic framework of CoverDoll, since the linguistic and pictorial devices that support a simulated subjectivity seem to reproduce its main backdrop: the feminine is constructed as alterity and a product of male desire. The analysis of CoverDoll's portfolio and fictional discourses suggests the persistence of symbolic and aesthetical conventions despite technological ruptures. The operating mechanisms in the tradition of painting described by John Berger seem resiliently translated into the visual construction of the feminine in CoverDoll: the portrayed feminine figure addresses a masculine voyeur which is absent from the picture. The camera replaces the mirror as a symbolic device of the projected female's narcissism, as the multiple references to the camera in the fictional discourses forge the idea of female vanity. The images displayed overall eroticize and objectify the artificial female bodies. The fictional narratives mobilize and intertwine a set of stereotypes that associate femininity with futility, seduction and caring.

: .

        · | |     · |     · ( pdf )

 

Creative Commons License All the contents of this journal, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution License