21 39 
Home Page  

  • SciELO

  • SciELO


Media & Jornalismo

 ISSN 1645-5681 ISSN 2183-5462

CORREIA, Ariana Pinto    NEVES, Sofia. Narrativas mediáticas sobre o femicídio na intimidade em Portugal. []. , 21, 39, pp.229-245.   31--2021. ISSN 1645-5681.  https://doi.org/10.14195/2183-5462_39_12.

^a

O presente artigo caracteriza o femicídio na intimidade em Portugal, na forma consumada e tentada, a partir da análise das narrativas mediáticas publicadas no jornal Correio da Manhã e no Jornal Público, entre 2000 e 2017. O corpus de análise, constituído por 853 peças noticiosas, corresponde a 644 casos de femicídio na intimidade. A partir de uma análise triangulada dos dados, ou seja, com recurso a uma análise quantitativa e qualitativa, emergiram diferenças na forma e conteúdo de ambos jornais, que se acentuaram na última década. Enquanto o jornal Correio da Manhã tende a narrar os crimes como reações passionais e imprevisíveis, associadas aos ciúmes e não aceitação da separação, recorrendo a narrativas paralelas que desresponsabilizam o perpetrador, o jornal Público apresenta, tendencialmente, o crime de forma contextualizada. Esta polarização, além de desconectada das diretrizes preconizadas pela Convenção de Istambul (2011), contribui para uma construção social do crime enviesada, com efeitos não só na opinião pública, mas nas vítimas e pessoas agressoras na intimidade.

^lpt^a

This investigation paper intends to characterize intimate partner femicide in Portugal, in the attempted and consummated form, starting from media narratives analysis published in Portuguese newspapers Correio da Manhã and Público, between years 2000 and 2017. The analysis corpus, consisting of 853 news, corresponds to 644 intimate partner femicide cases. Departing from a triangulated data analysis, meaning that quantitative and qualitative analysis had been made, a clear distinction from both newspapers has emerged in its form and content, accentuated in the past decade. Therefore, while Correio da Manhã tends to narrate the crimes as passionate and unpredictable, associated with jealousy and the non-acceptance of the separation, appealing to parallel narratives that exonerates the perpetrator, Público tends to present the crime in a contextualized way. This mediatic polarization, besides disconnected from Istambul Convention guidelines (2011), contributes to a skewed social construction of intimate partner femicide, with effects not only in public opinion, but in intimate partner violence victims and offenders.

^len

: .

        · | |     · |     · ( pdf )