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Revista Portuguesa de Imunoalergologia

 ISSN 0871-9721

GASPAR, Ângela et al. Anafilaxia em Portugal: 10 anos de Registo Nacional da SPAIC 2007-2017. []. , 27, 4, pp.289-307. ISSN 0871-9721.

^lpt^aIntrodução: A anafilaxia é a forma mais grave de doença alérgica; no entanto, a real prevalência em diferentes grupos populacionais é incerta por ausência de registos adequados desta entidade potencialmente fatal. Objetivos: Contribuir para melhorar o conhecimento epidemiológico e a abordagem da anafilaxia no nosso país. Métodos: Durante um período de 10 anos (2007 a 2017) foi implementado um sistema de notificação nacional de anafilaxia focalizado na notificação voluntária por clínicos com diferenciação em patologia imunoalérgica. Foram incluídas notificações de anafilaxia de 1783 doentes. Foi efetuada caracterização detalhada sobre etiopatogenia, manifestações e abordagem clínica em idade pediátrica e adultos. Resultados: A média de idade foi de 32,7±20,3 anos, 30% com idade inferior a 18 anos e 10% de idade pré-escolar. A relação de género feminino/masculino foi de 1,4. A maioria (68%) tinha antecedentes pessoais de doença alérgica, 33% com asma. A média de idade do primeiro episódio foi de 27,5±20,4 anos (com variação entre 1 mês e 88 anos). As principais causas da anafilaxia foram os alimentos (48%), os fármacos (37%), primeira causa nos adultos, e os venenos de himenópteros (7%). Os principais alimentos foram o marisco (crustáceos e/ou moluscos) 27%, frutas frescas 17%, leite 16%, frutos secos 15%, peixe 8%, ovo 7%, amendoim 7% e sementes 3%. Os principais fármacos foram os AINE, 43%, os antibióticos, 39%, e os agentes anestésicos, 6%. Outras causas identificadas foram a anafilaxia induzida pelo exercício, 3%, a anafilaxia induzida pelo látex, a anafilaxia induzida pelo frio e a anafilaxia idiopática, 2%, entre outras. Houve predomínio de manifestações mucocutâneas (96%), seguido de respiratórias (82%) e cardiovasculares (36%). A maioria dos doentes (80%) foi admitida em serviço de urgência, sendo que apenas 43% recebeu tratamento com adrenalina. Ocorreu recorrência da anafilaxia em 41% dos doentes (com ≥ 3 episódios de anafilaxia em 21%), tendo sido o dispositivo autoinjetor de adrenalina utilizado por 7% dos doentes. Conclusões: Os alimentos foram a causa mais frequente de anafilaxia em Portugal, sobretudo em idade pediátrica. Os fármacos foram os principais desencadeantes de anafilaxia na idade adulta. Destaca-se o subtratamento com adrenalina e a recorrência de anafilaxia, apontando para a necessidade de serem implementadas medidas estratégicas e educativas de forma a melhorar a abordagem diagnóstica e terapêutica da anafilaxia.^len^aBackground: Anaphylaxis is the most severe manifestation of an allergic disease. However, the actual prevalence in different population groups is uncertain due to the lack of adequate records of this potentially fatal entity. Objectives: Contribute to the improvement on epidemiological knowledge and anaphylaxis management in our country. Methods: Over a 10-year period (2007-2017) a national anaphylaxis reporting system was implemented, focused on voluntary reporting by clinicians with differentiation in immuno-allergic diseases. Reports of anaphylaxis from 1783 patients were included. Detailed characterization of etiopathogenesis, manifestations and clinical approach was performed in pediatric and adult ages. Results: The average age was 32.7±20.3 years, with 30% under 18 and 10% of preschool age. The female / male gender ratio was 1.4. Most (68%) had a personal history of allergic disease, 33% with asthma. The average age of the first episode was 27.5±20.4 years (ranging from 1 month to 88 years). The main causes of anaphylaxis were food (48%), drugs (37%) (the first cause in adults) and hymenoptera venom (7%). The main foods were shellfish (crustaceans and/or mollusks) 27%, fresh fruits 17%, milk 16%, tree nuts 15%, fish 8%, egg 7%, peanut 7% and seeds 3%. The main drugs were NSAID 43%, antibiotics 39% and anesthetic agents 6%. Other causes identified were exercise-induced anaphylaxis 3%, latex-induced anaphylaxis, cold-induced anaphylaxis and idiopathic anaphylaxis 2%, among others. There was a predominance of mucocutaneous (96%) manifestations, followed by respiratory (82%) and cardiovascular (36%) manifestations. Most patients (80%) were admitted to the emergency department, and only 43% received epinephrine treatment. Anaphylaxis recurred in 41% of patients (21% with ≥ 3 episodes of anaphylaxis). The adrenaline autoinjector device was used by 7% of patients. Conclusions: Food was the most frequent cause of anaphylaxis in Portugal, especially at pediatric age. Drugs were the main triggers of anaphylaxis in adults. We highlight the undertreatment with epinephrine and the recurrence of episodes, pointing to the need to implement strategic and educational measures to improve the therapeutic and diagnostic approach of anaphylaxis

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