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Vista. Revista de Cultura Visual

 ISSN 2184-1284

CAMANHO, Luís; CARNEIRO, José    MARQUES, Susana Lourenço. Armando de Almeida. Lição de Resistência na Cultura de Corrida Portuguesa. []. , 13, e024003.   30--2024. ISSN 2184-1284.  https://doi.org/10.21814/vista.5525.

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Em março de 1913, Armando de Almeida venceu a maratona da “Semana Desportiva” do jornal O Mundo. Em maio do mesmo ano repetiu a proeza ao vencer a maratona dos Jogos Olímpicos Nacionais, na altura, a mais importante competição de atletismo no país. Por essas vitórias, é considerado o campeão nacional da maratona para o ano de 1913 pela Federação Portuguesa de Atletismo. Recordemos que a Federação Portuguesa de Atletismo só existe formalmente desde 1921. É, conjuntamente, num contexto de grande perturbação político-social e num ecossistema elitista, programaticamente desestruturado, que Armando de Almeida se destaca do grupo matricial de atletas que tomavam parte nestas novas formas de lazer e demonstrações de cultura de massas - as corridas pedestres de longa distância. A sua presença ativa na cultura de corrida da metrópole é contemporânea com a origem e constituição do movimento negro (1911-1933) - pioneiro no combate político antirracista em Portugal.

Neste texto, que tem como ponto de partida o resgate de fotografias e narrativas dos primórdios da história e da memória do atletismo português, procuramos biografar Armando de Almeida, num exercício simultâneo de empatia e militância como contributo para o debate, contrariando invisibilidades consequentes de negligências historiográficas. Tentamos, também, reconstituir a possibilidade de articulação entre os percursos emancipatórios do atleta com a organização de movimentos políticos e sociais no tumultuoso momento histórico da Primeira República, numa capital de império colonial, com expressiva presença de pessoas afrodescendentes, esse fenómeno histórico plurissecular.

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In March 1913, Armando de Almeida won the "Semana Desportiva" (Sports Week) marathon organised by the newspaper O Mundo. In May of the same year, he repeated the feat by winning the marathon at the National Olympic Games, then the most important athletics competition in the country. For these victories, he is considered the national marathon champion for 1913 by the Federação Portuguesa de Atletismo (Portuguese Athletics Federation). It is worth noting that the Federação Portuguesa de Atletismo only formally existed in 1921. Against the backdrop of significant political and social upheaval and within an elitist and largely unstructured ecosystem, Armando de Almeida stood out among the core group of athletes participating in these new forms of leisure and mass cultural demonstrations - long-distance pedestrian races. His active involvement in the running culture of the metropolis coincided with the emergence and growth of the Black movement (1911-1933) - which pioneered political activism against racism in Portugal.

This text delves into the recovery of photographs and narratives from the early days of Portuguese athletics, aiming to biograph Armando de Almeida. Through an exercise of empathy and activism, it contributes to the debate, counteracting historical oversights and invisibilities. Additionally, it attempts to reconstruct the connections between the athlete's emancipatory endeavours and the organisation of political and social movements during the turbulent period of the First Republic. Set in the capital of a colonial empire with a notable presence of people of African descent, it explores this centuries-old historical phenomenon.

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