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Nascer e Crescer
versão impressa ISSN 0872-0754
Nascer e Crescer vol.24 supl.2 Porto dez. 2015
RESUMO DAS COMUNICAÇÕES ORAIS / ORAL PRESENTATIONS - ABSTRACTS
CO_13
Quando o diagnóstico é tardio
Ana Lachado1; Telma Barbosa2; Carmen Cardoso1; Ana Beatriz3; Ana Ramos2
1 Serviço de Pediatria, Centro Materno-infantil do Norte, Centro Hospitalar do Porto
2 Unidade de Pneumologia Pediátrica, Centro Materno-infantil do Norte, Centro Hospitalar do Porto
3 Serviço de Radiologia, Centro Hospitalar do Porto
Introdução: Numa criança com antecedentes de episódios de tosse persistente/recorrente, infeções respiratórias e alterações gastrointestinais mesmo sem má evolução ponderal é importante excluir algumas doenças sistémicas que afetam alguns órgãos ou sistemas em particular.
Caso Clínico: Criança de 9 anos, referenciado à consulta por hipocratismo digital e suspeita de fibrose quística. História familiar de atopia e doença de Crohn. Antecedentes pré-natais/ parto: IG IP, gestação vigiada e parto de termo, com Apgar 9/10 e somatometria AIG. Desde o nascimento com dejeções brilhantes e moles, mantendo média de 4 dejeções diarreicas/dia na data atual.
Evolução ponderal até aos 15 meses no P10 e desde os 8 anos no P5 e estatural no P25.
Antecedentes de bronquiolite aguda no 1º ano de vida e pneumonia aos 2 anos, sem necessidade de internamento. Referência a tosse persistente, matinal, sem melhoria com corticoide inalado.
Ao exame objetivo apresentava bom estado geral, IMC 15 Kg/m2, deformidade torácica e hipocratismo digital. AP com crepitações teleinspiratórias bilaterais.
Radiografia de tórax com hiperinsuflação pulmonar bilateral e marcas lineares em carril bilateralmente sugestivas de bronquiectasias.
Dos exames auxiliares de diagnóstico realizados destaca-se prova de suor positiva e elastase fecal diminuída, compatível com insuficiência pancreática grave. Tomografia computorizada dos seios peri-nasais sem lesões, nomeadamente polipoides, e pulmonar com bronquiectasias cilíndricas centrais. Estudo genético identificou a deleção F508 em homozigotia.
Conclusões/Comentários: A fibrose quística é a doença autossómica recessiva mais frequente na raça caucasiana, com incidência de 1:2000-3000 em determinados países e por vezes ainda subdiagnosticada.
A apresentação clínica desta doença é variada. Com este caso clínico, os autores pretendem alertar para a necessidade de pensar em fibrose quística na presença de sintomas mais leves ou menos frequentes, uma vez que precocidade do diagnóstico é essencial para um melhor prognóstico. Realça-se a importância de um exame objetivo pormenorizado e adequada valorização das alterações identificadas.