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Nascer e Crescer
versão impressa ISSN 0872-0754
Nascer e Crescer vol.25 supl.2 Porto dez. 2016
RESUMO DOS POSTERS
PO16_17
RGE e BRUE: uma associação por vezes óbvia mas difícil de estabelecer
Cláudia João Lemos1; Liliana Teixeira1; Mónica Tavares1; Gisela Silva1; Ana Ramos1
1 Serviço de Pediatria do Centro Materno Infantil do Norte, Centro Hospitalar do Porto
Introdução: Os episódios de BRUE (Brief Resolved Unexplained Events) combinam sintomas como apneia, alterações da coloração, do tónus muscular ou do estado de consciência em lactentes. Embora o refluxo gastro-esofágico (RGE) seja por vezes a causa dos episódios de BRUE, esta relação é muitas vezes difícil de estabelecer.
Caso Clínico: Lactente com 2 meses e meio de vida, de termo, com período perinatal sem intercorrências e com história familiar negativa para síndrome de morte súbita do lactente, convulsões ou epilepsia. Sob aleitamento materno exclusivo e com episódios prévios de regurgitação. Duas semanas antes da admissão hospitalar apresenta episódio caracterizado por hipotonia generalizada associada a palidez cutânea e cianose labial após vómito alimentar, com duração <1min e recuperação após estimulação táctil. Nessa altura, efectuou estudo analitico (sérico e urinário) bem como exames imagiológicos (radiografia torácica e ecografia abdominal) que não revelaram alterações relevantes e teve alta com o diagnóstico provável de BRUE em contexto de RGE. No dia da admissão é internada por ter apresentado três episódios recorrentes de arreactividade associados a hipotonia, palidez e reversão ocular, com duração de segundos e recuperação entre eles, que ocorreram cerca de 20-40 min após a mamada, sem exteriorização aparente de conteúdo alimentar, e reverteram após estimulação materna. O exame objectivo era irrelevante e novamente o estudo analítico (incluíndo o exame citoquímico do líquido cefalo-raquiadiano) não demonstraram alterações valorizáveis. A avaliação por Cardiologia Pediatrica, Neuropediatria e Doenças Metabólicas excluiu estas eventuais etiologias para os episódios recorrentes de BRUE. A impedância-pHmetria esofágica (24h) realizada ainda em regime de internamento permitiu estabelecer uma relação entre os episódios de refluxo e os episódios de dessaturação. Dada a evolução favorável apenas com as medidas posturais anti-refluxo e a possibilidade de estabelecimento de diagnóstico com consequente tranquilização parental, a doente teve posteriormente alta e foi orien- tada para a consulta de Gastroenterologia Pediátrica.
Discussão: O RGE é muito comum na infância e historicamente tem sido muitas vezes associado aos episódios de BRUE. Na suspeita de relação entre episódios de BRUE e RGE, a combinação da impedância com a pHmetria esofágica pode ajudar a estabelecer esta relação.