O cancro da mama é o principal tipo de cancro mais frequentemente diagnosticado nas mulheres em Portugal.1 Apresenta uma incidência de aproximadamente 2 milhões de casos por ano em todo o mundo, e representa a principal causa de morte por neoplasia no sexo feminino.2 O atingimento ósseo, hepático e pulmonar são as formas mais comuns de doença metastática.3 Quando ocorre metastização óssea, mais frequentemente ocorre metastização múltipla sendo os locais mais frequentes a coluna vertebral e os ossos longos.4
Apresenta-se o caso de uma doente de 76 anos de idade, previamente autónoma que foi referenciada ao Serviço de Urgência pelo Médico de Família por lesão intra-axial temporal direita, observada em tomografia computorizada crânio-encefálica, solicitada em contexto de desequilíbrio com mais de um ano de evolução. Ao exame objectivo destacava-se exame neurológico perfeitamente normal. Foi internada para estudo de lesão ocupante de espaço.
A ressonância magnética crânio-encefálica revelou lesões nodulares parenquimatosas rodeadas de edema vasogénico, em topografia periventricular lateral direita, parietal posterior esquerda, frontal direita e cerebelosa inferior esquerda; a nível da calote, na região parietal direita, uma outra lesão com erosão cortical óssea e associado componente tecidular tumoral epicraniano e intracraniano epidural (Fig.s 1- A, B e Fig.s 2 - C).
A cintigrafia óssea mostrou hipercaptação a nível da calote craniana, não se detetando alterações significativas em outras regiões do esqueleto.
A tomografia toraco-abdomino-pélvica revelou múltiplas lesões pulmonares nodulares dispersas em todos os segmentos, volumosas adenopatias axilares direitas e, no quadrante supero-interno da mama direita foi detectada volumosa massa de 50 mm, de contornos bosselados, algo espiculados, compatível com provável neoplasia (Fig. 2 - D). Esta última lesão foi, então, submetida a biópsia que identificou carcinoma mamário invasivo.
Após o diagnóstico e estadiamento a doente foi orientada para Oncologia, tendo sido submetida a radioterapia holocraneana a título paliativo.
Apesar do quadro clínico tão fruste, tendo em conta o estadio avançado da doença, após cerca de 6 meses a doente faleceu.