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Etnográfica
versão impressa ISSN 0873-6561
Resumo
DE LUCA, Francesca. “Deus foi o primeiro anestesista”: a obstetrícia e a dor em Lisboa, na viragem do século XX. Etnográfica [online]. 2018, vol.22, n.3, pp.619-642. ISSN 0873-6561. https://doi.org/10.4000/etnografica.5989.
Analisa-se, neste artigo, a forma como a gestão da dor no parto surgiu na prática e na literatura obstétrica e como afetou a constituição de uma nova epistemologia. A partir de uma pesquisa de arquivo de artigos biomédicos e teses, produzidas em Lisboa, entre a segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século XX, pretende-se focar o conhecimento biomédico, emergente e incerto, sobre a dor e o corpo em trabalho de parto, a agência do obstetra e o papel político da obstetrícia. A pesquisa faz parte de um estudo antropológico longitudinal, com uma abordagem da dor como locus onde se fundam afetividades, ontologias em mudança e biopolíticas. Em vez de considerar a dor como um fenómeno físico tido como certo, pretende-se traçar a sua materialização no contexto biomédico e histórico português específico, na viragem do século XX.
Palavras-chave : dor; parto; obstetrícia portuguesa; anestesia; clorofórmio.