Serviços Personalizados
Journal
Artigo
Indicadores
- Citado por SciELO
- Acessos
Links relacionados
- Similares em SciELO
Compartilhar
Etnográfica
versão impressa ISSN 0873-6561
Resumo
SILVA, Maria Cardeira da. Emoções sustentáveis: palcos e bastidores da escravatura na Ilha de Goré. Etnográfica [online]. 2021, vol.25, n.2, pp.437-464. Epub 25-Nov-2021. ISSN 0873-6561. https://doi.org/10.4000/etnografica.10388.
Mais do que meramente simbólicos, os destinos do turismo de raízes, como a ilha de Goré (Senegal), são lugares onde se espera que a emoção despoletada pela escravatura seja experienciada e exibida. Para isso contribuem as múltiplas declarações da UNESCO, os depoimentos políticos de visitantes ilustres, as performances de artistas afro-americanos conhecidos e os comentários registados pelos turistas. O meu modesto argumento é que a ideia de comunidade internacional, baseada no princípio da universalidade dos direitos humanos é recriada e reencenada, através da convocação dos sentimentos para lugares como este. O regime global do património promovido pela UNESCO e por outras plataformas institucionais similares deve ser considerado o aparato mais persuasivo para a criação de um sentimento de pertença coletiva, ultrapassando fronteiras nacionais e difundindo uma ética liberal e formas de memória cosmopolita que já não são definidas em função da moldura dos estados-nação. A questão é que a ideia de comunidade internacional mobiliza para a sua construção os mesmos dispositivos imaginativos e exibicionários e o mesmo pressuposto pancultural das emoções que Anderson descreve para a ascensão das nações, embora paradoxalmente, se assuma como inter-nacional, feita de nações: uma metanação.
Palavras-chave : comunidade internacional; escravatura; turismo de raízes; ilha de Goré; emoções cosmopolita.