A qualidade de vida (QV) tem sido uma temática amplamente discutida e estudada por diversas áreas do conhecimento (Ali et al., 2018; Kalayasiri et al., 2018; Leithner et al., 2015; Uddin & Islam, 2019; Van Son et al., 2016; Young et al., 2019; Zhou et al., 2017). Devido à multidisciplinaridade que o conceito abarca, não existe uma caracterização única, sendo a mais utilizada e aceita, a que relaciona a qualidade de vida do indivíduo com a sua percepção das diversas dimensões relacionadas à saúde integral: física, psicológica, relações sociais e meio ambiente (The WHOQOL Group, 1995). Essa autopercepção tende a refletir vivências sociais, culturais e ambientais, bem como comportamentos de saúde (The WHOQOL Group, 1998), assim, compreende-se o valor multidimensional da QV para inúmeras áreas do conhecimento e para a promoção da saúde (Shudo & Yamamoto, 2017).
A qualidade de vida está intimamente relacionada com a satisfação geral que o indivíduo tem com a vida, seu bem-estar físico, social, emocional, mental, afetando diretamente a relação consigo mesmo e com o mundo (Organização Mundial da Saúde, OMS, 2002). Além disso, possibilita ter condições de identificar as aspirações pessoais, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente. Em consonância com o exposto, a promoção da saúde se apresenta como uma noção diretamente relacionada, na medida em que visa favorecer condições saudáveis e qualidade de vida às pessoas, reconhecendo que a saúde não é apenas ausência de doenças, mas o completo bem-estar físico, psíquico e social (OMS, 2013).Nessa perspetiva, a saúde deve ser vista como um recurso essencial para a vida, sendo um conceito positivo, que enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas (Andre et al., 2017). Logo, a promoção da saúde não é de responsabilidade exclusiva do setor da saúde, e vai muito além de um estilo de vida saudável, mas em direção a um bem-estar global (Andre et al., 2017; MS, 2002; Tobergte & Curtis, 1986).Dentre as diversas organizações intersetoriais promotoras da saúde, estão as universidades. Apesar destas, em grande parte, não assumirem ainda o desafio de serem agentes promotoras da saúde, tanto a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), como a OMS reconhecem sua relevância como instituições intersetoriais de saúde pública, sejam elas do setor privado ou público. O plano internacional da OMS é que as instituições de ensino superior incorporem a saúde em seu projeto, com o objetivo de propiciar melhor qualidade de vida para os universitários e colaboradores (Muñoz & Cabieses, 2008; Suárez-Reyes & Van den Broucke, 2016).
As universidades e instituições de ensino superior têm capacidade de gerar benefícios para si mesmas, para sua comunidade de discentes, colaboradores e suas famílias. Esses benefícios podem ser obtidos através do reconhecimento do valor da promoção da saúde à eficiência laboral; motivação para o ingresso de mais estudantes; incorporação de um estilo de vida mais saudável, diminuindo as faltas dos estudantes; construção de relacionamentos interpessoais harmoniosos: convivência social positiva; percepção de melhor qualidade de vida pelo estudante; e, principalmente, formação de profissionais plenos e íntegros (Arroyo & Rice, 2009; OMS, 2002; Pérez López, 2017). Ademais, ressalta-se que os jovens constituem população prioritária a ser alcançada pela promoção da saúde, visto o alto índice de comportamentos de risco e transtornos mentais, portanto, são essenciais pesquisas para compreender a eficácia das intervenções junto a esse público (Moran et al., 2017). O presente estudo objetivou analisar a percepção da qualidade de vida (QV) dos acadêmicos de uma instituição promotora da saúde, por seriação, verificando o efeito que a experiência ao longo das séries exerce sobre a QV.
Método
Trata-se de um estudo de caso, transversal, descritivo e analítico.
Participantes
Participaram 390 universitários, com idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos, constituindo uma amostra de 62,4% (n=625) dos alunos matriculados na instituição, do primeiro ao último ano da graduação, períodos matutino e noturno. A composição da amostra caracterizou-se como representativa e por conveniência.
Material
Para avaliação da qualidade de vida dos acadêmicos, foi utilizado o instrumento de avaliação da QV, da OMS - WHOQOL-bref (WHOQOL - abreviado): constituído por 26 perguntas, que contemplam os 4 domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. As questões do WHOQOL-bref são formuladas para respostas em “escalas tipo Likert, incluindo 05 escalas: intensidade (“nada” a “extremamente”), capacidade (“nada” a “completamente”), frequência (“nunca” a “sempre”) e avaliação (“muito insatisfeito” a “muito satisfeito”; “muito ruim” a “muito bom”). As pontuações de cada domínio foram calculadas numa escala de 0 a 100 e expressas em termos de médias, conforme preconiza o manual produzido pela equipe do WHOQOL, sendo que médias mais altas sugerem melhor percepção de QV (Fleck, 2005).
Para a caracterização do perfil sociodemográfico dos estudantes, foram incluídas as seguintes perguntas: sexo, idade, renda familiar, escolaridade do pai, escolaridade da mãe, graduação e ano que está cursando.
Procedimento
A pesquisa foi proposta para todos os alunos da Instituição de Ensino Superior (IES). Os estudantes, de todos os cursos e períodos acadêmicos, foram abordados em sala de aula, nos diferentes dias letivos de novembro de 2019. A pesquisa seguiu os critérios éticos que envolvem seres humanos recomendados pela resolução nº 466/12. O projeto foi analisado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UniCesumar (CAAE: 25287019.9.0000.5539/número do parecer: 3.702.302). Os participantes foram informados a respeito do caráter voluntário da pesquisa, bem como do sigilo dos dados e do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).
A pesquisa foi realizada em uma faculdade, pertencente a uma rede educacional mundial, privada, confessional e filantrópica. A instituição está localizada na região sul do Brasil e oferece regime de internato e externato para os acadêmicos, tendo como princípio norteador a educação integral dos universitários, investindo nas relações sociais, espiritualidade, contato com a natureza, prática esportiva e alimentação saudável. Possui espaço estruturado para a prática de atividade física: academia de ginástica, duas quadras de esportes, duas piscinas, pista de corrida e campo de futebol, assim como local de banho e troca de roupa, e bebedouros (IAP, 2021). Referente à clientela atendida, conta com uma multiplicidade cultural, tendo alunos internos de diversos países e estados brasileiros. O ensino superior oferece os cursos de administração, enfermagem, pedagogia, ciências contábeis, psicologia e teologia (IAP, 2021).
A análise foi realizada pelo Software IBM SPSS Statistics for Windows Software, versão 27 (IBM Corp., Armonk, NY, EUA). Os dados foram descritos pela média, desvio-padrão e por meio de tabelas de frequências simples e cruzadas. A comparação entre os escores dos domínios do WHOQOL por seriação foi testada por meio do teste de Kruskal-Wallis, seguido do teste de comparações múltiplas post hoc de Dunn. Considerou-se um nível de confiança de 95% (α = 0,05).
Resultados
Dos participantes, 50,51% eram do sexo feminino, com idade de 18 a 23 anos (65,89%). Quanto à escolaridade dos pais, 54,6% estudaram apenas até o ensino fundamental e 27,4% até o ensino médio (82%). Quanto à renda, 36% não contam com a renda dos pais, considerando apenas a própria renda para a manutenção. A renda média familiar variou em torno de R$3.965,44 (Quadro 1).
N | % | |
---|---|---|
Sexo | ||
Masculino | 193 | 49,49 |
Feminino | 197 | 50,51 |
Faixa etária | ||
18 anos | 105 | 26,92 |
19 a 23 anos | 152 | 38,97 |
24 a 30 anos | 88 | 22,56 |
Acima de 30 anos | 45 | 11,54 |
Renda familiar (R$) | ||
Até 1.355,20 | 142 | 36,41 |
2.710,41 a 6.776,00 | 199 | 51,03 |
6.776,01 a 10.841,60 | 33 | 8,46 |
Acima de 10.841,60 | 16 | 4,10 |
Escolaridade do pai | ||
Analfabeto | 39 | 10,00 |
Ensino Fundamental | 174 | 44,62 |
Ensino médio | 107 | 27,44 |
Superior | 54 | 13,85 |
Mestrado/Doutorado | 16 | 4,10 |
Escolaridade da mãe | ||
Analfabeto | 34 | 8,72 |
Ensino Fundamental | 152 | 38,97 |
Ensino médio | 108 | 27,69 |
Superior | 92 | 23,59 |
Mestrado/Doutorado | 4 | 1,03 |
Graduação | ||
Administração/contabilidade | 47 | 12,05 |
Enfermagem | 84 | 21,54 |
Pedagogia | 85 | 21,79 |
Psicologia | 48 | 12,31 |
Teologia | 126 | 32,31 |
Ano que está cursando | ||
1º ano | 149 | 38,21 |
2º ano | 116 | 29,74 |
3º ano | 58 | 14,87 |
4º ano | 67 | 17,18 |
No Quadro 2, observa-se a média, desvio padrão, mínimo e máximo dos domínios do instrumento WHOQOL-bref. Os domínios que apresentaram maiores médias foram o domínio físico (77,8) e o domínio relações sociais (72,0), seguidos dos domínios psicológico (70,4) e meio ambiente (68,2).
Domínios | Média | DP | Mínimo | Máximo | |
---|---|---|---|---|---|
Físico Psicológico Relações Sociais Meio Ambiente | 77,8 70,4 72,0 68,2 | 16,2 13,6 15,8 12,6 | 31,4 23,4 20,0 25,0 | 100,0 96,6 93,4 97,6 |
Os escores do WHOQOL mostraram que 53,8% (n=210) dos universitários apresentaram autopercepção de qualidade de vida regular, 33,9 % (n=132) qualidade de vida boa e apenas 12,3% (n= 48) necessidade de melhorar. Em seguida, analisou-se o grupo de alunos que mostraram necessidade de melhorar a qualidade de vida (n= 48), do 1º ano ao 4º ano, de graduação (Quadro 3).
Para essa avaliação, por ano da seriação, foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis, o que possibilitou a análise de variância em postos (neste caso, a seriação acadêmica). O teste de hipótese confirmou que existiam diferenças significativas entre os períodos acadêmicos. Esse teste estatístico possibilitou a comparação das amostras, independente de seus tamanhos diferentes. Observa-se que, no 1º ano da graduação, a porcentagem de alunos que precisam melhorar a QV foi maior e, conforme aumentou o período da graduação, diminuiu progressivamente, ano após ano, caindo de 45,83 (1º ano) para 6,26 % (4º ano).
Ano da graduação | N | % |
---|---|---|
1º ano | 22 | 45,83 |
2º ano | 13 | 27,08 |
3º ano | 10 | 20,83 |
4º ano | 3 | 6,26 |
Nota. Teste Kruskal-Wallis. *Estatísticas do teste (qui-quadrado=14,664/ grau de liberdade 3/ significância assintótico p=0,002).
A comparação da QV geral entre os escores dos domínios do WHOQOL por seriação foi testada por meio do teste de post hoc de Dunn (Quadro 4), que testou a hipótese nula de que as amostras possuem a mesma distribuição de qualidade de vida.
Amostra 1 -Amostra 2 | Estatística teste | Std. Erro | Erro est. Teste | Sig. | Sig. Aj. |
---|---|---|---|---|---|
1ºano-2ºano | - 7,785 | 13,958 | -0,558 | 0,577 | 1,000 |
1ºano-3ºano | - 46,802 | 17,446 | -2,683 | 0,007 | * 0,044 |
1ºano-4ºano | - 52,091 | 16,582 | -3,141 | 0,002 | * 0,010 |
2ºano-3ºano | - 39, 017 | 18,128 | -2,152 | 0,031 | 0,188 |
2ºano-4ºano | - 44,305 | 17,128 | -2,561 | 0,010 | 0,063 |
3ºano-4ºano | - 5,288 | 20,218 | -0,262 | 0,794 | 1,000 |
Nota. Teste de post hoc de Dunn. * Significância. São exibidas significâncias assintóticas, com nível de significância 0,05.
Os resultados do Quadro 4 mostraram que, a cada ano, os escores de qualidade de vida dos acadêmicos melhoraram, com índices estatisticamente significantes entre o 1º e 3º ano (p=0,044) e 1º e 4º ano (p=0,010). Verificou-se que, à medida em que o estudante progrediu na seriação, tendo mais tempo de vivência na instituição, ocorreu uma tendência ao aumento dos escores médios da qualidade de vida (domínios do WHOQOL-bref).
Discussão
A análise da qualidade de vida dos participantes deste estudo mostrou escores dos domínios da QV acima das médias de estudantes universitários identificadas em estudos anteriores (Al-Shibani & Al-Kattan, 2019; Chazan et al., 2015; Costa et al., 2018; Malibary et al., 2019; Moura et al., 2016; Zhang et al., 2012). Apenas 12,3% dos alunos apresentaram percepção de que precisam melhorar a QV.
Os domínios físico e relações sociais alcançaram os maiores escores, o que está de acordo com outros estudos que avaliaram a qualidade de vida de universitários, por meio do WHOQOL-bref (Chazan et al., 2015; Costa et al., 2018; Moura et al., 2016). Estudos identificaram que na fase universitária os jovens estão preocupados com a autoimagem e aparência (Andre et al., 2017; da Silva et al., 2018), o que pode explicar o índice maior no domínio físico. Outro domínio que se destacou na fase acadêmica foi o de relações sociais, com a maior média, após o domínio físico.
O domínio mais baixo na percepção da qualidade de vida de universitários, identificado em pesquisas anteriores, foi o meio ambiente (Chazan et al., 2015; Moura et al., 2016), o que vai ao encontro do resultado encontrado neste estudo. Infere-se que seja devido ao domínio meio ambiente conter variáveis ligadas a questões sociais e materiais, tais como: atendimento médico, meio de transporte, segurança.
Alunos cotistas e de baixa renda, são alunos que possuem as médias de qualidade de vida mais baixas (Chazan et al., 2015; Costa et al., 2018). Neste estudo foi identificado um aspecto pertinente da pesquisa, pois apesar da maioria dos alunos da instituição serem alunos bolsistas (instituição filantrópica), de baixa renda, e que não podem contar com o apoio financeiro dos pais. É possível inferir que a instituição de ensino possui papel relevante na vida dos acadêmicos, por meio das ações de promoção da saúde e oportunidade educacional que elevam significativamente os índices de qualidade de vida de sua população acadêmica, progressivamente, com o tempo de convivência, experiência e aprendizado, confirmando estudos que identificaram o benefício do apoio social para a promoção da saúde e qualidade de vida (Harrison et al., 2016; Nur et al., 2017; Tao et al., 2019).
Outro aspecto considerável para reflexão, é que ao melhorar a qualidade de vida do jovem acadêmico e contribuir para elevar o nível educacional familiar (uma pequena parcela dos pais tiveram a oportunidade de estudar até o ensino superior), a instituição de ensino promove a saúde e desenvolvimento da sociedade. A assistência social oferecida pela instituição estudada, mediante bolsas de estudos, promove educação e melhoria na qualidade de vida dos universitários e das famílias envolvidas. Essa prática vai ao encontro com a proposta de promoção da saúde em instituições de ensino superior, da OMS, a qual prevê ações que ultrapassem as delimitações físicas da instituição e alcancem positivamente os pais, a família e a comunidade (BRASIL, 2007; Yubero et al., 2018).
Estudos de qualidade de vida, comparando as seriações, identificaram que, à medida em que a seriação progride, reduzem os escores de qualidade de vida dos acadêmicos (Chazan et al., 2015; Zhang et al., 2012), resultado que difere desta pesquisa, que identificou uma melhoria significativa, conforme o avanço da graduação e tempo de curso. O resultado oposto, pode ocorrer devido ao alto nível de estresse identificado na graduação, afetando diretamente a saúde física e psicológica (M. Y. Kim & Kim, 2018; S. J. Kim & Yoo, 2016; Seo et al., 2018; Sivertsen et al., 2019). Logo, é possível inferir que o ambiente acadêmico, quando promotor da saúde contribui na qualidade de vida, apesar das possíveis adversidades acadêmicas.
O resultado da pesquisa contribui para identificar a eficácia dos Ambientes Saudáveis e da Universidade Promotora da Saúde, propostos pela Organização Mundial de Saúde. Foi constatado que os alunos melhoram a qualidade de vida, ano após ano, com a vivência no ambiente acadêmico analisado. Cabe salientar que a instituição de ensino superior em que o presente estudo foi desenvolvido possui em seus ideais e objetivos a educação integral do acadêmico, incluindo em seus programas e currículo conteúdos para o desenvolvimento social, físico, psicológico e espiritual. O resultado referente à qualidade de vida dos estudantes e à relação com a instituição de ensino, evidencia que apesar de ser apenas um dos ambientes de convívio dos jovens, pode contribuir significativamente para melhorar a qualidade de vida (Al-Shibani & Al-Kattan, 2019; Enns et al., 2016; Irribarra T. et al., 2018; Malibary et al., 2019).
Estudos como este são relevantes para despertar e promover a discussão de políticas públicas relacionadas aos estudantes do ensino superior. Também promove a reflexão sobre a necessidade da inclusão de programas acadêmicos voltados à assistência direta ou indireta da comunidade, objetivando contribuir para a melhoria da qualidade de vida. Ao serem cuidados e empoderados, os jovens acadêmicos poderão fazê-lo pelos outros, como cidadãos e profissionais mais completos (Colleges, 2015).
Conforme apresentado sobre o local da pesquisa na seção metodologia, a instituição de ensino superior analisada investe na área física do campus e em programações curriculares e extracurriculares, em áreas verdes com espaços sociais em meio à natureza, academia, ampla área esportiva, restaurante e lanchonetes que oferecem alimentos saudáveis, que proporcionam um ambiente promotor da saúde para a comunidade acadêmica. O olhar institucional mais amplo, de um ambiente promotor da qualidade de vida acadêmica, é uma necessidade que diversas pesquisas têm enfatizado. O ambiente acadêmico quando promotor da saúde pode formar profissionais e cidadãos capacitados, promotores da ética de cuidado, que respeitem a vida e o meio ambiente. Quando a instituição vai além, criando e oferecendo oportunidades para que a comunidade desenvolva maior conhecimento em saúde, resiliência, capacidade pessoal e habilidades, isso reflete na melhoria da qualidade de vida dos alunos, funcionários e professores (Alzahrani et al., 2019; Andreeva et al., 2016; Araújo et al., 2017; Costa et al., 2018).
A exploração do ambiente e a formação da identidade faz parte da juventude, o jovem é muito influenciado pela cultura que o cerca. O estilo de vida e decisões dos pares afetam o comportamento do estudante, por meio de mecanismos intrínsecos, baseados na identidade, e mecanismos extrínsecos, baseados nas normas. Assim, ao promover um ambiente saudável, estimular a aprendizagem de hábitos positivos e o desenvolvimento biopsicossocial na instituição de ensino, tem-se a possibilidade de influenciar a identidade e a norma social da comunidade (Moran et al., 2017; Volpp & Asch, 2017).
A cultura em que o jovem está inserido é norteadora para o seu comportamento pessoal. Promover uma cultura transformadora exige estratégia para alcançar a oportunidade de influência. Para o êxito desta transformação, faz-se necessária a consideração das ideias subculturais como ponto de partida, o que gera identificação e abre caminhos para que a mudança cultural aconteça. Isso ocorre, pois é facilitada a criação de vínculo e identificação com o ambiente educacional, assim o jovem tende a receber as intervenções como vindas de parte do seu grupo, diminuindo a probabilidade de rejeição da mudança sugerida (Volpp & Asch, 2017).
Considerando o exposto, são necessárias mais pesquisas para explorar o efeito da faculdade sobre a qualidade de vida dos estudantes, que identifiquem e promovam programas benéficos, direcionados para impactar a qualidade de vida, em vários pontos do currículo (Andre et al., 2017).
Os resultados obtidos neste estudo evidenciam diferenças significativas na QV de jovens acadêmicos que vivenciam a experiência de um ambiente promotor da saúde. Apesar das evidências, os resultados devem ser interpretados com precaução devido à dificuldade em estabelecer uma relação de causalidade direta, uma vez que se trata de um estudo de desenho do tipo transversal. Observou-se que o ambiente universitário, quando promotor da saúde, a despeito das condições desfavoráveis que possam existir, pode impactar positivamente para a melhoria da qualidade de vida dos estudantes.
Agradecimento
O presente estudo foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001 e do Programa Produtividade em Pesquisa do ICETI - Instituto Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Contribuição dos autores
Raquel Martins: Concetualização, Curadoria dos dados, Análise formal, Investigação, Metodologia, Redação do rascunho original, Redação - revisão e edição.
Eraldo Silva: Curadoria dos dados, Análise formal e análise estatística.
José Vicente: Curadoria dos dados, Análise formal e análise estatística.
Rute Grossi-Milani: Concetualização, Curadoria dos dados, Análise formal, Investigação, Metodologia, Administração do projeto, Supervisão, Redação do rascunho original, Redação - revisão e edição.