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Análise Social

versão impressa ISSN 0003-2573

Anál. Social  n.176 Lisboa out. 2005

 

O que as famílias fazem à escola... pistas para um debate

Ana Nunes de Almeida*

 

Este texto apresenta um olhar sobre as cumplicidades entre família e escola — as duas agências educativas, por excelência, das sociedades contemporâneas. E discute, acentuando analiticamente um dos seus sentidos, a relação entre ambas. Se se admite que a família como lugar de trabalho educativo tem estado arredada do campo (teórico e empírico) da sociologia da educação, e enquanto se assinala e lamenta, ao mesmo tempo, a sua demissão e perda de funções educativas em prol da escola, pretende-se aqui revigorar, ao contrário, a tese da cumplicidade histórica efectiva entre as realidades e as representações da família e da escola modernas, mas sobretudo defender a ideia de que «a família está dentro da escola». Acentuando unilateralmente o protagonismo do espaço familiar, propomo-nos demonstrar e ilustrar como a escola é profundamente tributária das heranças (desiguais) que a família transmite, da socialização familiar que se faz antes e fora e apesar dela, da gestão que as famílias fazem do campo escolar.

Palavras-chave: Família, Escola, Sociologia da educação, Sistemas de ensino, Portugal, Trajectórias escolares, Profissionalização, Percursos escolares

 

Ce que les familles font à l’école… pistes pour un débat

Ce texte offre un regard sur les complicités entre famille et école — les deux agences éducatives, par excellence, des sociétés contemporaines. Et discute, en accentuant analytiquement l’un de ses sens, la relation existante entre les deux. Si l’on admet que la famille, en tant que lieu de travail éducatif, s’est tenue à l’écart du champ (théorique et empirique) de la sociologie de l’éducation, et alors que l’on signale, en même temps, sa démission et sa perte de fonctions éducatives au profit de l’école, le but de l’article est, au contraire, de renforcer la thèse de la complicité historique effective entre les réalités et les représentations de la famille et de l’école modernes et surtout de défendre l’idée que «la famille est à l’intérieur de l’école». En accentuant unilatéralement le protagonisme de l’espace familial, nous nous proposons de montrer et d’illustrer combien l’école est profondément tributaire des héritages (inégaux) transmis par la famille, de la socialisation familiale antérieure et extérieure et, malgré tout, de la gestion du champ scolaire par les familles.

 

Towards a debate on what families do to school

This article looks at the complicities between family and school — the two educational agencies par excellence in modern society — and discusses the relationship between them with an analytical focus on one of its meanings. If one accepts that the (theoretical and empirical) field of sociology of education has stayed away from the family as a locus of educational endeavour, and at the same time regrets its abdication and loss of educational function to school, this article seeks, by contrast, to revive the proposition that there has historically been an effective complicity between family realities and representations and modern schooling, but above all to argue for the notion that «the family is inside the school». Having taken the unilateral decision to stress the role of the family, I propose to show how school profoundly reflects the (unequal) inheritance of family lives, of family socialization which takes place before, outside and despite school, and of family management of schooling.

 

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Full text only available in PDF format.

 

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* Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

 

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