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Análise Social
versão impressa ISSN 0003-2573
Anál. Social n.179 Lisboa 2006
Futebol e colonialismo, dominação e apropriação: sobre o caso moçambicano**
Nuno Domingos*
Este artigo trata da relação entre futebol e colonialismo, explorando o período da presença portuguesa em Moçambique. A tensão entre os mecanismos de introdução da modalidade e a sua apropriação local é abordada através da análise de um glossário de termos locais (com origem ronga, língua do Sul do país) que descreve situações do jogo e que foi coligido num artigo de jornal assinado pelo poeta José Craveirinha em 1955.
Palavras-chave: História do futebol, futebol colonialismo, Moçambique
Football et colonialisme, domination et appropriation: le cas mozambicain
L’article traite des rapports entre football et colonialisme, en exploitant la période de la présence portugaise au Mozambique. Il aborde la tension existante entre les mécanismes d’introduction de la modalité et leur appropriation par la population locale, en analysant un glossaire de termes locaux (d’origine ronga, la langue du Sud du pays) qui décrit les situations de jeu et fut compilé dans un article de journal signé par le poète José Craveirinha en 1955.
Football and colonialism, domination and appropriation: the Mozambique case
This article deals with the relationship between football and colonialism, examining the period when Mozambique was a Portuguese colony. An analysis of a glossary of local terms (in the Ronga language of the South of the country) is used to examine the tension between the mechanisms whereby the sport was introduced and its appropriation by the local people. The glossary describes game situations and was compiled in a journal article by the poet José Craveirinha in 1955.
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* Departamento de Antropologia e Sociologia da School of Oriental and African Studies da Universidade de Londres.
** Este artigo tem origem num projecto de doutoramento sobre a história do futebol em Moçambique durante o período colonial realizado no departamento de Antropologia e Sociologia da School of Oriental and African Studies da Universidade de Londres. Encontrando-se na fase inicial, a investigação carece de uma pesquisa empírica profunda, em especial no que respeita à sua dimensão etnográfica. É ainda frágil o encadeamento lógico de factos e o desenvolvimento de interpretações decorrente dos debates que cruzam um tema como este. Vou procurar, deste modo, restringir este artigo às informações e interpretações que, desejavelmente, poderão alicerçar um todo coerente. As perguntas surgirão em maior número do que as respostas, as hipóteses sobrepor-se-ão às conclusões. Alguns espaços ficarão em branco, apesar de as intuições sugerirem, por vezes, respostas categóricas.