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Silva Lusitana

versão impressa ISSN 0870-6352

Silva Lus. v.13 n.2 Lisboa dez. 2005

 

Estudo da Regeneração Natural das Espécies Arbóreas Autóctones na Reserva Natural da Serra da Malcata

 

Catarina Meireles*, Paula Gonçalves**1, Francisco Rego*** e Sofia Silveira**

 

*Bióloga

Rua Fernão Lopes, Bairro Senhor dos Aflitos, 6420-062 Trancoso

**Técnica Superior 1ª Classe

Parque Natural do Tejo Internacional. Avenida 1º de Maio, 99-3º Esq., 6000-086 CASTELO BRANCO

***Professor Associado com Agregação

Centro de Ecologia Aplicada "Professor Baeta Neves". Instituto Superior de Agronomia, Tapada da Ajuda, 1349-017 LISBOA

 

 

Sumário. As diversas actividades humanas praticadas ao longo dos séculos na Reserva Natural da Serra da Malcata levaram à destruição de grande parte da vegetação arbórea autóctone da zona: bosques de Quercus suber (sobreiro) e de Quercus pyrenaica (carvalho-negral ou carvalho-pardo-das-beiras) característicos, respectivamente, da bacia do Rio Bazágueda, a Sul e das bacias da Ribeira da Meimoa e Rio Côa, no Centro e Norte.

Esta vegetação climácica foi substituída por grandes extensões de formações arbustivas e, nas áreas menos acessíveis da região centro-sul, por comunidades de Arbutus unedo (medronheiro), assim como por bosques secundários de Quercus rotundifolia (azinheira) na zona de domínio do sobreiro.

A recuperação da vegetação potencial é uma das prioridades da Área Protegida, pelo que se decidiu avaliar a capacidade de restauração das comunidades climatófilas a partir da regeneração natural das quatro espécies supra mencionadas nos principais tipos de vegetação arbustiva e arbórea não intervencionados em anos recentes (tipo de intervenção designado por "Dinâmica Natural") e os geridos com "Fogo" e "Corte".

Determinou-se, igualmente, a influência de diversos factores ecológicos e caracterizadores das comunidades na instalação da regeneração natural.

Os resultados obtidos apontam para a necessidade de recorrer à plantação de Quercus suber, Quercus rotundifolia e Arbutus unedo na sua área de distribuição, enquanto os bosques de Quercus pyrenaica do centro e Norte poderão ser mantidos através da adequada gestão da regeneração vegetativa encontrada no sobcoberto.

Palavras-chave: regeneração natural; dinâmica natural; fogo; corte

 

Study of the Natural Regeneration of the Native Arboreal Vegetation at Serra da Malcata Nature Reserve

Abstract. Human activities practised over the centuries at Serra da Malcata Nature Reserve have lead to considerable deterioration of the native arboreal vegetation characteristic of the region: Quercus suber (cork oak) and Quercus pyrenaica (Pyrenean oak) woodlands, and are found in the Bazágueda River basin in the South and the Meimoa Stream and Côa River basins in the centre and the North, respectively.

This climax vegetation has been substituted by large patches of shrubland, and in the quasi-inaccessible areas by Arbutus unedo (strawberry tree) copses. The latter represents the first retrogressive seral stage of the above mentioned forests as well as in the secondary Quercus rotundifolia (round-leafed oak) woods in the cork oak's geographic range.

The restoration of native vegetation is one of the priorities of the Protected Area and is the reason why the restorative capacity of the climax communities was assessed from the natural regeneration of the four above-mentioned species in the main shrub and arboreal communities. The assessment was carried out on areas not managed in recent years (management regime known as "Natural Dynamics") as well as on those subjected to "Fire" and "Cutting".

The effect of various ecological factors and community attributes on the implementation of natural regeneration was also studied.

The results emphasise the need to plant Quercus suber, Quercus rotundifolia and Arbutus unedo within their natural range, while the Quercus pyrenaica woodlands of the centre and North can be maintained through an adequate management of the vegetative regeneration found in the understory.

Key words: natural regeneration; natural dynamics; fire; cutting

 

Étude de la Régénération Naturelle des Végétations d'Arbres Autochtones dans la Réserve Naturelle de Serra da Malcata

Résumé. Les diverses activités humaines pratiquées au long des siècles dans la Réserve Naturelle de «Serra da Malcata» ont conduit à la destruction d'une grande partie de la végétation d'arbres autochtones caractéristiques de la zone: bois de Quercus suber (chêne-liège) et de Quercus pyrenaica (chêne tauzin), que l'on trouve, respectivement, dans le bassin du fleuve Bazágueda au Sud et dans les bassins de la rivière Meimoa et du fleuve Côa au Centre et au Nord.

Cette végétation du stade climax fut substituée par les grandes extensions de formations arbustives et, dans les surfaces moins accessibles, par les communautés d'Arbutus unedo (arbousier), première étape de substitution des bois cités ci-dessus, ainsi que par des bois secondaires de Quercus rotundifolia (chêne-vert) dans la zone du domaine du chêne-liège.

La récupération de la végétation potentielle est une des priorités de cette Aire Protégée, ainsi il fut décidé d’évaluer la capacité de rétablissement des communautés de climax à partir de la régénération naturelle des quatre espèces mentionnées ci-dessus dans les principales communautés arbustives et arborées sans aucune intervention pendant ces derrières années (ce genre d'intervention est désigné "Dynamique Naturelle") et de celles conduites par le "Feu" et la "Coupe".

L'influence de divers facteurs écologiques et caractérisant des communautés dans l'installation de la régénération naturelle fut également déterminé.

Les résultats obtenus montrent la nécessité de recourir à la plantation de Quercus suber, Quercus rotundifolia et Arbutus unedo dans leur propre espace, alors que les bois de Quercus pyrenaica au centre et au Nord pourront se maintenir au travers d'une conduction et d’une gestion adéquates de la régénération végétative existante.

Mots clés: régénération naturelle; dynamique naturelle; feu; coupe

 

 

Texto completo disponivel apenas em PDF.

Full text only available in PDF format.

 

 

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Entregue para publicação em Janeiro de 2002

Aceite para publicação em Novembro de 2004

 

 

1 2º Autor E-mail: pnti.goncalvesp@icn.pt