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Silva Lusitana
versão impressa ISSN 0870-6352
Silva Lus. v.15 n.2 Lisboa dez. 2007
Micropropagação de uma Espécie Autóctone de Porto Santo como Estratégia de Combate à Desertificação: Exemplo da Oliveira-Brava
Gina Brito*, Roberto Jardim**, Conceição Santo*** e Celeste Coelho****
*Mestre
***Professora Auxiliar
Departamento de Biologia, CESAM. Universidade de Aveiro, 3810-197 AVEIRO
**Biólogo
Jardim Botânico da Madeira. Direcção Regional de Florestas, Caminho do Meio, 9064-512 FUNCHAL
****Professora Catedrática
Departamento de Ambiente e Ordenamento, CESAM. Universidade de Aveiro, 3810-197 AVEIRO
Sumário. A micropropagação de plantas lenhosas é particularmente vantajosa quando integrada em estratégias de combate à desertificação e protecção de espécies autóctones, pois permite simultaneamente a preservação de germoplasma em risco e a multiplicação em larga escala de indivíduos. Descrevemos aqui um protocolo de micropropagação e aclimatização de oliveira- brava à Ilha de Porto Santo que permite, a curto prazo, a sua integração em programas de repovoamento em curso. Para o efeito, colheram-se amostras, dos poucos indivíduos existentes no Arquipélago da Madeira, de Olea maderensis (oliveira-brava) e desenvolveu-se um projecto sobre preservação e propagação desses indivíduos utilizando o meio OM modificado (enriquecido em Fe, Mg e Mn) e suplementado com zeatina. As plantas micropropagadas foram aclimatadas à estufa e posteriormente às condições de Porto Santo, com uma taxa de sobrevivência superior a 90%. O protocolo de micropropagação/aclimatização desenvolvido permite transferir plantas em larga escala para a ilha. Estas apresentam um bom comportamento traduzido por uma taxa de alongamento médio de 4,76 cm/mês. A análise de parâmetros de eficiência fotossintética, conteúdo clorofilino, integridade membranar e conteúdo hídrico mostram que estas plantas não estão sob stress. Os resultados aqui apresentados são assim um exemplo do uso de novas tecnologias I&D com aplicação imediata na protecção de ecossistemas em risco.
Palavras-chave: aclimatização a condições de campo; biotecnologia vegetal; Olea sp.; reflorestação
Micropropagation of a Native Species of Porto Santo Island as a Strategy to Combat Desertification: Wild Olive as Example
Abstract. Micropropagation of woody plants is particularly advantageous when integrated with strategies to combat desertification and protect native species as far as it allows both preservation of germplasm in danger and large scale multiplication of plants. We describe here a protocol of micropropagation and acclimation of wild olive to Porto Santo Island that allows in the short term the integration of wild olive plants in ongoing forestation programmes. Samples of the few individuals of Olea maderensis (wild olive) existing in Madeira Archipelago were collected and a project was developed in order to preserve and propagate these individuals using OM medium modified (enriched in Fe, Mg e Mn) and supplemented with zeatin. The micropropagated plants were acclimated to greenhouse and then acclimated to conditions of Porto Santo Island, with a survival rate up to 90%. The protocol of micropropagation/acclimation developed allows the transfer of plants in a large scale to the Island. The transferred plants show good behaviour in the Island, which is expressed by the optimal average rate of elongation of 4.76 cm/month. The analysis of chlorophyll fluorescence, chlorophyll content, membrane integrity and hidric content show that the plants are not under stress. These results are an example of the use of new R&D technologies with immediate application on protection of ecosystems in danger.
Key words: acclimation to field conditions; forestation; Olea sp.; vegetal biotechnology
Micropropagation d'une Espèce Autochtone de l'Île de Porto Santo en Tant que Stratégie de Combat Contre la Désertification: l'Exemple de l'Olivier Sauvage
Résumé.La micropropagation de plantes ligneuses est particulièrement avantageuse lorsqu'elle est intégrée à des stratégies de combat contre la désertification et de protection d'espèces autochtones, et qu'elle permette simultanément la conservation de germoplasme en danger et la multiplication à grande échelle d'individus. Nous décrivons ici un protocole de micropropagation et d'acclimatation de l'olivier sauvage sur l'Île de Porto Santo qui permet, à court terme, son intégration à des programmes de repeuplement en cours. Ont été récoltés à cet effet des échantillons des rares exemplaires d'Olea maderensis (olivier sauvage) existants dans l'île et a été mis en route un projet visant leur conservation et leur propagation en utilisant le milieu OM modifié (enrichi en Fe, Mg et Mn) et supplémenté en zéatine. Les plantes micropropagées ont été acclimatées en serre et ultérieurement à Porto Santo en garantissant un taux de survie supérieur à 90%. Le protocole de micropropagation/acclimatation développé permet le transfert à grande échelle de plantes sur l'île. Celles-ci accusent un bon comportement traduit par un taux d'allongement moyen de 4.76 cm/mois. L'analyse de paramètres d'efficacité photosynthétique (ou «de fluorescence chlorophyllienne»), de contenu chlorophyllien, d'intégrité membranaire et de contenu hydrique montrent que ces plantes ne sont pas sous stress. Les résultats présentés ici sont ainsi un exemple d'utilisation de nouvelles technologies I&D immédiatement applicables à la protection d'écosystèmes en danger.
Mots clés: acclimatation aux conditions du terrain; biotechnologie végétale; repeuplement forestier; Olea sp.
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Entregue para publicação em Agosto de 2006
Aceite para publicação em Fevereiro de 2007