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Silva Lusitana
versão impressa ISSN 0870-6352
Silva Lus. v.18 n.Especial Lisboa dez. 2010
Nota Introdutória
Ana Cristina Gonçalves, Domingos Mendes Lopes, Francisco Castro Rego, Jaime Sales Luis, Maria do Sameiro Patrício, Paulo Godinho Ferreira
Num contexto actual de incerteza, com as alterações globais a condicionar a actividade humana, à escala global, as florestas continuam a representar um referencial de estabilidade. Este facto associa-se à importância da área ocupada por floresta (escala geográfica normalmente ocupando áreas significativas da maioria dos Países), mas também pelos longos períodos de rotação associadas a este tipo de uso (escala temporal plantar uma árvore é criar pontes entre gerações).
A simplificação do raciocínio presente no Protocolo de Quioto reforça o papel da floresta à escala global, como fonte de sequestro de carbono e garante de alguma manutenção dos status actual, contrariando o cenário de incertezas que o contínuo aumento do dióxido de carbono pode acarretar. Independentemente das abordagens, mais ou menos complexas e a favor ou contra esta visão, o importante é que a manutenção e expansão dos espaços florestais é de uma relevância extrema para toda a humanidade. Em simultâneo, a visão moderna dos ecossistemas naturais não se coaduna com implicações artificiais dos mesmos e, cada vez mais, valoriza estruturas diversas, com uma importância ecológica acrescida e mais aptas a reagirem favoravelmente a estes factores de mudança. Dessa forma, os modelos florestais mistos são indiscutivelmente uma resposta equilibrada a esses pontos de vista. Não só promovem uma maior biodiversidade, respondem mais favoravelmente à crescente perigosidade de incêndios, em especial na região mediterrânica, e são mais apelativos ao cidadão em geral. A expansão das florestas mistas, principalmente aquelas que privilegiam as folhosas, está ainda numa fase incipiente em Portugal, mas apresenta um potencial de desenvolvimento grande e necessário.
Este número especial apresenta alguma da investigação realizada em Portugal, dentro desta linha de pensamento, e pretende contribuir para o despertar de algumas destas problemáticas. Pretende ainda constituir um estímulo para o incremento dos povoamentos mistos. A sua publicação realiza-se no âmbito do projecto FCOMP-01-0124-FEDER-007010 (anteriormente designado por PTDC/AGR-CFL/68186/2006): Florestas mistas. Modelação, dinâmica e distribuição geográfica da produtividade e da fixação do carbono nos ecossistemas florestais mistos em Portugal.