Nota de Abertura

 

Desde há vários anos que o estudo das relações entre comportamento e saúde é uma das áreas de investigação psicológica em franca expansão. De facto, a psicologia da saúde é uma área científica que tem conhecido grande desenvolvimento, predominantemente nos países anglo-saxónicos. Contudo, Portugal tem constituído excepção uma vez que é, entre os vários países latinos, aquele que desde os finais dos anos 80 mais tem evidenciado interesses multifacetados pela investigação de comportamentos relacionados com a saúde, com a doença e com a prestação dos cuidados de saúde, de resto bem patentes na realização de 3 congressos nacionais de psicologia da saúde e 4 conferências sobre psicologia nos cuidados de saúde primários, além de numerosas publicações. Ao mesmo tempo, têm sido debatidas questões específicas da intervenção profissional nos serviços de saúde e assistiuse ao desenvolvimento significativo do ensino e da formação.

No que concerne a publicações científicas esta revista tem sido pilar fundamental na divulgação da psicologia da saúde no nosso país, uma vez que desde há mais de uma década tem publicado números temáticos, nomeadamente Psicologia da Gravidez e da Maternidade (1990), Psicologia e Saúde (1992), Psicologia, Saúde e Doença (1994), Saúde e Reabilitação (1996), Psicologia Pediátrica (1998), Gravidez e Interrupção da Gravidez (1998) e Psicologia da Saúde (1999).

O número temático que agora de publica, intitulado Comportamento e Saúde, pretende dar continuidade aos anteriores e reúne artigos originais de autores portugueses provenientes de várias instituições - ISPA, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação de Lisboa, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação do Porto, Universidade do Minho, Instituto Superior de Ciências da Saúde-Sul, Universidade da Beira Interior, Faculdade de Motricidade Humana, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Universidade Independente, Sub-Região de Saúde de Lisboa (ARSLVT) e Hospital Pedro Hispano - aos quais se juntam dois artigos de autores espanhóis, das Universidades de Valência e de Granada.

Os temas abordados são muito diversificados, abrangendo um leque variado de investigações centradas nas relações entre comportamento, saúde e doença, nomeadamente significações leigas de doença e prevenção numa perspectiva construtivista-desenvolvimentista, transmissão de informação sobre risco de cancro da mama, estilo de atribuição, comportamentos saudáveis e adesão terapêutica, cessação tabágica, actividade física nos adolescentes, comportamento de mães de crianças queimadas, modelos de senso comum nas cefaleias, dor e comportamentos de procura de cuidados de saúde, homofobia internalizada e comportamentos de saúde e, ainda, programa de intervenção na asma alérgica. São também publicados dois estudos sobre instrumentos de avaliação psicológica, designadamente um sobre vinculação e comportamentos de saúde em adolescentes e outro sobre o teste de nomeação de categorias específicas com utilidade em neuropsicologia. Finalmente, este número inclui ainda uma nota didáctica sobre o desenvolvimento da psicologia da saúde em Portugal e outra sobre aspectos organizacionais da intervenção em Centros de Saúde e Hospitais.

É de assinalar o conjunto variado de artigos sobre aspectos psicológicos relacionados com promoção da saúde e prevenção.

 

JOSÉ A. CARVALHO TEIXEIRA