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Análise Psicológica
versão impressa ISSN 0870-8231
Aná. Psicológica vol.29 no.1 Lisboa jan. 2011
Nota de Abertura: Investigação em intervenção precoce
Júlia Serpa Pimentel; Maria Teresa Brandão
A investigação em Intervenção Precoce, assim como os conceitos e as práticas, têm-se vindo a constituir como objecto de interesse crescente a nível nacional. Tal é bem evidente através da quantidade de encontros científicos e profissionais bem como de trabalhos de investigação como doutoramentos, mestrados e outros projectos que têm sido produzidos no nosso país, nos últimos 20 anos. Muitos deles, no entanto, não se encontram ainda publicados, pelo que a sua existência não se encontra amplamente difundida.
Deste modo, este número especial da Análise Psicológica pretende dar visibilidade a alguma da investigação que se tem vindo a realizar em Portugal no âmbito Intervenção Precoce. Foi organizado na sequência de um convite feito a vários investigadores pertencentes às Instituições de Ensino Superior que mais se têm destacado no ensino e investigação sobre estas temáticas. A pronta adesão e resposta de todos permite-nos apresentar um número temático com contribuições muito variadas quer ao nível dos temas abordados quer ao nível das metodologias de investigação utilizadas, constituindo, estamos certos, um estímulo para a continuidade do interesse e divulgação dos trabalhos nesta área.
Os dois primeiros artigos estudam percepções de profissionais e famílias relativamente às práticas de intervenção precoce e à importância do suporte social para as famílias com crianças em situação de risco ou com deficiência. O enquadramento teórico de ambos enfatiza conceitos fundamentais na IP, dispensando, assim, a sua abordagem nesta nota introdutória.
Seguem-se dois artigos em que, numa perspectiva de estudo de caso, se analisam práticas em diferentes programas de IP e diferentes contextos de intervenção (domicílio e jardim-de-infância) e que, nos casos atendidos em JI, mostram as dificuldades experimentadas pelos profissionais na implementação das práticas internacionalmente recomendadas.
Dando resposta às lacunas na formação dos profissionais de IP, o artigo seguinte apresenta um programa de formação e investigação, em que estão envolvidas várias instituições de ensino superior, e que visa melhorar as práticas, nomeadamente na implementação de programas que privilegiem a intervenção centrada nos contextos naturais de aprendizagem e nas rotinas diárias da criança e da família.
O conceito de envolvimento das crianças com necessidades educativas especiais atendidas em contextos pré-escolares é abordado nos dois artigos seguintes. Em ambos se salientam as dificuldades que as crianças com NEE experimentam nas interacções com os seus pares sem incapacidade e o papel crucial que os educadores têm para que essas interacções ocorram e sejam promotoras do desenvolvimento.
Os resultados da implementação de um projecto de acompanhamento e apoio à prática pedagógica dos educadores, abordado no artigo seguinte, mostram as suas potencialidades na inclusão de crianças com dificuldades emocionais e de desenvolvimento em contexto de JI.
Os dados do estudo exploratório de um instrumento de avaliação de desenvolvimento recentemente introduzido em Portugal – Ages and Stages Questionnaire – indicam que, após a sua validação do ASQ-2 para a população portuguesa, este instrumento poderá contribuir para enriquecer o portfólio de instrumentos de avaliação de que dispomos para o rastreio e avaliação de desenvolvimento das crianças e vir a preencher uma lacuna existente no momento da avaliação em IP.
O último artigo, de carácter mais teórico, apresenta as potencialidades da investigação com desenho de caso único para a educação especial e evidencia a escassez da utilização dessa metodologia de investigação em Portugal.
Esperamos que este número especial constitua um entre vários contributos para a divulgação e enriquecimento do conhecimento científico sobre a investigação em intervenção precoce realizada em Portugal.