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Análise Psicológica
versão impressa ISSN 0870-8231versão On-line ISSN 1646-6020
Aná. Psicológica vol.35 no.1 Lisboa mar. 2017
https://doi.org/10.14417/ap.1167
Propriedades psicométricas da versão portuguesa do Obsessive-Compulsive Inventory – Revised
Miguel Nuno Faria1, Ismael Cardoso1
1NICiTeS – Núcleo de Investigação em Ciências e Tecnologias da Saúde, ERISA
RESUMO
Foram examinadas as propriedades psicométricas da versão Portuguesa do Obsessive-Compulsive Inventory – Revised (OCI-R; Foa et al., 2002) em duas amostras não-clínicas (N=509). A estrutura original de seis fatores correlacionados foi confirmada através de uma análise fatorial confirmatória, tendo sido igualmente evidenciada a invariância estrutural segundo o sexo do OCI-R. Os resultados, para a escala total e cada uma das subescalas, revelaram boa consistência interna, validade convergente e divergente e confiabilidade teste-reteste após um intervalo de um mês. Conclui-se que a versão em Português do OCI-R retém as boas propriedades psicométricas da versão original sendo um instrumento adequado para avaliar os sintomas obsessivo-compulsivos em amostras não-clínicas.
Palavras-chave: Avaliação, Perturbação obsessivo-compulsiva, Versão portuguesa, Propriedades psicométricas.
ABSTRACT
The psychometric properties of the Portuguese version of the Obsessive-Compulsive Inventory – Revised (OCI-R; Foa et al., 2002) were examined in two non-clinical samples (N=509). The original six related factors structure was confirmed by means of confirmatory factor analysis, with results also showing structural gender invariance of the OCI-R. The results for the full scale and the six subscales revealed good internal consistency, convergent and divergent validity, and test-retest reliability after an interval of one month. It is concluded that the Portuguese version of OCI-R retains the good psychometric properties of the original version and is an adequate instrument to evaluate obsessive-compulsive symptoms in non-clinical samples.
Key words: Evaluation, Obsessive-compulsive disorder, Portuguese version, Psychometric properties.
Nos últimos anos vários instrumentos têm sido desenvolvidos para avaliar a gravidade da perturbação obsessivo-compulsiva (POC). Entre eles podemos citar o Maudsley Obsessive-Compulsive Inventory (MOCI; Hodgson & Rachman, 1977), o Compulsive Activity Checklist (CAC; Steketee & Freund, 1993), o Padua Inventory (PI; Sanavio, 1988) e, mais recentemente, o Obsessive-Compulsive Inventory (OCI; Foa, Kozak, Salkovskis, Coles, & Amir, 1998). O OCI foi validado em amostras clínicas e não clínicas, e tem apresentado boas propriedades psicométricas (Foa et al., 1998; Simonds, Thorpe, & Elliot, 2000; Wu & Watson, 2003).
Apesar da grande aceitação do OCI, uma das suas desvantagens é que é algo longo para estudos de investigação que exigem brevidade, e a necessidade de desenvolver medidas de autoavaliação breves e eficazes de constructos psicológicos tem sido enfatizada por diversos autores (Donnellan, Oswald, Baird, & Lucas, 2009; Jonason & Webster, 2010; Rammstedt & John, 2007).
O Inventário Obsessivo Compulsivo-Revisto (OCI-R) é uma versão reduzida do OCI, desenvolvido por Foa et al. (2002). Em vez dos 42 itens que compõem a escala original, o OCI-R tem apenas 18 itens, incluindo seis fatores (limpeza, verificação, ordem, acumulação obsessões e neutralização), com três itens cada. Esta versão reduzida tem algumas vantagens sobre o OCI, nomeadamente a possibilidade de se poder comparar diretamente os valores das subescalas, uma vez que todas têm o mesmo número de itens, o desaparecimento de um fator redundante (frequência) e uma menor sobreposição das subescalas (Souza et al., 2008).
Vários estudos têm sido realizados nos últimos anos sobre as propriedades psicométricas do OCI-R, particularmente a nível da sua estrutura fatorial em adultos, em amostras clínicas (Abramowitz & Deacon, 2006; Gönner, Leonhart, & Ecker, 2008; Huppert et al., 2007), não-clínicas (Fullana et al., 2005; Malpica, Ruiz, Godoy, & Gavino, 2009; Roberts & Wilson, 2008; Silva, Costa, Vicente, & Lourenço, 2011; Zermatten, Van der Linden, Jermann, & Ceschi, 2006), e ambas (Sica et al., 2009; Solem, Hjemdal, Vogel, & Stiles, 2010). Os resultados destes estudos apontam consistentemente para uma estrutura de seis fatores correlacionados, com índices de ajustamento bons a excelentes. Em alguns dos trabalhos acima mencionados, foi também considerada a existência de um fator obsessivo-compulsivo geral de segunda ordem. Embora os índices de ajustamento se tivessem revelado na maioria dos casos aceitáveis, o modelo de seis fatores provou ser o mais adequado. Em face disto, a existência de um fator geral único também tem sido considerada (Solem et al., 2010), mas os resultados não foram satisfatórios.
Embora a prevalência da POC seja idêntica em homens e mulheres, alguns estudos têm mostrado diferenças segundo o sexo em alguns dos fatores que compõem o OCI-R. Quando foram utilizadas amostras clínicas, os homens tendem a apresentar valores mais elevados nas subescalas ordem e acumulação, enquanto nas mulheres se observaram pontuações mais elevadas na limpeza. Nas amostras não clínicas, no entanto, não têm sido encontradas de forma consistente diferenças entre homens e mulheres (Fullana et al., 2005).
Em face das suas propriedades psicométricas e do curto período de tempo que leva para completar, o OCI-R é hoje uma das medidas preferenciais para avaliar os sintomas obsessivo-compulsivos em contextos clínicos e não clínicos. Como Zermatten et al. (2006) apontam, a diferença entre as obsessões e compulsões que se manifestam num nível não clínico e na POC, ocorre principalmente em termos de frequência e intensidade, e não no seu conteúdo. Portanto, o uso de amostras maiores pode ser útil para avaliar o conteúdo e características das dimensões que compõem o OCI-R.
O principal objetivo do presente estudo é avaliar as propriedades psicométricas e a estrutura fatorial do OCI-R numa amostra não-clínica de participantes portugueses, a fim de promover e facilitar a investigação de sintomas obsessivo-compulsivos.
Método
Participantes
A amostra foi constituída por 519 indivíduos da população geral. Destes, 218 (42%) eram do sexo masculino e 301 (58%) eram do sexo feminino. As idades variaram entre os 18 e os 45 anos (M=31.54, DP=7.57). A participação foi voluntária, tendo sido obtido um consentimento informado, garantido o anonimato e confidencialidade dos dados recolhidos.
Instrumentos
Obsessive-Compulsive Inventory – Revised (OCI-R). O OCI-R (Foa et al., 2002) é um questionário de autoavaliação composto por 18 itens que avalia o grau de perturbação sentido relativamente aos sintomas obsessivo-compulsivos durante o ultimo mês. As respostas são dadas numa escala de cinco pontos, de 0 (De modo nenhum) a 4 (Extremamente). O OCI-R avalia a sintomatologia da POC através de seis fatores: (a) Acumulação, (b) Verificação, (c) Ordem, (d) Neutralização, (e) Limpeza e (f) Obsessões, com três itens cada. Os resultados para cada subescala variam entre 0 e 12, sendo igualmente calculada uma pontuação total, através da soma dos 18 itens, que varia entre 0 e 72. Quanto maior a pontuação total na escala, maior a prevalência dos sintomas. Em estudos efetuados em vários países (Abramowitz & Deacon, 2006; Fullana et al., 2005; Malpica et al., 2009; Solem et al., 2010), o OCI-R evidenciou boas propriedades psicométricas. O OCI-R original foi traduzido para Português pelos autores e foi feita uma retroversão por um tradutor oficial independente. Pequenas diferenças entre as duas versões foram corrigidas e a versão final foi estabelecida após uma administração experimental a um grupo de 12 estudantes universitários. A versão final da escala é apresentada no Apêndice A.
Yale-Brown Obsessive-Compulsive Scale (Y-BOCS). O Y-BOCS (Goodman et al., 1989) é uma escala composta por 10 itens que avalia o grau de perturbação sentido com sintomas obsessivo-compulsivos. Cinco questões avaliam as obsessões e as outras cinco avaliam as compulsões, relativamente ao tempo gasto, interferência com o funcionamento, incómodo subjetivo, resistência aos sintomas e controle sobre os sintomas. As respostas são dadas numa escala de cinco pontos, que varia entre 0 (Sem sintomas) e 4 (Muito grave). O Y-BOCS tem mostrado boas propriedades psicométricas, em amostras clínicas (Federici et al., 2010) e não-clínicas (Frost, Steketee, Krause, & Trepanier, 1995). No nosso estudo, o Y-BOCS apresentou valores adequados do alpha de Cronbach, quer para a escala total (α=.848), quer para as subescalas relativas às obsessões (α=.721) e compulsões (α=.740).
Beck Depression Inventory (BDI-II). O BDI-II (Beck, Steer, & Brown, 1996) é um instrumento de auto-avaliação constituído por 21 itens que avaliam a gravidade de sintomas depressivos. Cada frase é classificada numa escala de quatro pontos, onde valores mais altos correspondem a níveis mais elevados de sintomatologia depressiva. Foi utilizada a versão portuguesa do BDI-II, a qual tem boas evidenciado propriedades psicométricas, com um a de Cronbach de .90 (Campos & Gonçalves, 2011).
Beck Anxiety Inventory (BAI). O BAI (Beck, Epstein, Brown, & Steer,1988) é um instrumento de autoavaliação constituído por 21 itens que avaliam a gravidade de sintomas ansiosos. As respostas são dadas numa escala de quatro pontos, onde valores mais altos correspondem a níveis mais elevados de sintomas ansiosos. Foi usada a versão portuguesa desta escala, a qual apresenta boas características psicométricas (Quintão, Delgado, & Prieto, 2013), com uma elevada consistência interna (α=.92) e boa estabilidade temporal (r=.75, com um intervalo entre aplicações de uma semana).
Procedimento
Após uma breve explicação dos objetivos do trabalho, cada participante recebeu um protocolo, com uma folha de rosto com instruções relativas à natureza anónima e confidencial do estudo, após o que era obtido o consentimento por escrito. Após a folha de rosto, os participantes encontravam um questionário sociodemográfico e os instrumentos utilizados. O OCI-R era administrado em primeiro lugar, seguido pelo Y-BOCS, BDI-II e BAI. Oitenta e dois indivíduos (49 mulheres, 33 homens) completaram uma segunda administração do OCI-R cerca de um mês depois e constituíram assim a amostra para os procedimentos de teste-reteste.
Resultados
Foi efetuada uma Análise Fatorial Confirmatória (AFC) ao OCI-R utilizando o EQS 6.1 (Bentler, 2005), sendo testado um modelo de seis fatores correlacionados (seis variáveis latentes com três itens cada), como foi originalmente desenvolvido por Foa et al. (2002), e que estudos posteriores (Fullana et al., 2005; Malpica et al., 2009; Piqueras et al., 2009; Roberts & Wilson, 2008; Sica et al., 2009) têm mostrado ser adequada. Foi utilizado o método de máxima verosimilhança. Os resultados apresentaram valores de ajustamento adequados, considerando-se os critérios habitualmente propostos para os índices de ajustamento (Hooper, Coughlan, & Mullen, 2008). Assim, o valor do χ2 Satorra-Bentler (120) foi de 289.436 (p<.001), enquanto o valor do χ2/gl foi de 2.412. Quanto aos valores dos outros índices de ajustamento, o Comparative Fit Index (CFI) foi .942 (valores recomendados ≥.93), o Goodness of Fit Index (GFI) foi .925 (≥.90), o Standardized Root Mean Square Residual (SRMR) foi .048 (≤.08) e o valor do Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA) foi .052 (≤. 06), com um valor de .060 para o limite superior do intervalo de confiança de 90% (recomendados valores inferiores a .08).
Todas as cargas fatoriais apresentaram valores superiores a .60, exceto o item 16 (.480) (ver Figura 1). Os seis fatores, como esperado, correlacionaram-se de forma significativa (p<.001) e positiva, com valores variando entre .347 (lavagem e obsessões) e .641 (verificação e lavagem).
Em seguida foi examinada a invariância segundo o sexo para o modelo testado, tendo sido utilizado o critério de Δχ2 (Byrne & Stewart, 2006). O modelo de base (M1) não apresentava quaisquer restrições. No segundo modelo (M2), as cargas fatoriais foram restringidas para serem equivalentes em ambos os grupos (masculino e feminino). No último modelo (M3) quer as cargas fatoriais quer os valores das variâncias e covariâncias foram restringidos para serem equivalentes. Os resultados são apresentados na Tabela 1.
As diferenças entre os valores de qui-quadrado não indicaram diferenças significativas entre os modelos M1 e M2 (p=.106). Da mesma forma, os modelos M1 e M3 provaram ser equivalentes (p=.239). Assim, o OCI-R satisfaz os critérios de invariância de carga fatorial e de covariâncias (Van Prooijen & van der Kloot, 2001), podendo ser aplicado a ambos os sexos.
Os valores para as estatísticas descritivas e consistência interna para cada uma das seis dimensões estão representados na Tabela 2, para a amostra total e por sexo. Os homens apresentaram valores mais elevados em todas as subescalas e na escala total, com a exceção da subescala limpeza, mas nenhuma destas diferenças foi significativa. A consistência interna dos factores pode ser considerada como boa, com valores do alpha de Cronbach entre .750 (limpeza) e .901 (obsessões), com exceção da subescala neutralização, que apresentou um valor mais baixo (α=.614), à semelhança do que já se tinha verificado em estudos anteriores (Piqueras et al., 2009; Sica et al., 2009; Zermatten et al., 2006). A escala total apresentou uma consistência interna excelente (Nunnally & Bernstein, 1994), com um valor de .891. A média das correlações inter-item para os seis fatores variou entre r=.382 (neutralização) e r=.753 (obsessões), com um valor de r=.316 para a escala total.
Na Tabela 3 está representada a análise das correlações entre as as subescalas do OCI-R e destas com a escala total. Os resultados mostram que todas as correlações foram positivas e significativas. As correlações entre as subescalas e a pontuação total foram fortes, variando entre r=.654 (neutralização) e r=.744 (ordem), enquanto as intercorrelações entre as seis subescalas foram fracas a moderadas, com valores compreendidos entre r=.280 (limpeza e obsessões) e r=.518 (limpeza e verificação).
A validade convergente da escala total do OCI-R foi determinada através da correlação do OCI-R com outra medida de sintomas obsessivo-compulsivos, a Y-BOCS. A pontuação total do OCI-R correlacionou-se de forma positiva e forte com a pontuação total da Y-BOCS (r=.748) indicando uma boa validade convergente. Em relação às subescalas, os valores do r de Pearson variaram entre .465 (acumulação) e .591 (limpeza), o que também indica uma boa validade convergente para as seis subescalas (ver Tabela 4). Foram igualmente correlacionadas as pontuações totais do OCI-R com as do BDI-II e do BAI, tendo sido encontrados valores do r de Pearson fracos. Além disso, a pontuação total do OCI-R evidenciou associações significativamente inferiores com o BAI e BDI-II do que com a Y-BOCS (todos os valores de z>1,96, p<.05), sugerindo, portanto, validade divergente adequada.
Em seguida, foi calculado o valor do r de Pearson para determinar a estabilidade temporal do OCI-R, tendo o intervalo médio de tempo entre as duas aplicações da escala sido de quatro semanas. Os resultados por nós obtidos para a escala total do OCI-R (r=.787) foram ligeiramente superiores aos de Hajcak, Huppert, Simons e Foa (2004) e Malpica et al. (2009), que referiram valores de .70 e .61, respetivamente, com um intervalo de tempo idêntico. Quanto às subescalas, os coeficientes de Pearson variaram entre .512 (neutralização) e .728 (acumulação), o que permite concluir que o OCI-R tem boa confiabilidade teste-reteste.
Na Tabela 5, podemos comparar os resultados do presente estudo com os do estudo original (Foa et al., 2002), e os das adaptações francesa (Zermatten et al., 2006) e espanhola (Fullana et al., 2005), que também foram feitos com amostras não-clínicas. Podemos observar que os valores da versão em Português ocupam uma posição intermédia em relação aos outros estudos.
Discussão
O objetivo deste estudo foi validar uma versão em Português do OCI-R desenvolvido por Foa et al. (2002) numa amostra não-clínica. Os nossos resultados indicam que as propriedades psicométricas do OCI-R Português são comparáveis às da escala original, sugerindo propriedades psicométricas adequadas em termos de validade convergente, validade divergente e confiabilidade teste-reteste.
A estrutura original de seis fatores proposta por Foa et al. (2002) e posteriormente replicada em vários estudos foi testada com uma análise fatorial confirmatória, com resultados que indicaram um excelente ajustamento para este modelo.
Um dado importante que geralmente não é abordado nos estudos com o OCI-R é o da eventual diferença entre sexos. Sabendo-se que embora os homens apresentem tendência a pontuações mais elevadas em algumas dimensões dos sintomas da POC, essas diferenças não são geralmente significativas. Os nossos resultados mostraram que as diferenças entre as médias para as subescalas e escala total do OCI-R não foram estatisticamente significativas entre os sexos. Além disso, os resultados da CFA mostraram que a estrutura de seis fatores proposta é adequada para homens e mulheres, uma vez que é invariante relativamente ao sexo.
Em termos psicométricos, a consistência interna da escala total foi excelente, com um valor de alpha de Cronbach de .90. A validade convergente foi bem estabelecida com o Y-BOCS, com coeficientes de Pearson superiores a .70 com a pontuação total e das subescalas (obsessões e compulsões), enquanto as correlações com duas medidas de ansiedade (BAI, r=0,28) e depressão (BDI-II, r=0,30), embora significativas, foram consideravelmente mais baixas, sugerindo, portanto, validade discriminante adequada para o OCI-R.
Os valores da estabilidade temporal no nosso estudo foram ligeiramente inferiores aos obtidos por Foa et al. (2002), o que pode ser devido ao intervalo de tempo diferente entre as duas aplicações (um mês vs. uma semana). No entanto, os nossos resultados mostram uma excelente estabilidade temporal, com um valor de .79, sendo idênticos ou superiores aos obtidos em outros estudos (Hajcak et al., 2004; Malpica et al., 2009) com amostras similares e com um intervalo de tempo idêntico.
No que respeita às subescalas do OCI-R, os valores de consistência interna foram na generalidade bons, com exceção da subescala de neutralização (a=0,64), o que já se tinha verificado noutros estudos (Malpica et al., 2009; Zermatten et al., 2006), o que provavelmente pode ser devido ao facto de terem sido utilizadas amostras não-clínicas, uma vez que nos estudos com amostras clínicas (Abramowitz & Deacon, 2006; Foa et al., 2002), a consistência interna da subescala de neutralização foi boa. A validade convergente também foi boa, evidenciando correlações médias a fortes com a pontuação total da Y-BOCS e as suas subescalas. A validade divergente dos seis domínios foi excelente, apresentando correlações fracas com o BDI-II e o BAI, com exceção da subescala de Verificação, que apresentou uma correlação moderada com a BDI-II.
Em conclusão, a versão em Português do OCI-R apresenta boas propriedades psicométricas, mantendo a estrutura da versão original. Apesar da necessidade de mais estudos, nomeadamente com amostras clínicas, é uma medida breve e eficaz na avaliação dos vários sintomas da POC na população em geral.
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A correspondência relativa a este artigo deverá ser enviada para: Miguel Nuno Faria, NICiTeS – Núcleo de Investigação em Ciências e Tecnologias da Saúde, ERISA, Rua do Telhal aos Olivais, 8/8a, 1950-396 Lisboa, Portugal. E-mail: miguel.faria@meo.pt
Submissão: 23/09/2015 Aceitação: 02/06/2016