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Análise Psicológica
versão impressa ISSN 0870-8231versão On-line ISSN 1646-6020
Aná. Psicológica vol.35 no.3 Lisboa set. 2017
https://doi.org/10.14417/ap.1174
A experiência do bebé na creche: Perceções de mães e de educadoras no período de transição do contexto familiar para a creche
Catarina Rodrigues Grande1, Inês Brandão Nunes1, Vera Coelho1, Joana Cadima1, Sílvia Barros2
1Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto
2Escola Superior de Educação, Instituto Politécnico do Porto
RESUMO
A transição do bebé para a creche constitui um processo crítico e complexo para os profissionais das creches, as famílias e as crianças, que experienciam a separação dos pais e a adaptação a um novo espaço, a novas rotinas e a novas pessoas com quem passam a interagir (Datler, Ereky-Stevens, Hover-Reisner, & LarsErik Malmberg, 2012). Assim, uma transição cuidadosamente planificada deve ser integrada no funcionamento global da creche procurando identificar fatores que influenciam a adaptação do bebé ao novo contexto e fatores que promovam a continuidade de práticas e rotinas entre o contexto de creche e o contexto familiar (Peixoto, Coelho, Pinto, Cadima, Barros, & Pessanha, 2014).
Este estudo visa contribuir para a compreensão da experiência do bebé no período de transição do ambiente familiar para a creche, analisando a perceção das mães e das educadoras acerca do estado emocional do bebé, da manutenção das rotinas e da comunicação família-creche nesse período. Mães e educadoras de 90 bebés da Grande Área Metropolitana do Porto responderam ao Questionário de Experiência na Creche (Skouteris & Dissanayake, 2001), na primeira e na quarta semana de frequência da creche.
A perceção das mães e educadoras acerca do estado emocional dos bebés, da manutenção das rotinas e comunicação família-creche foi positiva, verificando-se perceções mais positivas das educadoras relativamente ao estado emocional e à comunicação família-creche. Da primeira para a quarta semana registou-se (a) uma avaliação mais positiva do estado emocional dos bebés, percebido pelas mães e educadoras; e (b) uma diminuição da frequência da comunicação. Adicionalmente, os resultados indicam que um estado emocional dos bebés mais positivo parece estar associado a uma maior frequência de comunicação entre a família e creche, relatada pelas educadoras. Foi ainda verificado que as crianças que permanecem menos tempo na creche na primeira semana são as que apresentam um estado emocional mais positivo na quarta semana, de acordo com a perceção das educadoras.
Este estudo parece sublinhar o cuidado das famílias e educadores na transição dos bebés para a creche e destacar a importância do envolvimento das famílias e profissionais para um melhor ajustamento do bebé.
Palavras-chave: Transição, Comunicação família-creche, Adaptação.
ABSTRACT
Infants’ transition to day-care center is a critical and complex process for professionals working in the day-care centers, families and children who experience parental separation and adaptation to a new space, new routines and new people with whom they have to interact (Datler, ErekyStevens, HoverReisner, & LarsErik Malmberg, 2012). As such, a carefully planned transition must be part of the day-care center global functioning, which shall try to identify factors that influence infant adaptation to the new context and factors that promote the continuity of practices and routines between both day-care center and family contexts (Peixoto, Coelho, Pinto, Cadima, Barros, & Pessanha, 2014).
This study aims to contribute to the understanding of infant experience during the transition period from the family environment to the day-care center, analyzing mothers’ and teachers’ perception of the infant’s emotional state, the maintenance of routines between settings and the frequency of parent-daycare center communication during this period. Mothers and teachers of 90 infants of the Great Metropolitan Area of Oporto replied to the Questionnaire of Experience in the Day-care center (Skouteris & Dissanayake, 2001), in the first and in the fourth week of the day-care center attendance.
Mothers’ and teachers’ perception of infants’ emotional state and frequency of communication between family and day care was positive, with teachers showing a more positive perception regarding both their emotional state and communication. From the first to the fourth week (a) a more positive evaluation regarding the emotional state of the infants was reported by the mothers and the teachers, as well as (b) a decrease in frequency of communication. Additionally, results indicate that more positive emotional state of the infants seems to be associated with higher communication frequency between the family and day-care center personnel, reported by the teachers. It was also verified that children who remain less time in the day-care center during the first week are those who show a more positive emotional state in the fourth week, according to teachers’ perceptions.
This study seems to highlight the care of both families and teachers during infants’ transition to day-care center and to emphasize the importance of the involvement of both families and professionals in order to allow for a better adjustment of the infant.
Key words: Transition, Parent-caregiver communication, Adjustment.
Introdução
Nos últimos anos, como resultado de mudanças culturais e socioeconómicas, das quais pode ser destacado o facto de ambos os pais partilharem, cada vez mais, a tarefa de assegurar o rendimento económico familiar, Portugal tem assistido a uma progressiva expansão dos serviços de creche. Efetivamente, dadas estas recentes alterações na sociedade, a tarefa de cuidar e educar as crianças mais pequenas não é exclusivamente assegurada pela família, como tradicionalmente acontecia, pelo que é necessário recorrer a outros contextos de educação e cuidados (Segurança Social, 2010). Esta situação tem levado ao aumento da preocupação acerca da qualidade desses serviços (Azevedo, 2011). Além disso, o facto de cada vez mais crianças permanecerem uma parte significativa do seu dia no contexto extrafamiliar e, muitas vezes, logo nos primeiros meses de vida, justifica um maior interesse no estudo sobre o impacte da qualidade destes serviços no desenvolvimento e bem-estar da criança. Especificamente, estudar o processo de transição e adaptação a este novo contexto revela-se importante para o desenvolvimento de práticas adequadas de acolhimento e acompanhamento da criança no contexto de creche, de modo a que se proceda a uma transição cuidadosamente planificada baseada em fatores que influenciam a adaptação do bebé ao novo contexto e que promovam a adequada continuidade entre o contexto de creche e o contexto familiar (Peixoto et al., 2014). Considerando que a investigação neste domínio, especialmente no primeiro ano de vida, é ainda escassa, em particular em Portugal, o presente estudo visa contribuir para o estudo da experiência do bebé no período de transição do ambiente familiar para a creche. Especificamente, neste estudo descreve-se a perceção das mães e das educadoras em relação a vários aspetos relacionados com a adaptação do bebé à creche, com particular enfoque no estado emocional do bebé e na frequência da comunicação entre a família e os profissionais da creche no primeiro mês de frequência da creche.
Em Portugal, de acordo com o relatório de 2011 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (Organization for Economic Co-operation and Development [OECD], 2011) mais de 60% dos pais de crianças em idades precoces trabalham a tempo inteiro. As creches têm emergido como forma de dar resposta às necessidades das famílias que, frequentemente, não têm possibilidade de assegurar os cuidados e educação das suas crianças, sem recorrer a este contexto (Portugal, 1998). De facto, em 2012, as creches e amas dos centros urbanos do país mantinham uma taxa de ocupação superior a 80% (Equipa de Estudos e Políticas, 2013), sendo a procura acompanhada pelo aumento da taxa de cobertura das respostas sociais para a primeira infância, como creches e amas (Equipa de Estudos e Políticas, 2014), que se situa nos 46%. Adicionalmente, a oferta de horários mais alargados tem correspondido também às necessidades das famílias. Em 2013, o número médio de horas de funcionamento das creches foi de 11.8 horas e a permanência diária de cada criança na creche foi, em média, de cerca de 7 horas (Equipa de Estudos e Políticas, 2013). Os dados relativos às taxas de cobertura e ocupação, assim como aos horários de funcionamento das creches e número médio que as crianças passam nas creches, são muito relevantes mas não suficientes para a compreensão da experiência das crianças, com idades tão precoces, no contexto de creche. Como vários estudos têm salientado, a qualidade da educação e dos cuidados que são providenciados assumem um papel imprescindível. Neste sentido, a National Association for the Education of Young Children (NAEYC, 1997) define que um contexto educativo de elevada qualidade consiste naquele que garante um ambiente seguro, que promove o desenvolvimento físico, social, intelectual, emocional e da linguagem das crianças, ao mesmo tempo que é sensível às necessidades e preferências das suas famílias. É, assim, importante estudar a qualidade desses ambientes educativos, pois existe uma relação consistente entre a elevada qualidade dos contextos de creche e o desenvolvimento das crianças, ao longo dos primeiros anos de vida (Vandell & Wolfe, 2000).
Nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos – OCDE, tem-se assumido que os conceitos de “cuidados” e “educação” são inseparáveis e que serviços de boa qualidade devem fornecer ambos. No entanto, as definições de qualidade variam entre países e entre diferentes grupos, dependendo dos valores, crenças, contexto socioeconómico e necessidades da comunidade em questão (OCDE, 2011). Deste modo, a OCDE adotou uma abordagem com dois planos, a qualidade estrutural e a qualidade de processo, considerando o desenvolvimento da criança como objetivo/meta da existência de qualidade (Aguiar, Bairrão, & Barros, 2002).
As características estruturais incluem as especificidades do ambiente de cuidados da criança e as particularidades dos cuidadores habitualmente legisladas, como por exemplo, o número de crianças por grupo, o rácio adulto-criança, a formação e a experiência do pessoal e características das instala ções e do espaço físico, como a área da sala (Vandell & Wolfe, 2000). Por sua vez, a qualidade de processo refere-se às características do ambiente e às interações sociais que são de natureza mais dinâmica e que se referem às experiências que ocorrem mais diretamente com as crianças, incluindo as interações com os adultos e com os pares, bem como a sua participação em diversas atividades (Vandell & Wolfe, 2000). Ainda que os objetivos que surgem predominantemente nas creches sejam os de proteção, guarda e prestação de cuidados básicos à criança, coloca-se a questão relativamente ao benefício que a criança obtém, ou não, ao frequentar esse contexto desde os primeiros meses de vida (Portugal, 1998). A investigação tem procurado dar resposta a esta questão, sendo que os estudos mais recentes frequentemente incluem o estudo dos níveis de cortisol. Esses estudos têm evidenciado que a frequência da creche tem efeito nos níveis de cortisol, particularmente em crianças com menos de 36 meses de idade. Vermeer e Van IJzendoorn (2006) sugerem que o nível elevado de cortisol encontrado poderá ser explicado por interações stressantes que as crianças estabelecem no novo contexto, correspondendo a uma resposta às tensões da vida em grupo na creche e que, ao mesmo tempo, pode tornar a criança mais vulnerável. Datler e colaboradores (2012) verificaram igualmente que nos bebés que frequentam pela primeira vez contextos de cuidados para a infância, os níveis de desconforto comportamental aumentam e o seu comportamento é inibido. Por outro lado, os mesmos autores relatam que, com o aumento do tempo de permanência nos contextos de cuidados para a infância, as crianças mostram-se gradualmente mais envolvidas, apresentam mais afetos positivos e menos afetos negativos, maior atividade e interesses e maior contacto com os pares, mesmo quando o contacto e conforto dos adultos é menor comparativamente ao contacto que tinham antes da entrada na creche.
Os bebés que frequentam pela primeira vez o contexto de creche experimentam um conjunto de alterações que requerem a sua adaptação: não só a separação da família, mas também adaptação ao espaço, organização, rotinas e pessoas com quem interagem (Datler et al., 2012; Fernandez, 2004). Esta adaptação que ocorre no processo de transição implica que a criança enfrente novos constrangimentos: o seu sistema de desafios e de recursos ficam num estádio de desequilíbrio, obrigando-a a rearranjar os seus recursos para dar resposta a esse desafio específico (Dodge, Daly, Huyton, & Sanders, 2012). Estes processos de reorganização e, portanto, o alcance de bem-estar podem surgir como indicadores da adaptação. Araújo e Costa (2010) definem que o conceito de bem-estar da criança se pode traduzir na forma como o ambiente educacional a pode fazer sentir-se confortável ou desconfortável consigo mesma e, ainda, como o ambiente demonstra respeito relativamente às necessidades básicas da criança. De acordo com esta perspetiva, o bem-estar da criança é considerado uma das principais condições da sua aprendizagem, pelo que é não só fundamental garantir experiências de aprendizagem significativas que criem sentimentos de bem-estar, como também promover sentimentos de bem-estar que lhe forneçam condições para aprender de forma significativa (Machado, 2014). No mesmo sentido, Dodge et al. (2012), na sua definição de bem-estar, consideram o equilíbrio entre os desafios e os recursos psicológicos, sociais e físicos do indivíduo. Assim, deve existir uma reflexão cuidadosa por parte do educador para proporcionar condições de bem-estar às crianças, para que cresçam e aprendam em harmonia (Machado, 2014), pois se a criança se sentir apoiada, num ambiente acolhedor e seguro, estará mais feliz, mais disponível para explorar o seu contexto e aprender. De facto, é fundamental considerar que todas as crianças possuem o seu próprio padrão de desenvolvimento e que, em idades precoces, necessitam que lhes seja dado espaço, tempo e apoio de forma a permitir a promoção do desenvolvimento, respeitando principalmente o seu ritmo e as suas necessidades (Segurança Social, 2010). Estes cuidados são particularmente relevantes no período de transição entre contextos.
Assim, afigura-se pertinente procurar compreender os processos de transição, visto que estes podem influenciar a adaptação do bebé ao novo contexto. Segundo o modelo bioecológico de Bronfenbrenner (2005; Bronfenbrenner & Morris, 2006), pode definir-se transição como sendo um processo dinâmico, no qual ocorrem importantes mudanças ao nível das relações entre as crianças, o seu contexto familiar e os cuidados que lhes são prestados, assumindo-se que este processo tem implicações no desenvolvimento das mesmas. Para além disso, as interações que ocorrem vão sendo alteradas ao longo deste processo, pelo que o fator tempo assume uma dimensão a considerar. A transição deve sempre ser um processo no qual se identificam e se devem considerar as dimensões relativas a (a) cuidados prestados, (b) contexto familiar, (c) comunicação cuidadores-pais e (d) ajustamento e adaptação da criança (Portugal, 1998).
Quanto aos cuidados prestados e ao contexto familiar, é importante que exista uma manutenção das rotinas entre os dois contextos, para assegurar a estabilidade da criança, um sentido de segurança e confiança relacionado com o sentimento de que as pessoas e o mundo são previsíveis e lhe oferecem experiências interessantes. O impacte do tempo de permanência na creche não é consensual na literatura. Com a crescente necessidade das famílias prolongarem a permanência da criança em contexto de educação de infância, é de extrema importância garantir que estes contextos sejam de elevada qualidade, garantindo à criança e sua família um ambiente físico e social promotor do desenvolvimento, como foi referido. Os profissionais de educação de infância têm, neste âmbito, um papel crucial, sendo que Portugal (2011) realça a importância de o adulto aprender e adaptar-se aos ritmos de sono e alimentares do bebé, compreender o seu comportamento perante novos objetos e pessoas, bem como ter conhecimento das suas preferências na forma de ser alimentado, adormecido ou confortado. De facto, como o dia-a-dia dos bebés se organiza em função de experiências de cuidados, esses cuidados constituem oportunidades únicas para interações adulto-criança próximas e individualizadas e para aprendizagens visuais e táteis relevantes. Assim, quando as rotinas são experiências agradáveis, as crianças têm oportunidade de aprender que as suas necessidades são atendidas e que os adultos estão disponíveis (Portugal, 2011). Importa também realçar que a partir do momento em que é entregue a algum cuidador do contexto educativo extrafamiliar, o bebé não tem os seus habituais pontos de referência naquele contexto, pelo que se pode desenrolar uma certa desorganização (Portugal, 2011). Desta forma, em idades precoces, práticas adequadas ao desenvolvimento, como tem sido amplamente trabalhado pela NAEYC (2009), implicam que os adultos revelem capacidades de adaptação flexível perante a modificação rápida das necessidades das crianças. De modo a fornecer oportunidades de desenvolvimento a cada criança, o papel do adulto passa por manter observações cuidadosas e por recorrer à imaginação na utilização dos diferentes recursos disponíveis, visto que, principalmente durante os três primeiros anos de vida, as capacidades das crianças alteram-se rapidamente (Portugal, 2011).
A transição do bebé do contexto familiar para a creche pode ser facilitada quando a comunicação cuidador-pais é promovida. Neste sentido, Peixoto e colaboradores (2014) referem que os múltiplos constrangimentos decorrentes dos desafios deste período de transição podem ser minimizados através da implementação de práticas de comunicação adequadas. A este respeito, Oliveira-Formosinho (2007) afirma que a interação, comunicação e colaboração entre estes promovem ganhos desenvolvimentais mais significativos nas crianças, contribuindo também para diminuir o nível de stresse familiar e para o desenvolvimento profissional dos educadores. Num estudo recente, Coelho e colaboradores (2015) sublinham a importância da existência de comunicação entre pais e os prestadores de cuidados como uma característica dos contextos de educação e cuidados de elevada qualidade para bebés. No mesmo sentido, Ghazvini e Readdick (1994) relataram uma associação positiva entre a qualidade da creche e a quantidade de comunicação bidirecional entre as famílias e os prestadores de cuidados. Uma comunicação frequente e aberta entre pais e educadores parece ser valorizada por ambos (Coelho et al., 2015; Leavitt, 1995) e contribuir para o bem-estar e desenvolvimento das crianças (Coelho et al., 2015; Oliveira-Formosinho, 2007). O aumento da comunicação entre pais e educadores, relatada por ambos, especialmente acerca do comportamento e das experiências da criança, foi significativamente relacionado com a interação: favorece, não só, a ligação entre os contextos, tornando-os mais estimulantes, mas também potencia a capacidade dos cuidadores fornecerem suporte e serem mais responsivos com a criança (Owen, Ware, & Barfoot, 2000). No estudo destes autores, verificou-se, ainda, a existência de maior qualidade na interação com a criança por parte da mãe quando esta estabelece maior parceria com o educador. Assim, Owen e colaboradores (2000) indicam que a qualidade da experiência da criança em cada ambiente pode ser melhorada quando a ligação entre a família e o contexto educativo é próxima, existindo cooperação entre os cuidadores no processo de desenvolvimento da criança.
Relativamente à dimensão ajustamento e adaptação da criança, Portugal (1998) afirma que em creches onde os educadores não dão importância às especificidades de cada criança e acreditam que todas devem realizar a mesma atividade, e ao mesmo tempo, a sua adaptação é dificultada. Desta forma, compreende-se que o processo de transição de uma criança para a creche deve implicar a compreensão de cada criança per se.
Um outro aspeto a considerar é a dimensão temporal nas práticas de transição para a creche. Fuertes (2010) sublinha que o efeito do tempo diário em creche pode depender da qualidade desse contexto e que a investigação tem encontrado resultados contraditórios a este nível. De qualquer modo, refere alguns estudos (e.g., NICHD ECCRN, 2004, 2005), que parecem apontar as sete horas como máximo de tempo indicado para permanência da criança em creche.
Em suma, Portugal (1998) afirma que para se desenvolverem práticas adequadas de acolhimento da criança e, assim, facilitar o seu processo de separação, transição e adaptação à creche, importa considerar não só todo o conjunto complexo de relações que ocorrem naquele novo contexto, mas também a criança e os pais. Além disso, importa também que os educadores na creche sejam responsáveis e capazes de investir e evoluir as suas práticas profissionais. Esta questão da separação/transição não deve ser vista unicamente com foco na criança, mas integrada no funcionamento global de uma creche de qualidade: adultos sensíveis e informados, competentes e implicados em de interações de qualidade, capazes de organizar espaços estimulantes, responsivos, confortáveis e promotores de autonomia (Portugal, 2011).
A necessidade de compreender os processos de adaptação do bebé, bem como as práticas de transição justifica a crescente preocupação e o estudo sobre esta temática. Neste sentido, é urgente compreender as práticas de transição e consequente adaptação do bebé e da família ao contexto de creche, de forma a identificar fatores que influenciam estes processos. Assim, o presente estudo enquadra-se no projeto de investigação “Transição dos bebés para a creche: Comunicação família-creche, qualidade dos contextos e adaptação do bebé” [FCOMP-01-0124-FEDER-029509; FCT PTDC/MHC-CED/4007/2012], que se centrou no estudo dos contextos de educação em idades precoces e apresentou como principal objetivo investigar a transição do bebé para a creche, examinando em que medida variáveis da família, da creche e a comunicação pais-cuidadores influenciam a adaptação do bebé ao longo dos primeiros 6 meses.
Especificamente, neste estudo, pretende-se compreender as perceções de mães e educadoras relativamente ao processo de transição e à adaptação do bebé ao contexto de creche, assumindo que frequentemente são as mães e as educadoras que permanecem mais tempo com a criança e que, por isso, acompanham de forma mais direta as rotinas e o seu processo de adaptação e transição. Estas perceções foram recolhidas em dois momentos distintos, na primeira e na quarta semana de frequência da creche. A escolha destes dois momentos teve em consideração que (a) a primeira semana tem sido indicada como aquela em que deve haver um maior cuidado no acolhimento da criança, existindo inclusivamente um grande consenso na literatura de que o número de horas de permanência na creche vá aumentando gradualmente ao longo desse período inicial (e.g., Fein, 1995; Peixoto et al., 2014), e que (b) em Portugal, a entidade que tutela as creches, a Segurança Social, ao explicitar as diversas práticas de transição, indica que o período de adaptação não deve ser superior a quatro semanas (2010). O estudo tem como objetivos específicos: (a) descrever diferentes aspetos da experiência do bebé na creche, particularmente o estado emocional do bebé e a frequência da comunicação família-creche percebidos por mães e educadoras; (b) explorar as relações entre as perceções das mães e das educadoras na primeira e na quarta semana de frequência da creche, nas dimensões estado emocional do bebé e frequência da comunicação família-creche; e (c) explorar as relações entre as horas de permanência do bebé na creche na primeira semana e na quarta semana e as dimensões estado emocional do bebé e frequência da comunicação família-creche.
Método
Participantes
As instituições participantes neste estudo foram selecionadas com base na listagem de creches da grande área metropolitana do Porto, disponível no Website do Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social. Todas as creches foram ordenadas segundo uma listagem de números aleatórios e todas foram contactadas e convidadas a participar no estudo, tendo-lhes sido apresentados os objetivos, bem como os critérios que a instituição deveria cumprir para integrar o projeto: apenas poderiam participar instituições que possuíam pelo menos uma sala de berçário e que tinham bebés inscritos para iniciar a frequência da creche entre setembro de 2013 e fevereiro de 2014. Integraram o projeto as primeiras 90 creches que cumpriam esses critérios e que aceitaram colaborar.
Participaram no presente estudo as mães de 90 bebés que frequentavam a creche, assim como as profissionais de educação (N=90) indicadas pelas creches como responsáveis pelas salas frequentadas pelos bebés (i.e., educadora de infância ou auxiliar de educação). Todas as crianças eram de nacionalidade portuguesa, 45 eram do sexo feminino e 45 do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 3 e os 8 meses (M=4.20, DP=1.25), na primeira observação. Recolheram-se ainda informações acerca do número médio de horas que estas crianças passavam na creche, por dia, durante a primeira semana (M=6.54, DP=2.08), tendo sido verificado que o tempo mínimo foi de 2.10 horas e o máximo de 11 horas. Na quarta semana, o mínimo de horas que estas crianças passaram na creche, por dia, foi de 3.30 horas e o máximo de 10.70 (M=7.71, DP=1.51).
Relativamente às características das famílias dos bebés, as mães tinham idades compreendidas entre os 23 e os 42 anos (M=31.99, DP=3.97) e tinham completado entre 4 e 22 anos de escolaridade (M=14.37, DP=3.57). Antes da licença parental, 77 encontravam-se empregadas e 12 em situação de desemprego. O rendimento económico do agregado familiar variou entre 356 euros e 3750 euros (M=1626.94, DP=668.54).
Fizeram parte da amostra 90 profissionais, com idades compreendidas entre os 20 e os 64 anos (M=42.53, DP=9.97). Destes, 21 eram educadoras de infância com formação superior em educação e 69 eram auxiliares de ação educativa. Destas profissionais, 55 afirmaram ter tido formação na área nos últimos 12 meses e 35 não referiram ter qualquer formação no último ano. Neste trabalho, utilizaremos a palavra “educadoras” como termo que abrange todas as profissionais que participaram no estudo.
Instrumentos
Questionário de Experiência na Creche (QEC; Skouteris & Dissanayake, 2001). O Daycare Experience Questionnaire foi utilizado neste estudo para avaliar o processo de adaptação do bebé à creche no período de transição do ambiente familiar para este contexto de educação extrafamiliar. Foi utilizada a versão portuguesa, traduzida e adaptada. Este processo incluiu tradução inicial, revisão da tradução, retroversão e estudo piloto com um grupo de auxiliares de educação, educadoras de infância e mães de crianças que não participaram no projeto de investigação. O estudo piloto permitiu efetuar ajustes de modo a tornar a formulação dos itens mais clara e adequada ao contexto português. Estas fases são as recomendadas na literatura (e.g., Sireci, Yang, Harter, & Ehrlich, 2006; Skouteris & Dissanayake, 2001).
O QEC tem duas versões, uma para pais e uma para educadores, que podem ser preenchidas em momentos diferentes de frequência da creche (primeira semana, semanas subsequentes e preenchimento retrospetivo, após um período longo de frequência da creche). Neste estudo, foram utilizadas as versões para mães e para educadores para preenchimento na primeira semana (S1) e para preenchimento nas semanas subsequentes, neste caso na quarta semana (S4).
A versão do QEC a ser preenchida pelas mães na primeira semana é constituída por 28 itens. Quatro itens correspondem a perguntas abertas ou semiabertas relativas: à perceção da mãe de que o bebé esteve feliz e adaptado à creche (item 1), ao facto de a mãe amamentar ou não na creche (item 10) e à deslocação entre a casa e a creche (itens 19, 20, 21). Seis itens são respondidos em escalas de Likert, referindo-se à forma como a creche lidou com a transição do bebé, à satisfação da mãe relativamente à creche e à perceção global relativamente à adaptação do bebé (itens 11 a 15, 18). Os restantes 18 itens são respondidos numa escala de Likert (1=quase nunca), 2=raramente, 3=variável, geralmente não, 4=variável, geralmente sim, 5=frequentemente, 6=quase sempre), tendo alguns a opção “Não Aplicável” (NA), e foram organizados pelos seus autores em quatro dimensões: (a) estado emocional do bebé na creche (5 itens), (b) manutenção das rotinas diárias do bebé na creche (3 itens), (c) manutenção das rotinas diárias do bebé em casa (3 itens), e (d) comunicação família-creche (7 itens). Os itens acerca da perceção da comunicação família-creche foram incluídos pela equipa do projeto, com base na literatura sobre transição e adaptação do bebé ao contexto educativo (por exemplo, Owen, Ware, & Barfoot, 2000), com parecer favorável das autoras do instrumento original.
A versão para as mães relativa à quarta semana é constituída por 26 itens. Inclui essencialmente as mesmas questões da versão da primeira semana, com as seguintes diferenças: acrescenta um item que procura compreender se ocorreram alterações significativas quanto ao número de horas que o bebé passa na creche e não inclui os itens relativos à deslocação entre creche/trabalho/casa.
As versões preenchidas pelas educadoras são semelhantes às das mães, embora sejam excluídas as questões acerca das rotinas de amamentação, manutenção das rotinas do bebé em casa, deslocação para a creche, e questões acerca da forma como foi feita a gestão da transição e adaptação do bebé por parte dos profissionais.
Neste estudo, procedeu-se à análise fatorial exploratória, com rotação Varimax, para analisar a estrutura dimensional do QEC na versão para as mães e para as educadoras, para a primeira e para a quarta semana de permanência do bebé na creche. Foi aplicado o teste de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) para verificar a adequabilidade dos dados (Pestana & Gageiro, 2008) e verificou-se uma boa relação entre os itens, confirmada pelo critério KMO entre .66 e .73 para as quatro versões do questionário e por um teste de Bartlett com um nível de significância <.001, permitindo proceder à análise fatorial de extração das componentes principais. Foi encontrada uma solução a dois fatores para todas as versões do QEC, por ser a solução mais aceitável. Os itens relacionados com as rotinas (itens 7, 8 e 9) foram retirados porque não saturaram em nenhum dos fatores encontrados. Foram encontrados os valores de saturação entre .38 e .90. A consistência interna dos fatores encontrados em cada versão do questionário variou entre .64 e.88. Com base na análise fatorial descrita, os dois fatores encontrados foram denominados Estado Emocional e Comunicação Família-creche (ver Quadro 1).
Questionário de características sociodemográficas da família (Pessanha, Barros, Pinto, & Cadima, 2013). Este questionário é constituído por 13 itens e permite recolher informação sociodemográfica das famílias dos bebés, como: características dos elementos do agregado familiar (sexo, idade, nacionalidade, etnia, nível de escolaridade, entre outros), rendimento económico do agregado familiar, acontecimentos relevantes na vida da criança (morte de familiares, desemprego, divórcio, entre outros) e informações de saúde de familiares próximos (internamento, depressão, doenças crónicas, entre outros).
Questionário de características estruturais da creche (Barros, Pessanha, Pinto, & Cadima, 2013). Este questionário foi utilizado para se recolher informação de caráter estrutural sobre as salas de berçário e os profissionais que nelas trabalham. Preferencialmente, o preenchimento do questionário era feito pelo profissional que passava mais tempo na sala com o grupo de bebés. Este instrumento contém 18 itens e permite obter informações acerca das características dos profissionais (idade, habilitações académicas, formação na área, número de horas do profissional na creche, entre outros), bem como informações acerca do funcionamento da sala (descrição das rotinas, espaços utilizados na sala, existência de planos escritos, entre outros). O número de horas de permanência do bebé na creche foi recolhido através de um registo diário da hora de entrada e saído do bebé na creche na primeira e quarta semana de frequência.
Procedimentos
Recolha de dados. Antes da entrada do bebé na creche, em contexto familiar, foi pedido aos pais que respondessem a questões acerca das caraterísticas sociodemográficas da família, para caracterização dos participantes e outros objetivos do projeto mais amplo. O QEC, na versão para mães e para educadores, foi preenchido em contexto de creche, por mães e por educadoras, separadamente, na primeira e quarta semanas após a entrada do bebé neste contexto. A recolha de dados decorreu entre junho de 2013 e março de 2014.
Análise de dados. De modo a responder aos objetivos do presente estudo, recorreu-se à estatística descritiva e inferencial (análises de correlação e de diferenças de médias para medidas repetidas). Utilizaram-se as convenções propostas por Cohen (1992), considerando-se pequeno um r de .10 (associação fraca), médio um r de .30 (associação moderada) e grande um r de .50 (associação forte). Teve-se ainda como referência o nível de significância de .05 (cf. Field, 2005).
Resultados
Num primeiro momento, são descritas as variáveis que correspondem à perceção das mães e, de seguida, as que dizem respeito à perceção dos educadores, ambas relativamente ao estado emocional do bebé e à comunicação família-creche (Quadro 1). O valor global relativo ao Estado Emocional dos bebés percebido pelas mães apresentava uma grande amplitude (com valores mínimos de 2.5 e máximos de 6), sendo o valor médio bastante elevado (M=5.00, DP=0.95). Este valor aumentava para 5.32 (DP=0.76) na semana 4. O valor médio relativo à perceção das educadoras acerca do Estado Emocional dos bebés foi também elevado, variando entre 5.01 na primeira semana e 5.53 na quarta semana. No que diz respeito à perceção das mães acerca da comunicação, o valor médio na primeira semana foi 3.51 (DP=0.52), diminuindo na quarta semana (M=3.35, DP=0.72). Os resultados médios relativos à perceção das educadoras acerca da comunicação eram um pouco mais elevados (M=3.75, DP=0.48 na S1 e M=3.76, DP=0.45 na S4).
Como foi referido, o QEC inclui vários itens, respondidos em escalas de resposta variáveis, que permitem descrever a experiência do bebé na creche, mas que, pelas suas características, não foram considerados na análise fatorial. Verificamos que 92% das mães afirmaram que o seu bebé esteve feliz e adaptado à creche durante a primeira semana e 91% a quarta semana. Quando questionadas acerca da forma como a instituição geriu a transição do bebé, 85% das mães na primeira semana e 84% das mães na quarta semana afirmaram que a mesma a geriu “muito bem”. Ainda acerca do contexto de creche, 94% das mães afirmava, na primeira semana, estar “muito satisfeita” com a sua relação com os colaboradores da instituição, e 89.2% na quarta semana. Por sua vez, 70.5% das mães afirmavam, na primeira semana, que estavam muito satisfeitas com a prestação de cuidados que o bebé recebeu por parte da creche, sendo que 69.5% tinha essa opinião na quarta semana.
No que diz respeito ao processo de adaptação do bebé à creche na primeira semana, 38.6% das mães afirmavam que foi um processo fácil e 39.8% muito fácil. Na quarta semana, o processo de adaptação foi classificado como “muito fácil” por 58.5% das mães.
Relativamente à rotina do sono, 47.7% das mães afirma que esta se manteve “quase sempre” em casa, durante a primeira semana, e 56.1% na quarta semana. Na primeira semana, 72.7% das mães referem ainda que a rotina dos alimentos líquidos se manteve “quase sempre” em casa, ao longo dessa semana. Na quarta semana esta percentagem apresentava-se idêntica: 72%. Na primeira semana 73.4% afirma que se manteve também “quase sempre” a rotina dos alimentos sólidos. Na quarta semana este valor é 76.6%. Para além disso, na primeira semana, 67% das mães afirma que “quase sempre” o seu bebé esteve bem ao fim da tarde, depois de sair da creche. Na quarta semana esta percentagem sobe para 72%. Quanto à amamentação, na primeira semana, 67% das mães refere que o bebé era amamentado na creche, não havendo alteração a este nível na quarta semana em 93.6% dos casos.
Relativamente aos resultados dos itens relacionados com a manutenção das rotinas – itens que não saturaram na análise fatorial do questionário mas cuja informação consideramos pertinente para descrever a experiência dos bebés durante o primeiro mês na creche – , 40.9% das mães referiu que a rotina do sono foi mantida na creche na primeira semana “quase sempre” e 50.6% na quarta semana. De acordo com a perceção das educadoras esta rotina foi mantida na creche “quase sempre” em 43.0% dos casos na primeira semana e em 69.4% na quarta semana.
De acordo com perceção das mães relativamente à manutenção da rotina dos alimentos líquidos (mama/biberão) na creche, 62.8% refere que esta rotina foi mantida “quase sempre” na primeira semana. Na quarta semana, 30.0% referiu que esta rotina era “frequentemente “mantida e 52.5% “quase sempre” mantida na creche. As educadoras referiram que na primeira semana em 62.4% dos casos a rotina dos alimentos líquidos (mama/biberão) era mantida na creche e que na quarta semana esta rotina era “frequentemente “mantida em 16.0% e 54.3% “quase sempre” mantida na creche.
Em relação à rotina dos alimentos sólidos do meu bebé as mães referiram que era 74.2% “quase sempre” mantida na creche na primeira semana. Já na quarta semana 31.3% das mães referiram que “frequentemente” a rotina dos alimentos sólidos era mantida na creche e 64.1% que era “quase sempre” mantida. Quando questionadas acerca desta rotina, 71.2% das educadoras referiu que esta rotina da alimentação sólida foi mantida ”quase sempre” na primeira semana e 77.8% na quarta semana.
Verificamos ainda que 90.9% das educadoras referiu que os bebés estiveram felizes e adaptados à creche na primeira semana e 78.9% refere que o mesmo ocorreu na quarta semana. No que diz respeito ao processo de adaptação do bebé à creche, na primeira semana, 44.8% das educadoras classifica-o como “fácil” e 41.4% como “muito fácil”. Na quarta semana, 62.4% das educadoras classificam este processo de adaptação como “muito fácil”.
Relativamente ao número de horas que os bebés permaneciam na creche, os valores encontrados indicam que na primeira semana os bebés estiveram em média 6.5 horas neste contexto, sendo o valor mínimo de 2 horas e o máximo de 11 horas diárias. Na quarta semana o valor médio de tempo de permanência na creche aumentou para 7.7 horas apresentando valores entre 3.3 horas e 10.70 horas.
Comparando os dados relativos às perceções das mães nas duas dimensões (Estado Emocional e Comunicação), na primeira e na quarta semana, verificámos: uma avaliação significativamente mais positiva do estado emocional na quarta t(81)=-3.159, p=.002, d=-.33; e uma diminuição da perceção da frequência da comunicação família-creche, t(80)=2.369, p=.020, d=.26. De modo semelhante, verificou-se que o estado emocional do bebé percebido pelas educadoras, na quarta semana, é significativamente mais positivo do que o estado emocional percebido na primeira semana, t(82)=-5. 608, p<.001, d=-.68. Não foram verificadas diferenças significativas na perceção da frequência da comunicação família-creche entre a primeira e a quarta semana.
Foram comparadas ainda as perceções das mães e das educadoras relativamente ao estado emocional e à comunicação. Foi possível verificar que: na quarta semana, os educadores relatam o estado emocional das crianças mais positivo comparativamente às mães, t(82)=-2.75, p=.007, d=-.31; e que os educadores relatam uma maior frequência de comunicação, comparativamente às mães, quer na primeira semana t(86)=-3.81, p<.001, d=-.50, quer na quarta semana, t(81)=-4.70, p<.001, d=-.68.
Foram calculados coeficientes de correlação de Pearson de modo a analisar as associações entre as variáveis em estudo (Quadros 2, 3 e 4). Como se pode verificar nos Quadros 2 e 3, encontraram-se associações estatisticamente significativas, de magnitude pequena a forte, entre as perceções das mães e das educadoras nos dois períodos em causa. Estes resultados indicam que, apesar das diferenças descritas, há uma estabilidade relativa nos relatos das mães e das educadoras, ou seja, quanto mais elevados os valores relativos ao estado emocional e à comunicação família-creche na primeira semana mais elevados também os valores relativos a cada dimensão na quarta semana.
Do Quadro 3, é importante salientar também a associação positiva entre o estado emocional e a comunicação família creche na semana 4, na perceção das educadoras.
Verificou-se ainda uma associação negativa de efeito pequeno entre o número de horas de permanência do bebé na creche na primeira semana e o estado emocional do bebé percecionado pelas educadoras na quarta semana.
No Quadro 4, são apresentados os coeficientes de correlação entre as perceções das educadoras e mães, na primeira semana e na quarta semana, respetivamente. Podemos verificar a existência de associações com magnitude pequena, moderada e grande e estatisticamente significativa. O estado emocional percecionado pelas mães está positivamente associado, e com magnitude grande, à perceção do estado emocional por parte dos educadores na primeira e na quarta semana, indicando que há uma consistência relativa na perceção entre pais e educadores. Verificou-se a existência de associação positiva e de efeito moderado entre o nível de comunicação percecionada pelas mães e pelos educadores na primeira semana, assim como na quarta semana. Estes resultados indicam que as crianças cujas mães percecionam a comunicação entre contextos como mais frequente são aquelas cujos educadores também a consideram desse modo.
Discussão
Este trabalho assenta numa investigação realizada em contexto de creche, no período de transição das crianças do contexto familiar para este contexto de educação de infância, considerando-se o período de adaptação, as quatro primeiras semanas da sua frequência. Estes resultados foram obtidos através do Questionário de Experiência na Creche (QEC), traduzindo, neste estudo, as perceções das mães e de educadores acerca da comunicação estabelecida entre os contextos familiar e de creche, e do estado emocional do bebé, na primeira e na quarta semana. Assim, a discussão destas variáveis apoia-se na interpretação desses cuidadores e não em dados resultantes da observação. De acordo com o modelo bioecológico (Bronfenbrenner, 2005) a participação da família no contexto educativo – mesossistema – pode ser considerada uma extensão da qualidade do ambiente familiar e da qualidade da creche. Na educação em idades precoces, a relação criança/rotina/bem-estar surge como um aspeto fundamental a ser considerado pelos cuidadores do contexto de creche, sendo esta relação ainda mais relevante quando conhecida a influência que as rotinas apresentam no bem-estar das crianças e na forma como promovem o seu desenvolvimento e aprendizagem (Eichmann, 2014).
No presente estudo, avaliaram-se as perceções acerca do estado emocional (o bebé sorriu na chegada à creche; manteve-se feliz durante o dia; sorriu quando o foram buscar à creche), dimensão que está relacionada com o bem-estar, pois cada vez mais se reconhece que a alegria e o bem-estar devem ser parte integrante do processo de crescimento de cada criança (Eichmann, 2014) e, por isso, devem manter-se ao longo do tempo. Os nossos resultados vão ao encontro do referido por Eichmann (2014) dado que as mães e as educadoras se mostraram muito positivas relativamente ao estado emocional dos bebés na primeira e na quarta semana na creche. Nos itens adicionais presentes nos questionários das mães, as respostas indicam que para mais de metade das mães a adaptação dos seus bebés foi fácil ou muito fácil. É importante que as creches estejam atentas de modo a garantir que os bebés com processos de adaptação mais complicados tenham condições que facilitem essa transição. É bom salientar que as mães referiram ter havido bastantes alterações nas rotinas dos bebés, o que se pode constituir como um desfio neste período (e.g., Datler et al., 2012). Adicionalmente, mães e educadoras apresentaram uma perceção mais positiva do estado emocional do bebé na quarta semana, comparativamente à avaliação relativa à primeira semana, o que representa uma evolução favorável, indicando uma melhor adaptação à creche ao longo do tempo. É importante destacar que, na quarta semana, os educadores relatam um estado emocional das crianças mais positivo, comparativamente aos relatos das mães. Este resultado pode dever-se a alguma insegurança por parte das mães durante este período de separação, que as leva a serem mais exigentes na sua avaliação do estado emocional dos seus bebés, ou ao facto de as educadoras poderem considerar todo o período de permanência do bebé na creche e as mães apenas terem indicadores no momento da chegada e da saída da creche.
Relativamente à perceção da frequência da comunicação família-creche há uma diminuição na quarta semana, quando comparada com o relatado da comunicação na primeira semana do bebé na creche, na perceção das mães e de educadoras. Todavia, quando comparados entre si, as educadoras relatam maior frequência de comunicação, comparativamente às mães, quer na primeira semana, quer na quarta semana. Este fenómeno pode dever-se ao facto de, nos primeiros dias de frequência na creche, por um lado, os pais terem mais necessidade de comunicar com os profissionais, de forma a facilitar o processo de transição da criança para a creche, bem como de promover a confiança entre os cuidadores de ambos contextos. Após estabelecida esta confiança e o conhecimento mútuo entre os contextos, a necessidade de comunicação diminui, embora seja importante que continue a existir. Segundo Bronfenbrenner (1979), a qualidade da relação família-creche influencia o comportamento da criança, que, por sua vez, influencia a relação com os cuidadores. Estes dois são os contextos de vida mais relevantes para as crianças destas idades, devendo, assim, estar em constante sintonia, pois a confiança recíproca entre cuidadores proporciona às crianças recursos importantes para o seu desenvolvimento e bem-estar. De acordo com Barros e Cruz (2012) a continuidade entre a família e os contextos extrafamiliares de educação é de extrema importância desde os primeiros anos de vida, pois as experiências precoces constituem pilares de desenvolvimento e de aprendizagem. De facto, esta partilha parece ser favorável, pois a interação positiva família-creche, bem como o envolvimento parental significativo, promovem a compreensão mútua, o respeito e a colaboração nas aprendizagens das crianças (Portugal, 1998), permitindo, segundo Eichmann (2014), melhores níveis de adaptação e de desenvolvimentos das mesmas.
A associação entre a perceção da frequência de comunicação das mães na primeira e na quarta semana, pode dever-se (a) ao facto de serem os mesmos sujeitos a percecionar esses processos de comunicação, considerando da mesma forma quais são as práticas mais adequadas para que esta comunicação se mantenha e (b) ao facto de ser a primeira perceção aquela que se mantém no tempo, caso não haja acontecimentos relevantes que a alterem. Deste modo, as famílias e os profissionais que percecionam estabelecer uma boa comunicação entre si, na primeira semana, mantêm este canal de interação que poderá ser muito relevante para o processo de adaptação da criança e para o bem-estar das famílias.
Parece-nos ainda importante destacar o elevado número de horas que o bebé permanece na creche na primeira e na quarta semana, sublinhando o facto que algumas destas crianças frequentam este contexto educativo 11 horas diariamente logo na primeira semana. Para além disto, a associação negativa encontrada entre o número de horas na primeira semana e o estado emocional percecionado pelas educadoras na quarta semana indica que as crianças que permanecem menos tempo na primeira semana na creche são as que apresentam um estado emocional mais adequado na quarta semana. Este resultado parece reforçar a importância de se implementarem práticas de transição aquando da entrada dos bebés na creche, nomeadamente o planeamento de aumento progressivo do número de horas que o bebé passa na creche nas primeiras semanas de frequência (Peixoto et al., 2014). Reforça ainda o descrito por Fuertes (2010), que refere resultados de investigação que apontam as sete horas como máximo de tempo indicado para permanência da criança em creche.
Em suma, a questão da transição deve ser integrada em todo o funcionamento global da creche, sendo importante realçar que, em idades precoces, os bebés necessitam de atenção às suas necessidades (físicas e psicológicas), pressupondo, como já foi referido, uma relação com um adulto responsivo em quem os pais depositam total confiança, bem como a oportunidade de experienciarem um ambiente seguro e saudável. De facto, o respeito e atenção ao bebé e o foco na qualidade das relações que se estabelecem com este devem ser o fundamento de um programa educativo de qualidade (Portugal, 2000, 2011). No presente estudo, a maioria das mães revelava-se satisfeita com a forma como a creche geriu a transição, com a relação com os profissionais da creche e com os cuidados prestados. Note-se que se trata da recolha de perceções das mães, sendo importante salientar que estudos anteriores mostraram que as práticas de educação e cuidados são avaliadas mais positivamente pelas mães do que por observadores externos (e.g., Barros & Leal, 2011).
Por fim, é importante referir algumas limitações deste estudo e propor reflexões para estudos futuros. Como limitações salientamos a questão da representatividade da amostra. Apesar dos participantes terem sido selecionados de forma aleatória de um conjunto alargado, as famílias que participaram apresentam condições sociodemográficas bastante homogéneas. Salientamos o elevado nível educativo das mães, o que poderá indicar algum enviesamento da mesma. Este facto pode ser explicado por se requerer, como critério de seleção, que as famílias tivessem planeado com antecedência a entrada dos seus bebés para a creche. Relativamente às instituições participantes, estas são na sua maioria creches particulares sem fins lucrativos pelo que não são representativas da população de creches da grande área metropolitana do Porto. Assim, em estudos futuros será importante incluir famílias com um nível sociocultural mais diversificado, assim como mais creches particulares com fins lucrativos.
No presente estudo, abordaram-se as perceções de mães e educadoras relativamente ao estado emocional do bebé e à frequência da comunicação. Desta forma, é importante ter sempre em consideração que os nossos resultados são baseados nessas perceções e interpretações dos participantes. Para além disso, será importante em estudos futuros, considerar essas perceções a par de observações em contexto. Assim será importante observar como se mantém o estado emocional do bebé ao longo do dia, bem como enriquecer as informações acerca da manutenção das rotinas, observando-se como interagem os educadores com as crianças nestes momentos diários e como enquadram esses cuidados nas restantes atividades do contexto educativo. Seria ainda relevante explorar como é assegurada a comunicação com o contexto de creche, através de que meios e em que situações como, por exemplo, se os pais são encorajados a levar as crianças à sala, se é nesse momento que se estabelece a comunicação, entre outros aspetos.
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A correspondência relativa a este artigo deverá ser enviada para: Catarina Grande, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, Rua Alfredo Allen, 4200-135 Porto, Portugal. E-mail: cgrande@fpce.up.pt
Este trabalho é financiado por Fundos FEDER através do Programa Operacional Factores de Competitividade – COMPETE e por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia no âmbito do projeto FCOMP-01-0124-FEDER-029509; FCT-PTDC/MHC-CED/4007/2012.
Parte dos dados deste artigo foi incluída na dissertação de Mestrado Integrado em Psicologia na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. Nunes, I. (2015). A Adaptação do bebé ao contexto de creche: Relação família-creche, envolvimento da criança e qualidade das interações.
Submissão: 30/09/2015 Aceitação: 25/05/2016