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Análise Psicológica
versão impressa ISSN 0870-8231versão On-line ISSN 1646-6020
Aná. Psicológica vol.36 no.1 Lisboa mar. 2018
https://doi.org/10.14417/ap.1354
Funcionamento familiar e estratégias de resolução de conflitos na fratria
Joana Lopes de Carvalho1, Inês Carvalho Relva2, Otília Monteiro Fernandes1
1Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal
2Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal / Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal
RESUMO
Diferentes caraterísticas familiares podem influenciar as táticas usadas pelos irmãos para resolver conflitos. O presente estudo analisa a relação entre o funcionamento familiar (medido pelas Family Adaptability and Cohesion Scales – FACES IV) e as táticas de resolução de conflitos (avaliadas através das Revised Conflict Tactics Scales – Sibling Version; CTS2-SP). A amostra foi constituída por 353 sujeitos (entre os 12 e os 18 anos de idade). Os resultados indicaram que os rapazes são quem mais utiliza a agressão física sem sequelas. Relativamente à relação entre o funcionamento familiar e as táticas de resolução de conflitos, as dimensões equilibradas do funcionamento familiar encontram-se associadas positivamente às táticas de resolução de conflitos adequadas (a negociação), verificando-se o oposto para as dimensões desequilibradas do funcionamento familiar, que apresentam associações positivas com a agressão (física e/ou psicológica). Os resultados sugerem um efeito preditor da qualidade do funcionamento familiar nas táticas de resolução de conflitos utilizadas no contexto fraterno. Parece, pois, necessário trabalhar com as famílias, com o objetivo de incrementar as suas competências, e deste modo melhorar a gestão dos conflitos na fratria.
Palavras-chave: Funcionamento familiar, FACES IV, CTS2-SP, Violência na fratria.
ABSTRACT
Different family characteristics can influence the tactics used by siblings to resolve conflicts. The present study analyzes the relationship between family functioning (measured by Family Adaptability and Cohesion Scales – FACES IV) and conflict resolution tactics (evaluated through the Revised Conflict Tactics Scales – Sibling Version). The sample consisted of 353 subjects (aged between 12 and 18 years old). The results indicated that male siblings make the most use of physical assault. With regard to the relationship between family functioning and conflict resolution tactics, the balanced dimensions of family functioning are positively associated with appropriate conflict resolution tactics (negotiation), with the opposite of the unbalanced dimensions of family functioning, which present positive associations with aggression (physical and/or psychological). The results suggest a predictive effect of the quality of family functioning in the conflict resolution tactics used in the fraternal context. Therefore, it seems necessary to work with families, with the aim of increasing their skills, and thus improve the management of conflicts in the fraternal context.
Key words: Family functioning, FACES IV, CTS2-SP, Sibling violence.
Introdução
A família é um lugar de aprendizagem de dimensões da interação e um espaço para vivência de relações afetivas profundas (Alarcão, 2000). É neste contexto que o desenvolvimento humano se inicia, sendo que o lugar que cada sujeito ocupa na sua família vai determinar as suas experiências e moldar a sua personalidade (Fernandes, Alarcão, & Raposo, 2007; Toman, 1993).
A família e os seus subsistemas organizados hierarquicamente, possui limites que a separam e ligam ao meio que a rodeia, sendo que os subsistemas que a compõem são o subsistema parental, o conjugal e o fraternal (Minuchin, 1974). Este último é um lugar de socialização no qual se experimentam e desenvolvem papéis que irão posteriormente ser usados em outros contextos, permitindo ainda o desenvolvimento de capacidade relacionais, como o apoio mútuo, o conflito e a negociação (Alarcão, 2000).
O funcionamento familiar
Minuchin (1974) propõe um esquema conceptual do funcionamento familiar que considera a família como um sistema social aberto que se encontra em constante transformação, e que passa por um conjunto de etapas que permitem que a família se desenvolva e reestruture. A família deverá, pois, adaptar-se às circunstâncias mantendo a sua organização e continuidade e permitindo que os seus elementos cresçam psicossocialmente.
Segundo Minuchin, Rosman e Baker (1978) o funcionamento familiar é caracterizado pela capacidade da família em trabalhar de forma una e de se adaptar a diferentes situações, sobretudo as que são de maior stresse. A adaptabilidade, a coesão, a comunicação e o suporte emocional são alguns aspetos que capacitam as famílias para lidar com o stresse (Alarcão, 2000).
O Modelo Circumplexo do Sistema Conjugal e Familiar (Circumplex Model of Marital and Family Systems – adiante designado como Modelo Circumplexo), de Olson e colaboradores, perspetiva que a coesão, a adaptabilidade, a comunicação e a satisfação familiares são relevantes para compreender o funcionamento de um sistema familiar. A coesão diz respeito às ligações emocionais entre os membros de uma família e mede a proximidade e o distanciamento entre eles; a adaptabilidade é definida como a capacidade de mudança da família na liderança, organização, papéis e relações, focando-se na gestão familiar da mudança e da estabilidade; a comunicação é a dimensão que facilita ou entrava as duas dimensões anteriores (a coesão e a adaptabilidade), e refere-se a todos os comportamentos de interação entre os membros da família (Olson, 2000, 2011); e a satisfação avalia o grau de contentamento dos membros da família com a coesão e a adaptabilidade familiares (Barnes & Olson, 1985; Olson, 2000).
A hipótese deste modelo é a de que as famílias com um funcionamento saudável apresentam níveis ajustados de coesão e adaptabilidade, e famílias com um funcionamento problemático apresentam níveis de coesão e adaptabilidade extremos (Olson, 2011). Níveis muito elevados e ou muito baixos de coesão (coesão emaranhada e desligada, respetivamente) e níveis de adaptabilidade muito elevada ou demasiado baixa (adaptabilidade caótica e rígida, respetivamente) acarretam problemas a longo prazo, quer para os indivíduos quer para as suas relações (Olson & Gorall, 2003).
Famílias com uma coesão equilibrada são capazes de obter um equilíbrio entre a separação e a ligação com os seus membros, são independentes e permanecem ligados às suas famílias. Famílias com uma adaptabilidade equilibrada tendem a conjugar a capacidade de mudar com a estabilidade (Olson, 2000). Famílias com uma coesão emaranhada apresentam relações demasiado próximas e muita dependência entre os seus membros, existindo pouca separação pessoal e pouca privacidade. Famílias com uma coesão desligada apresentam relações muito afastadas, pouco envolvimento e apoio mútuo entre os seus membros (Olson & Gorall, 2003). A adaptabilidade rígida é caracterizada pela existência de um elemento da família responsável pela tomada das decisões, pelos papéis bem definidos e pela não alteração das regras estabelecidas; e as famílias com uma adaptabilidade caótica apresentam uma liderança limitada, papéis pouco claros e a impulsividade na tomada de decisão (idem).
Quanto às dimensões da comunicação e satisfação familiares, a hipótese é que quer uma quer a outra sejam melhores quanto mais equilibradas forem as famílias (em coesão e adaptabilidade). Por isso, estas duas dimensões apresentam correlações positivas com as escalas equilibradas da FACES (a Family Adaptability and Cohesion Evaluation Scales é o instrumento que operacionaliza o Modelo Circumplexo) e negativas com as escalas desequilibradas, verificando-se a existência de uma associação linear entre a comunicação e a satisfação familiares e as dimensões da adaptabilidade e coesão (Barnes & Olson, 1985). Na versão mais recente da FACES (a FACES IV), para além das escalas da coesão e da adaptabilidade, passou a incluir as duas escalas que avaliam a comunicação familiar e a satisfação familiares (Visani, 2014).
Fratria e violência fraterna
A maioria dos estudos que se debruça sobre as relações familiares estuda a relação entre pais e filhos, sendo poucos os que analisam as relações fraternas (Goldsmid & Féres-Carneiro, 2011). Porém, as relações fraternas são únicas e muito relevantes na construção do sujeito e do laço social (idem), podendo ser as relações mais longas na vida dos sujeitos, sendo caracterizadas quer por emoções positivas (amizade, solidariedade e apoio), quer por emoções negativas (como ciúme, rivalidade e violência) (Dunn, 2007; Fernandes, 2005; Fernandes et al., 2007).
Uma vez que as experiências relacionais iniciais influenciam, em parte, as relações posteriores dos sujeitos (Toman, 1993), as famílias onde os irmãos mantêm relações positivas e próximas tendem a, mais tarde, estabelecer relações amistosas com a família alargada (Goldsmid & Féres-Carneiro, 2011) e com os outros de fora da família. No lado oposto estão as famílias caracterizadas pela violência entre o casal, que estão associadas frequentemente à violência dos pais para com os filhos (Gage & Rice, 2010), e, muitas vezes, ligadas à violência na fratria (Relva, Fernandes, & Mota, 2012) e a outras formas de violência extrafamiliar.
Para Campione‐Barr e Smetana (2010) as relações fraternas, devido ao longo historial de interações e ao parentesco que lhe são característicos, são capazes de suportar conflitos sem que haja dissolução das relações. As relações fraternas são geradoras de conflito (Siddiqui & Ross, 1999), e os conflitos fraternos são até mais frequentes que os restantes conflitos familiares (os conjugais ou os parentais) (Widmer, 1999), mas embora alguns possam acarretar consequências negativas (Vandell & Bailey, 1992), podem ser também relevantes para o desenvolvimento de capacidades interpessoais e sociais das crianças (Faber & Mazlish, 1995; Siddiqui & Ross, 1999).
As Revised Conflict Tactics Scales – Sibling Version (CTS2-SP) permitem analisar as táticas que os irmãos utilizam para solucionar conflitos entre si, avaliando desde táticas mais convencionais (como a negociação) até comportamentos mais coercivos (Relva, Fernandes, Alarcão, & Martins, 2014). A negociação, segundo Morley e Stephenson (2015), ocorre quando as partes em conflito discutem a forma como irão proceder perante o mesmo, sem recorrer à violência, procurando encontrar uma resolução satisfatória para ambas (Monteiro, 2010). As táticas mais coercivas de resolução de conflitos são, geralmente, aprendidas na própria família e, por isso, consideradas como comportamentos adequados (Simons & Wurtele, 2010), e passíveis de serem transferidos para contextos extrafamiliares (Hardy, Beers, Burgess, & Taylor, 2010).
Finkelhor, Turner, e Ormrod (2006) sublinham o facto de a violência entre crianças, especialmente entre as mais novas, ser vista como diferente da violência comum. A mesma ação violenta, se for feita por (e contra) um adulto será considerada uma agressão, se for praticada por (e contra) uma criança é entendida com briga, luta/disputa. A violência no contexto infantil tende, pois, a ser considerada espectável em termos desenvolvimentais e a ser normalizada, e as suas consequências ignoradas (Hardy et al., 2010; Khan & Rogers, 2015). Por isso não se estranha que a violência dentro da fratria seja a forma de violência mais comum no contexto familiar (Relva, 2015; Relva et al., 2014; Relva, Fernandes, & Mota, 2012). Sendo bastante comum aos 13 anos de idade (Relva et al., 2014), os perpetradores e vítimas são, sobretudo, os rapazes (Relva, Fernandes, & Mota, 2012).
Diferentes teorias tentaram apresentar uma explicação para a violência familiar: a teoria feminista, a do conflito e a da aprendizagem social (Hoffman, Kiecolt, & Edwards, 2005; Wallace, 2007). A teoria feminista usa os padrões do poder paternal, e a opressão desses mesmos padrões na sociedade e na família, como forma de explicar as relações fraternas, pois a aceitação da violência do homem contra a mulher poderá levar à aceitação da violência no contexto doméstico, inclusive dentro da fratria, sendo os rapazes os principais abusadores. A teoria do conflito atribui a origem da violência na fratria ao favoritismo parental, às tentativas de ganhar controlo sobre recursos, à partilha de interesses comuns, à rivalidade, entre outros. Finalmente, a teoria da aprendizagem social propõe que as crianças que presenciem e sofram violência têm maior probabilidade de utilizar este tipo de comportamentos com os irmãos, pois os comportamentos são apreendidos pela imitação e reforço.
Outra explicação é a indisponibilidade parental, que pode aumentar a probabilidade de ocorrência de violência na fratria (Relva, Fernandes, & Alarcão, 2012). Os progenitores ao não terem disponibilidade para todos os filhos podem recorrer à violência para com estes, o que por sua vez poderá levar a situações de agressividade entre os irmãos (Straus, 2010), numa cadeia de violência familiar imparável.
Embora a fratria desempenhe um papel muito relevante na construção do sujeito, são poucos os estudos que analisam a forma como as relações fraternas violentas poderão ser moldadas pelo contexto familiar, e como os constructos avaliados pela FACES IV (coesão, adaptabilidade, comunicação e satisfação familiares) podem influenciar estas relações. Assim os objetivos do presente estudo visam: (a) analisar a influência do sexo dos irmãos nas diferentes táticas de resolução de conflitos; (b) verificar a forma como as variáveis do funcionamento familiar se relacionam com as táticas de resolução de conflito; e (c) analisar o efeito preditor do funcionamento familiar nas táticas de resolução de conflito.
Método
Participantes
A amostra foi recolhida de forma aleatória em diferentes turmas do 2º e 3º ciclos do ensino básico e do secundário, sendo que a amostra final consistiu em 353 estudantes desses ciclos de estudos. O nível de escolaridade dos mesmos variou entre o 7º e o 12º anos (23.5% do 7º ano, 35.4% do 8º ano, 15.9% do 9º ano, 7.9% do 10º ano, 9.3% do 11º ano e 7.9% do 12º ano). A idade da amostra variou entre os 12 e os 18 anos (M=14.02; DP=1.55), e 62% da amostra pertencia ao sexo feminino e 38% ao sexo masculino. A maioria dos sujeitos analisados (74.1%) tem um irmão, 17.6% tem dois irmãos, 6.1% tem 3 irmãos, 2% tem 4 irmãos e .3% tem 5 irmãos.
Instrumentos
Questionário Sociobiográfico (QSB). Questionário que objetiva recolher informação relativa ao sujeito, da sua família e do seu subsistema fraternal, adaptado do Social Environment Questionnaire de Toman (1993).
Revised Conflict Tactics Scales – Sibling Version (CTS2-SP) (Straus, Hamby, Finkelhor, Boney-McCoy, & Sugarman, 1995; adaptada para a população portuguesa por Relva, Fernandes, & Costa, 2013), tem como principal objetivo avaliar diferentes tipos de conflito presentes nas fratrias. Constituída por 39 itens em duplicado, reunidos em 5 subescalas: negociação (6 itens), agressão psicológica (8 itens, 7 na versão portuguesa), agressão física sem sequelas (12), coerção sexual (7) e agressão física com sequelas (6). Cada item é apresentado duas vezes variando apenas o sujeito que pratica a ação (o sujeito que responde ao questionário e a/o irmã/o em relação a quem está a ser respondido, que deverá ser a/o irmã/o mais próximo em idade). A escala permite avaliar a frequência dos comportamentos apresentados, devendo ser respondida numa escala de Likert que varia de 1 a 8, na qual 1 corresponde a “uma vez no ano”, 2 corresponde a “duas vezes no ano”, 3 a “3 a 5 vezes no ano”, 4 a “6 a 10 vezes no ano”, 5 corresponde a “11 a 20 vezes no ano”, 6 corresponde a “mais de 20 vezes do ano”, 7 a “não no ano passado, mas aconteceu antes ou depois”, e 8 a “isso nunca aconteceu”. Neste estudo foram utilizadas apenas as subescalas da agressão física sem sequelas, da negociação e da agressão psicológica. Relativamente aos valores da confiabilidade as escalas de perpetração apresentaram alphas de .82 para a escala de negociação, .84 para a escala de agressão psicológica e de .92 para a escala de agressão física sem sequelas. Para as escalas de vitimização, a negociação apresentou um alpha de .81, a agressão psicológica apresentou um alpha de .83 e a agressão física sem sequelas apresentou um alpha de .92. Relativamente à análise fatorial confirmatória o ajustamento dos valores foi confirmado, sendo χ2(21)=68.740; p=.000; Ratio=3.273; CFI=.98; RMR=.131 e RMSEA=.08 para as escalas de perpetração e de χ2(22)=86.454; p=.000; Ratio=3.930; CFI=.97; RMR=.156 e RMSEA=.09 para as escalas de vitimização.
A FACES IV (Family Adaptability and Cohesion Evaluation Scales IV; Olson, 2011; Olson, Gorall, & Tiesel, 2006; adaptada para a população portuguesa por Rebelo, 2008) objetiva avaliar a coesão e adaptabilidade familiares. A FACES IV é composta por 42 itens agrupados em 6 escalas (cada uma composta por 7 itens), avaliando aspetos positivos (equilibrados) e negativos (desequilibrados) da família. Duas das escalas são equilibradas (a coesão equilibrada e a adaptabilidade equilibrada) e 4 são desequilibradas (coesão emaranhada, coesão desligada, adaptabilidade caótica e adaptabilidade rígida). As 6 escalas são calculadas através da soma dos itens que as constituem (Olson, 2011).
Esta escala apresenta de uma forma geral uma boa consistência interna e validade, com exceção de duas escalas (emaranhada e rígida) que apresentam uma validade preditiva baixa (Olson, 2011). No presente estudo fez-se apenas uso das 3 escalas da coesão (coesão equilibrada, emaranhada e desligada). Relativamente à consistência interna das subescalas os valores de alpha foram: .77 para a coesão equilibrada; .75 para a desligada e de .67 para a emaranhada. No que concerne à análise fatorial confirmatória o ajustamento dos valores foi confirmado, χ2(22)=63.596; p=.000; Ratio=2.891; CFI=.95; RMR=.033 e RMSEA=.07.
Para além da utilização da FACES IV (medida da coesão e da adaptabilidade familiares), os autores do Modelo Circumplexo recomendam que sejam utilizadas duas escalas adicionais: a Escala de Comunicação Familiar e a Escala de Satisfação Familiar. A Escala de Comunicação Familiar (FCS; The Family Communication Scale; Olson & Barnes, 2004; adaptada para a população portuguesa por Rebelo, 2008) objetiva avaliar a comunicação na família, sendo esta entendida como a comunicação positiva que existe num sistema familiar (Olson, 2011). Composta por 10 itens, a escala deve ser respondida numa escala de Lickert de 5 dimensões (desde “discordo” a “concordo fortemente”). Famílias com pontuações mais elevadas apresentam uma comunicação mais positiva. No que concerne à consistência interna deste instrumento para a presente amostra o valor de alpha foi de .91. No que concerne à análise confirmatória fatorial o ajustamento dos valores foi confirmado, sendo χ2(35)=124.290; p=.000; Ratio=3.551; CFI=.95; RMR=.029 e RMSEA=.09.
A Escala de Satisfação Familiar (FSS; Family Satisfaction Scale; Olson, 2004; adaptada para a população portuguesa por Rebelo, 2008), objetiva analisar o grau de satisfação relativamente à coesão e à adaptabilidade familiares. A satisfação familiar pode ser definida como o grau em que os familiares se sentem felizes e realizados com os elementos da família. A escala, composta por 10 itens, deve ser respondida através de uma escala de Likert com 5 níveis distintos que vão do “muito descontente” ao “muito satisfeito”, sendo que quanto mais elevados os resultados da escala maior a satisfação familiar. Na presente amostra a análise da consistência interna deste instrumento apresentou um alpha de .95. No que concerne à análise fatorial confirmatória o ajustamento dos valores foi confirmado, sendo χ2(31)=122.914; p=.000; Ratio=3.965; CFI=.97; RMR=.026 e RMSEA=.09.
Procedimentos
Os dados foram recolhidos em escolas públicas na zona norte de Portugal. A participação dos sujeitos foi voluntária e anónima, sendo os protocolos respondidos de forma individual, no contexto de sala de aula. Após a obtenção de autorização dos diretores dos estabelecimentos de ensino, foram entregues aos diretores de turma os consentimentos informados que estes fizeram chegar aos alunos e respetivos encarregados de educação.
Análise de dados
Para se proceder ao tratamento dos dados foi construída uma base de dados no programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences – IBM SPSS, versão 22. Foi ainda utilizado o programa Structural Equation Modeling Software – EQS for Windows, versão 6.1, para avaliar as propriedades psicométricas dos instrumentos.
Numa fase inicial foi realizada a limpeza da amostra através da identificação de missings, outliers (calculando os Zscores e da distância de Mahalanobis) e de possíveis erros na inserção de dados. Realizou-se ainda o processo de inferência estatística da distribuição normal ou de Gauss para analisar a normalidade da amostra, sendo que, através da análise dos valores de Skeweness e de Kourtosis, e uma vez que se aceita a normalidade da amostra quando esta é composta por mais de 30 sujeitos (Marôco, 2007) foram utilizados testes paramétricos.
No que respeita à análise de dados foram realizadas análises descritivas para as táticas de resolução de conflitos, testes t para a comparação de médias de amostras independentes; recorreu-se a análises de variância multivariada (MANOVAS) com nível de significância de 5% (p≤.05) com o objetivo de verificar a influência do sexo nas táticas de resolução de conflito. Efetuaram-se ainda correlações de Pearson intraescalares, com o objetivo de verificar a interação entre táticas de resolução de conflito e a coesão comunicação e satisfação familiares e de uma regressão múltipla hierárquica, com o objetivo de verificar o papel preditor do sexo e da coesão, comunicação e satisfação familiares nas táticas de resolução de conflito entre irmãos.
Resultados
Táticas de resolução de conflitos e efeito de género
Para analisar a diferença entre as táticas de resolução de conflitos em função do sexo dos adolescentes realizou-se um t teste. Os resultados obtidos através dessa análise estatística (Tabela 1) permitiram verificar que existem diferenças significativas nas táticas de resolução de conflitos relativamente à perpetração de agressão física sem sequelas [t(238.668)=-2.040; p=.042], sendo o sexo masculino (M=16.53; DP=19.21) o principal perpetrador comparativamente ao sexo feminino (M=12.47; DP=15.91).
Táticas de Resolução de Conflitos, Coesão, Comunicação e Satisfação Familiares
No que diz respeito às correlações entre estas quatro variáveis (Tabela 2), verificaram-se associações significativas positivas médias entre a comunicação e a negociação perpetrada (r=.309; p≤.01), verificando-se o mesmo tipo de associações entre a satisfação familiar e a vitimização da negociação (r=.304; p≤.01).
Papel preditor do sexo, da coesão, da comunicação e da satisfação familiares nas táticas de resolução de conflitos
Foi realizada uma regressão hierárquica múltipla para avaliar a capacidade preditiva das variáveis do funcionamento familiar (a coesão, a comunicação e a satisfação familiares) nas táticas de resolução de conflitos perpetradas (Tabela 3). O bloco 1 correspondeu à variável dummy, sexo (sendo 0 o sexo feminino e 1 o sexo masculino) e o bloco 2 correspondeu às variáveis da FACES IV, à comunicação e à satisfação familiares.
No que diz respeito à escala de negociação perpetrada, o bloco 1 explica .8% da variância total na disciplina indutiva da progenitora (R2=.008), contribuindo individualmente com .8% da variância para o modelo (R2 change=.008), não apresentando um contributo significativo [F(1,345)=2.608; p=.107]. O bloco 2 tem um contributo significativo [F(6,340)=8.147; p=.000] e explica 12.6% do total de variância (R2=.126) contribuindo individualmente com 11.8% da variância para o modelo (R2 change=.118). Analisando de forma individual o contributo de cada uma das variáveis independentes dos blocos, verifica-se que nenhuma apresenta uma contribuição significativa (p≤.05).
Relativamente à escala de agressão psicológica perpetrada o bloco 1 explica .1% da variância total (R2=.001) e contribui individualmente com .1% da variância para o modelo (R2 change=.001) não apresentando um contributo significativo [F(1,345)=.516; p=.473]. O bloco 2 apresenta um contributo significativo [F(6,340)=3.957; p=.001], explica 6.5% do total de variância (R2=.065) e contribui individualmente com 6.4% da variância para o modelo (R2 change=.064). Analisando de forma individual verifica-se que uma das variáveis independentes apresenta uma contribuição significativa (p≤.05) e prediz a utilização de agressão psicológica: a satisfação familiar prediz negativamente a utilização deste tipo de tática de resolução de conflito (β=-.159).
Na variável perpetração de agressão física sem sequelas, o bloco 1 explica 1.3% da variância total (R2=.013) contribuindo individualmente com 1.3% da variância para o modelo (R2 change=.013), apresentando um contributo significativo [F(1,345)=4.549; p=.034]. O bloco 2 apresenta uma contribuição significativa [F(6,340)=5.807; p=.000], explicando 9.3% do total de variância (R2=.093) e de forma individual explica 8% da variância para o modelo (R2 change=.080). No que diz respeito ao contributo de cada uma das variáveis independentes dos blocos, verifica-se que uma variável apresenta uma contribuição significativa (p≤.05) e prediz a utilização de agressão física sem sequelas positivamente sendo ela a coesão emaranhada (β=.124).
Discussão
A violência na fratria é um dos tipos de violência mais comuns no contexto familiar sendo, apesar disso, um dos menos estudados (Finkelhor et al., 2006; Relvas et al., 2014; Relva, Fernandes, & Alarcão, 2012; Relva, Fernandes, & Mota, 2012). Os estudos realizados no contexto português sobre a temática da violência na fratria são ainda reduzidos, embora recentemente tenham vindo a ser alvo de maior análise (Relva, 2015; Relvas et al., 2013, 2014; Relva, Fernandes, & Alarcão, 2012; Relva, Fernandes, & Mota, 2012). Este estudo visa, assim, contribuir para a literatura existente sobre a violência nas relações fraternas associando-a ao funcionamento familiar (coesão, comunicação e satisfação familiares).
Relativamente à diferença entre o sexo dos sujeitos e as táticas de resolução de conflito utilizadas verificou-se que existe uma maior perpetração de agressão física sem sequelas pelo sexo masculino quando comparado com o sexo feminino, resultados que vão ao encontro dos de outros estudos que apontam os rapazes como principais perpetradores no contexto da fratria (Eriksen & Jensen, 2006; Relva et al., 2014; Relva, Fernandes, & Mota, 2012). Este padrão pode estar associado à aceitação da violência do homem contra a mulher, o que poderá levar à aceitação da violência dentro da fratria, na infância e adolescência (Hoffman et al., 2005; Wallace, 2007). Tendo em conta que os rapazes tendem a ser os principais alvos de punição física por parte dos pais (Lansford et al., 2010; McKee et al., 2007; Straus & Stewart, 1999) é possível que a vivência de situações de violência ou a exposição às mesmas, no contexto familiar, leve a que estas sejam repetidas pelas crianças noutros contextos, sendo o fraterno um deles (Hoffman et al., 2005; Wallace, 2007).
No que respeita às associações entre as dimensões do funcionamento familiar e as táticas de resolução de conflitos no subsistema fraterno, verificou-se uma associação positiva entre a coesão equilibrada, a comunicação e a satisfação familiares e o recurso à negociação enquanto estratégia de resolução de conflitos, e negativa com a agressão psicológica e a agressão física sem sequelas, tanto das vítimas como dos agressores. A coesão desligada apresentou uma associação negativa com a negociação, e positiva com a agressão psicológica e a agressão física sem sequelas, tanto na escala de perpetração como na da vitimização. A escala da coesão emaranhada apresentou uma associação positiva com a perpetração da agressão psicológica e com a perpetração e vitimização da agressão física sem sequelas. Alguns autores (Herron, Javier, McDonald-Gomez, & Adlerstein, 1994; Hotaling & Straus, 1980) apontam o tempo que a família passa junta, a intensidade do envolvimento dos membros da família uns com os outros, a privacidade, o stresse, como sendo alguns aspetos da organização familiar que podem contribuir para a violência no contexto da família. Assim, poderá ser entendido, mediante os resultados obtidos no presente estudo, que as famílias que apresentam relações nos dois polos extremos da coesão (emaranhada e desligada) apresentam maior prevalência do uso de táticas de resolução de conflitos abusivas (táticas físicas e/ou psicológicas), e menor utilização de táticas de negociação, ocorrendo o inverso em famílias mais equilibradas a nível de coesão. No mesmo sentido, constatou-se ainda uma associação positiva entre os níveis de comunicação e satisfação familiares com a negociação, o que seria de esperar, já que a negociação é entendida como a resolução do conflito através do diálogo (Straus, Hamby, Boney-McCoy, & Sugarman, 1996) apresentando, assim, estas famílias, uma maior comunicação e satisfação no seu seio.
Verificou-se ainda que a satisfação familiar prediz negativamente o uso da agressão psicológica. Em alguns estudos (Martin, Anderson, Burant, & Weber, 1997; Teven, Martin, & Neupauer, 1998) registou-se a existência de uma associação negativa entre a agressão verbal no contexto fraterno e a satisfação relacional com os irmãos, estando ainda este tipo de agressão verbal associada a uma pior comunicação na fratria (Teven et al., 1998). Assim, é possível que a maior satisfação familiar dos sujeitos leve a uma menor utilização destas técnicas abusivas de gestão de conflitos entre irmãos e a um nível de comunicação mais positivo entre os elementos da família. Por último, foi ainda observado que a coesão emaranhada prediz positivamente a utilização da agressão física sem sequelas. Como referido anteriormente, o tempo que a família passa junta e a intensidade do envolvimento dos membros da família uns com os outros, são alguns aspetos da organização familiar que podem levar a que ocorra violência no contexto fraterno (Herron et al., 1994; Hotaling & Straus, 1980). Ainda, a maior proximidade entre os membros de uma família e a menor privacidade que ocorre nalgumas famílias devido a uma maior monitorização dos pais (Robin, 1998) pode levar a que haja mais conflitos neste subsistema familiar e que se recorra mais a práticas agressivas na resolução dos mesmos.
Implicações práticas, limitações e propostas para estudos futuros
O presente estudo procurou analisar a relação existente entre a coesão, a comunicação e a satisfação familiares com as táticas de gestão de conflito utilizadas por adolescentes em contexto fraterno. Importa referir que não encontramos qualquer estudo, no contexto português, que analisasse a forma como as táticas de gestão de conflito na fratria são influenciadas pelo funcionamento familiar. Deste modo, e tendo em conta os resultados obtidos, torna-se importante que mais investigações sejam desenvolvidas no sentido de melhor compreender quais os processos que levam à utilização das táticas violentas na gestão de conflitos fraternos e perceber como o funcionamento familiar pode contribuir na amplificação ou minimização da utilização de tais práticas. Assim, é relevante que se desenvolvam ações junto das comunidades (pais, profissionais de saúde, educação e adolescentes) no sentido de sensibilizar, quer para a magnitude desta problemática, quer para as consequências nefastas que pode acarretar para os seus intervenientes diretos e indiretos. Tendo em conta as associações encontradas entre o conflito na fratria e o funcionamento familiar poderá ser pertinente trabalhar com as famílias as competências comunicacionais, e, deste modo, melhorar os níveis de coesão e satisfação familiares.
O presente estudo apresenta algumas limitações, nomeadamente o tamanho da amostra, que não é representativa da população portuguesa. O facto de a recolha se ter centrado na perspetiva de apenas um dos elementos da fratria também pode ser uma das insuficiências que convém colmatar em estudos futuros.
Em suma, para investigações futuras seria relevante aumentar o tamanho da amostra, analisar a perspetiva de mais do que um elemento da fratria, avaliar questões relacionadas com a violência a nível sexual e a agressão física com sequelas e analisar quais as causas que podem estar associadas à utilização de um determinado tipo de tática de resolução de conflito e não de outra. A inclusão das restantes escalas da FACES poderá também revelar-se uma mais-valia.
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A correspondência relativa a este artigo deverá ser enviada para: Joana Lopes de Carvalho, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Quinta de Prados, 5001-801 Vila Real, Portugal. E-mail: joana_1_4@live.com.pt
Submissão: 10/12/2016 Aceitação: 22/03/2017