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Revista de Ciências Agrárias

versão impressa ISSN 0871-018X

Rev. de Ciências Agrárias vol.40 no.1 Lisboa mar. 2017

https://doi.org/10.19084/RCA16043 

ARTIGO

Armazenamento de sementes de Pritchardia pacifica

Storage of Pritchardia pacifica seeds

Francival C. Felix1, Guilherme V. G. de Pádua1, Fernando S. Araújo2, Cibele S. Ferrari1 e Mauro V. Pacheco1,*

 

1 Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UAECIA/UFRN); Rodovia RN 160, Km 03, Distrito de Jundiaí, CEP 59280-000, Cx. Postal 07, Macaíba - RN, Brasil. *E-mail: pachecomv@hotmail.com

2 Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Centro de Ciências Agrárias – Areia - PB, Brasil.

 

RESUMO

As palmeiras ornamentais são amplamente utilizadas em projetos paisagísticos e de urbanização em todo o mundo, no entanto, investigação relativa à influência do armazenamento na viabilidade de sementes desta família é incipiente. O presente estudo teve como objetivo avaliar diferentes condições de armazenamento sobre a classificação e a qualidade fisiológica de sementes de P. pacifica. Para este fim, fez-se o armazenamento de sementes desta espécie durante os períodos de 0, 30, 60, 90 e 120 dias em três condições: em ambiente de laboratório (25 ± 4 °C; 40% de U.R.) em papel permeável e plástico semipermeável e em refrigerador (5 ± 4 °C; 28% de U.R.) em plástico semipermeável. Foram avaliadas as seguintes variáveis em cada período de armazenamento: grau de umidade (%), emergência de plântulas (%) em bandejas plásticas preenchidas com areia em condição de laboratório (25 ± 4 °C), comprimento total (parte aérea + raiz) (cm) e massa seca total (mg) de plântulas. As sementes armazenadas em ambiente de laboratório apresentaram um aumento progressivo na porcentagem de emergência de plântulas até os 37 e 45 dias para plástico (67%) e papel (74%), respectivamente, em detrimento daquelas acondicionadas em embalagem plástica em refrigerador, no qual a emergência das plântulas foi nula (0%) a partir dos 50 dias. As sementes de P. pacifica são fisiologicamente classificadas como intermediárias, pois são intolerantes ao armazenamento sob baixas temperaturas, mas mantém a qualidade fisiológica quando armazenadas em embalagem permeável ou semipermeável, na condição de ambiente de laboratório.

Palavras-chave:Arecaceae, palmeira-de-leque, conservação, qualidade fisiológica, intermediária.

 

ABSTRACT

Ornamental palms are widely used in landscaping projects and urbanization around the world, however, research related to influence of storage on seeds viability of this family is incipient. The objective of present study was to evaluate different storage conditions on the physiological classification and quality of P. pacifica seeds. To this end, there was the seed storage of this specie during periods of 0, 30, 60, 90 and 120 days in three conditions: in laboratory environment (25 ± 4 °C; 40% of U.H.) in permeable paper and semipermeable plastic, and in a refrigerator (5 ± 4 °C; 28% of U.H.) in semipermeable plastic. The following variables were evaluated in each storage period: moisture content (%), emergency of seedlings (%) in plastic trays with sand in laboratory environment (25 ± 4 °C; 40% of U.H.), total length (aerial part + root) (cm) and total dry weight (mg) of seedlings. The seeds stored in laboratory environment showed a progressive increase on percentage of seedling emergence to 37 and 45 days for plastics (67%) and paper (74%) respectively, rather than those packed in plastic bag in refrigerator in which the seedling emergence was zero (0%) after 50 days. Seeds of P. pacifica may be physiologically classified as intermediate because are intolerant to storage at low temperatures but maintains the physiological quality when stored in permeable or semipermeable package, in laboratory environment condition.

Key words:Arecaceae, palmeira-de-leque, conservation, physiological quality, intermediate.

 

INTRODUÇÃO

As palmeiras ornamentais são amplamente utilizadas em projetos paisagísticos e de urbanização em todo o mundo, em especial, nas zonas tropicais onde ocorrem naturalmente (Henderson et al., 1995; Janick e Paull, 2006), embelezando cidades e conferindo qualidade de vida aos seus habitantes, além de promoverem o turismo devido à sua exuberância (Soto et al., 2014). Dentre elas, a espécie Pritchardia pacifica Seem. & H. Wendl. (Arecaceae), nativa da Oceania (Bacon, 2011) e popularmente conhecida como palmeira-de-leque, possui como característica marcante as suas belas folhas na forma de palmas semicirculares que podem alcançar aproximadamente 2 m de comprimento (Pacsoa, 2013).

A propagação da maioria das espécies de palmeiras é feita principalmente por meio de sementes, as quais apresentam diversidade quanto à sua morfologia e fisiologia (Svenning, 2001), o que torna necessário o conhecimento de seu desempenho durante o armazenamento visando a propagação e a produção de mudas, essenciais para subsidiar futuros projetos paisagísticos. Todavia, como quaisquer outros seres vivos, as sementes também apresentam o processo de deterioração como algo inevitável e irreversível que culmina invariavelmente com sua morte (González et al., 2012), determinados essencialmente pelo conjunto de eventos físicos, fisiológicos, bioquímicos e citológicos que se inicia a partir da maturidade fisiológica (Marcos Filho, 2015).

Contudo, este processo é agravado dependendo da natureza fisiológica e bioquímica da semente e das condições às quais estas estão submetidas no meio circundante (Bewley et al., 2013). Sementes do grupo das recalcitrantes possuem viabilidade reduzida em função do tempo por não tolerarem a desidratação e temperaturas próximas de zero graus, enquanto que sementes ortodoxas apresentam alta longevidade, podendo ser armazenadas por longos períodos, com reduzida umidade e temperaturas negativas; além dessas duas categorias, existem ainda as que possuem atributos em diferentes níveis de sementes recalcitrantes e ortodoxas, caracterizadas como intermediárias (Villela e Peres, 2004), as quais suportam níveis intermediários de dessecação, mas que também não toleram baixas temperaturas de armazenamento (Hong e Ellis, 1998).

O condicionamento de sementes tem sido objeto de estudo de vários investigadores (Morais et al., 2009; Goldfarb et al., 2010; Galli et al., 2012), visando manter o máximo de viabilidade e vigor do lote e minimizar os danos causados pelo processo de envelhecimento, utilizando diferentes condições de armazenamento (Carvalho e Nakagawa, 2012). O grau de umidade da semente, a temperatura e umidade relativa do ar ambiente são os fatores que afetam mais profundamente o processo de deterioração (Marcos Filho, 2015).

Para sementes de palmeiras, destacam-se alguns trabalhos nos quais as condições de armazenamento proporcionaram a manutenção da qualidade fisiológica. Por exemplo, sementes de Euterpe oleracea Mart. armazenadas em sacos de polietileno a 20 °C durante 270 dias (Nascimento et al., 2010) e de Dypsis lutescens H. Wendl. conservadas a 18 °C por 90 dias em embalagem de polietileno (González et al., 2012). Na espécie Copernicia alba (Morong ex Morong e Britton) manteve-se constante a porcentagem de germinação em sementes recém colhidas assim como naquelas acondicionadas a temperaturas de 16 e -18 °C durante 30 dias de armazenamento em embalagem plástica transparente (Masetto et al., 2012). Por outro lado, outros autores verificaram redução da viabilidade e vigor com o armazenamento de sementes de Euterpe edulis Mart. durante 210 dias a 10 °C (Martins et al., 2009) e de Archontophoenix alexandrae H. Wendl. durante 120 dias a 20 °C (Teixeira et al., 2011), sementes de ambas acondicionadas em embalagens de polietileno. Estes resultados demonstram a diversidade de resposta fisiológica relativa ao tempo e condições de armazenamento de sementes de diferentes espécies da família Arecaceae.

De acordo com Meerow e Broschat (2015) as sementes desta família normalmente apresentam-se como intolerantes à dessecação, e na sua maioria, não são passíveis de armazenamento por longos períodos o que justifica as pesquisas voltadas para o armazenamento de sementes de P. pacifica.

Diante do esboço, o objetivo deste trabalho consistiu em avaliar diferentes condições de armazenamento sobre a classificação e a qualidade fisiológica das sementes de P. pacifica.

 

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Laboratório de Sementes Florestais (LSF) da Unidade Acadêmica Especialidade em Ciências Agrárias da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UAECIA/UFRN), no decurso de abril a novembro de 2014.

Os frutos de P. pacifica foram colhidos com a coloração avermelhada (Araújo et al., 2014) diretamente de cinco plantas matrizes no campus da UAECIA, no município de Macaíba, no Estado do Rio Grande do Norte (coordenadas 5° 53' 04" S e 35° 21' 53" W, altitude de 17 m), no mês de abril de 2014, cujo clima desta região é classificado em tropical sub-úmido (Aw) com precipitação anual de 800 a 1.200 mm (Idema, 2013).

Logo após a colheita, os frutos foram encaminhados ao LSF para beneficiamento manual das sementes com o auxilio de um estilete, de modo a remover completamente o pericarpo. Em seguida, as sementes foram contabilizadas e acondicionadas em três condições: papel permeável em ambiente de laboratório (25 ± 4 °C; 40% de U.R. do ar), plástico semipermeável em ambiente de laboratório (25 ± 4 °C; 40% de U.R. do ar) e plástico semipermeável em refrigerador (5 ± 4 °C; 28% de U.R. do ar) durante os períodos de 0 (sem armazenamento), 30, 60, 90 e 120 dias de armazenamento.

Para cada período de avaliação, em cada condição de armazenamento, fez-se: a determinação do grau de umidade das sementes por meio do método da estufa com circulação forçada de ar, com duas subamostras de 25 sementes mantidas a 105 ± 3 °C durante 24 horas (Brasil, 2009); teste de emergência de plântulas, no qual foram utilizadas quatro repetições de 25 sementes semeadas a um centímetro de profundidade em bandejas plásticas preenchidas com areia lavada e esterilizada. As bandejas devidamente identificadas foram mantidas sob bancada de laboratório durante 90 dias, com iluminação indireta de 12 horas, e umedecimento diário do substrato. Após esse período, considerou-se a porcentagem de plântulas normais (Brasil, 2013) emersas; comprimento total da plântula – realizou-se a extração em todas as plântulas normais das partículas de areia em água corrente e em seguida, mediu-se o seu comprimento (desde o ápice da raiz principal até a gema apical da parte aérea) com o auxílio de uma régua graduada em centímetros (cm); massa seca de plântulas – as plântulas resultantes da avaliação anterior foram acondicionadas em sacos de papel, desprezando-se os cotilédones, e submetendo-as à secagem em estufa de circulação forçada de ar regulada a 60 °C. As pesagens foram realizadas diariamente, em balança analítica de precisão, até que as plântulas atingissem peso constante (mg).

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com quatro repetições, e os dados, submetidos aos testes de normalidade e homogeneidade. Para os dados com distribuição não normal fez-se a transformação da raiz ( e, juntamente com os dados que atenderam aos referidos pressupostos, usou-se a análise de variância em arranjo fatorial 3 x 5 (três condições x cinco períodos de armazenamento) e aplicação de regressão polinomial, adotando-se as equações cujos coeficientes de determinação (R2) foram superiores. Todas as análises foram feitas com o auxílio do software estatístico ASSISTAT versão 7.7 beta (UFCG/PB).

 

RESULTADOS

A Figura 1 ilustra a variação do grau de umidade em função do período de armazenamento e acondicionamento das sementes. Verifica-se que houve menor variação no grau de umidade para as sementes armazenadas em embalagens plásticas, tanto em ambiente de laboratório como em refrigerador, nos quais houve redução de dois pontos percentuais ao longo do período de armazenamento, diferentemente daquelas armazenadas em embalagem permeável (papel), as quais reduziram o seu conteúdo de água de 19% para 11%, nos primeiros 30 dias. Por ocasião da instalação do primeiro teste de emergência de plântulas (tempo de armazenamento zero dias), as sementes de P. pacifica encontravam-se com 19% de teor de água, semelhantemente ao valor do ponto de maturidade fisiológica encontrado por Araújo et al. (2014) para a mesma espécie com base na coloração do fruto.

No presente trabalho, não foi observada a presença de fungos, corroborando com Machado (2012), o qual concluiu que sementes armazenadas com reduzido grau de umidade e/ou a baixa temperatura desenvolvem menos fungos.

Observou-se efeito significativo para os fatores condição e período de armazenamento, e interação de ambos com as variáveis emergência, comprimento e massa seca de plântulas (Quadro 1).

O Quadro 2 apresenta o resumo da análise de variância na regressão aplicado às diferentes condições em função do período de armazenamento de sementes de P. pacifica para as variáveis emergência, comprimento e massa seca de plântulas. Verifica-se que houve ajuste da curva polinomial de segundo e primeiro grau ao nível de 1% de probabilidade para todas as variáveis avaliadas, contudo, adotaram-se aquelas cujos coeficientes de determinação foram superiores.

Para as sementes armazenadas em ambiente de laboratório, independentemente do tipo de embalagem utilizado, obteve-se aumento progressivo na porcentagem de emergência de plântulas até os 37 e 45 dias para plástico (67%) e papel (74%), respectivamente, em detrimento daquelas acondicionadas em embalagem plástica em refrigerador, no qual a emergência das plântulas decresceu, sendo nula (0%) a partir dos 50 dias de armazenamento (Figura 2).

Para as variáveis comprimento e massa seca de plântulas, também foi encontrado desempenho semelhante à emergência nas curvas das regressões polinomiais de cada tratamento (Figuras 3 e 4). Isso corrobora com a hipótese de que o vigor e a viabilidade de sementes desta espécie tendem a ser reduzidos a valores nulos durante longos períodos de armazenamento, independente do ambiente, porém intensificado com o uso de baixas temperatura (ambiente refrigerado). Da mesma forma que a emergência aumentou antes de começar a reduzir até os limites de 45 (papel) e 37 dias (plástico) de armazenamento (Figura 2), o vigor das sementes armazenadas em ambiente de laboratório, avaliado pelo desempenho de plântulas, também apresentou resultados semelhantes, cujo máximo comprimento foi alcançado aos 40 (papel) e 35 (plástico) dias (Figura 3), e maiores valores de massa seca de plântulas aos 44 (papel) e 38 (plástico) dias de armazenamento (Figura 4).

Estes resultados sugerem que a qualidade fisiológica das sementes de P. pacifica pode ser mantida quando estas são armazenadas em embalagem permeável (papel) ou semipermeável (plástico), na condição de ambiente de laboratório (25 ± 4 °C e 40% de U.R. do ar).

 

DISCUSSÃO

Em tecnologia de sementes, o grau de umidade influencia as características físicas e bioquímicas de sementes, sendo muito importante a sua determinação nas diferentes etapas no processo de produção, como o armazenamento (Carvalho, 2005). No presente estudo, a diferença no grau de umidade observada ao longo do período de armazenamento deveu-se ao fato das embalagens plásticas (polietileno) impedirem ou dificultarem a troca de umidade das sementes com seu meio circundante (Martins et al., 2009), contrariamente ao papel que facilita o processo de higroscopia, propriedade intrínseca às sementes (Marcos Filho, 2015).

Segundo Nascimento e Moraes (2011), o armazenamento de sementes com grau de umidade acima de 25% estimularia o crescimento de fungos, os quais intensificariam a deterioração das sementes devido ao consumo de reservas do embrião e à libertação de toxinas, inviabilizando a estocagem por longos períodos. Nesse contexto, o grau de umidade inicial de 19% nas sementes de P. pacifica, provavelmente contribuiu para evitar a proliferação de fungos durante o armazenamento.

De modo semelhante ao armazenamento de P. pacifica, Batista et al. (2012) observaram que nas sementes de Dypsis leptocheilos (Hodel), armazenadas durante 90 dias a 14 °C, a viabilidade e o vigor aumentaram em relação aos valores obtidos imediatamente após o beneficiamento. Masetto et al. (2012) constataram o mesmo fato, mas em sementes de C. alba armazenadas durante 30 dias a 16 °C. Ou seja, a deterioração das sementes é um processo inevitável e irreversível. No presente estudo o aumento gradual da emergência de plântulas provenientes das sementes armazenadas em plástico (67%) e papel (74%), ambas acondicionadas em ambiente de laboratório, pode ser explicado devido ao estágio de maturação do embrião, o qual pode não estar completamente desenvolvido e/ou com presença de dormência, uma vez que pode haver desequilíbrio na semente entre as substâncias promotoras e inibidoras da germinação (Marcos Filho, 2015).

Resultados semelhantes com relação ao tempo de armazenamento também foram observadossementes de A. alexandrae armazenadas durante 120 dias a 20 °C (Teixeira et al., 2011), de E. oleracea armazenadas por 360 dias entre temperaturas de 10 a 20 °C (Nascimento et al., 2010), de Livistona rotundifolia (Viana et al., 2013) armazenadas durante 75 dias a 10 °C, e de Syagrus romanzoffiana (S.) Cham. conservadas durante 360 dias a 20 °C (Oliveira et al., 2015), em que a germinação e o vigor de sementes foi reduzindo com o avanço do período de armazenamento.

Sementes de C. alba mantiveram a viabilidade e o vigor mesmo depois de sofrerem refrigeração em câmara fria a 16 °C e congelamento a -18 °C durante 30 dias (Masetto et al., 2012), evidenciando sua característica ortodoxa. Contrariamente, as sementes de P. pacifica não demonstraram ortodoxia, uma vez que perderam a viabilidade após submetidas a baixas temperaturas (5 ± 4 °C) de armazenamento mesmo antes de completar 50 dias em ambiente de refrigerador.

Ademais, quando sementes são armazenadas em ambientes com baixas temperaturas (a exemplo do refrigerador utilizada no presente estudo) e se observa redução na viabilidade em curto espaço de tempo, normalmente ocorrem danos a nível celular que envolve, principalmente, diminuição da atividade metabólica e danos no sistema de membranas do embrião, fazendo-o libertar substâncias orgânicas essenciais (Bewley et al., 2013).

Acresce ainda que, sementes armazenadas com elevados graus de umidade quando associados a temperaturas próximas de zero, a viabilidade e o vigor das sementes e das plântulas em função do período de exposição foram reduzidos (Marcos Filho, 2015), resultado do processo de deterioração, o qual envolve a formação de cristais de gelo, o consumo de reservas, alterações na composição bioquímica, peroxidação de lípidos, desnaturação de proteínas e alterações de enzimas e nucleotídeos, aumento da permeabilidade das biomembranas e desorganização celular (Villela e Peres, 2004).

Em Acca sellowiana (O. Berg) Burret as sementes foram classificadas como intermediárias, uma vez que foram tolerantes à secagem (5 a 12% de teor de água), mas intolerantes à baixa temperatura de armazenamento por períodos superiores a 60 dias (Gomes et al., 2013). Contudo, no presente estudo, as sementes de P. pacifica demonstraram perda de viabilidade quando submetidas a baixas temperaturas (5 ± 4 °C), mas mantiveram a emergência de plântulas ao suportar níveis intermediários de umidade (11 a 19% de teor de água) quando acondicionadas em temperatura ambiente, tanto em embalagem permeável (papel) quanto semipermeável (plástico). Neste contexto, por serem intolerantes ao armazenamento sob baixas temperaturas e tolerantes à secagem em nível moderado, pode-se inferir que sementes de P. pacifica também podem ser consideradas intermediárias quanto ao armazenamento. Essa afirmação pode ser reforçada pelo fato de que sementes de Pritchardia remota Beck quando submetidas à desidratação também foram classificadas como intermediárias (Pérez et al., 2012).

A redução na qualidade fisiológica das sementes armazenadas está associada ao fato de que, logo após a maturidade fisiológica, o vigor das mesmas sofre inevitável queda com o processo de deterioração devido entre outros fatores, aos danos fisiológicos e bioquímicos que ocorrem de maneira acentuada para sementes que não apresentam mecanismos de reparação ou manutenção ao longo do tempo, característica comum encontrada em sementes de natureza intermediária e recalcitrante (Marcos Filho, 2015). Sendo assim, estudos a nível bioquímico complementariam a avaliação do grau de deterioração das sementes desta espécie obtida através das análises fisiológicas.

 

CONCLUSÕES

Sementes de P. pacifica são fisiologicamente classificadas como intermediárias. A qualidade fisiológica das sementes de P. pacifica é mantida quando armazenadas em embalagem permeável (papel) ou semipermeável (plástico), na condição de ambiente de laboratório (25 ± 4 °C e 40% de U.R. do ar).

 

AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão de bolsa de iniciação científica ao primeiro autor.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessão das bolsas de Mestrado, de Doutorado, do Programa Nacional de Pós-Doutorado (PNPD) e de Pós-Doutorado no Exterior (Programa Ciência sem Fronteiras) ao segundo, terceiro, quarto e quinto autor, respectivamente.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Recebido/received: 2016.03.31

Recebido em versão revista/received in revised form: 2016.04.13

Aceite/accepted: 2016.04.23

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