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Revista de Ciências Agrárias
versão impressa ISSN 0871-018X
Rev. de Ciências Agrárias vol.42 no.4 Lisboa dez. 2019
https://doi.org/10.19084/rca.17601
ARTIGO
Variação da avifauna em pastagens e remanescentes florestais
Avifauna variation in pastures and forest remnants
Gisele Francioli Simioni1,8,*, Abdon L. Schmitt Filho2,7,8*, Fernando Joner3,8, Alfredo C. Fantini3,4,8, Joshua Farley5,7,8 & Alexandre P. T. Moreira6
1-Doutoranda, Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas, Universidade Federal de Santa Catarina PPGA/UFSC, Florianópolis, Brasil
2-Prof., Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas PPGA/UFSC, Florianópolis, Brasil
3-Prof.,Depto. de Fitotecnia FIT/UFSC, Florianópolis, Brasil
4-Prof., Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas PPGA/UFSC, Florianópolis, Brasil
5-Prof. University of Vermont CDAE/UVM USA
6-Depto de Ecologia e Zoologia ECO/UFSC, Florianópolis, Brasil
7-Gund Institute for Environment GUND/UVM USA
8-Lab. de Sistemas Silvipastoris e Restauração Ecológica LASSre/UFSC, Florianópolis, Brasil
(*E-mail: gisafranci@yahoo.com.br, abdonfilho@hotmail.com)
RESUMO
A manutenção do crescimento da produção agropecuária e redução dos impactos dessa produção sobre os recursos naturais tem se tornado um dos grandes desafios da humanidade. Esta pesquisa tem como objetivo caracterizar a variação da comunidade de aves entre áreas pastoris e em remanescentes florestais adjacentes avaliando o impacto desta mudança de uso na diversidade de espécies. Através deste estudo também será discutida a metodologia de monitoramento acústico passivo (MAP) para avaliação rápida da biodiversidade nas paisagens rurais do Bioma Mata Atlântica. Os dados foram coletados em dois habitats (Floresta e Pastagem) em quatro propriedades rurais no estado de Santa Catarina, Brasil. Gravadores foram instalados simultaneamente em dois pontos diferentes em cada habitat durante dois dias em cada um dos seis períodos experimentais, na primavera e verão 2016/17. Foram registradas 97 espécies de aves pertencentes a 44 famílias. No habitat floresta foram identificadas 77 espécies e na pastagem 48, com 28 espécies ocorrendo nos dois habitats. O número de espécies encontradas reflete as consequências da perda de habitat no Bioma Mata Atlântica. As avaliações com MAP foram inequívocas com relação ao impacto das atividades agropecuárias na biodiversidade de aves. Mesmo diante da ampla descaracterização da vegetação nos habitats, uma avifauna relativamente rica ainda pode ser observada na área de floresta.
Palavras-chave: Monitoramento acústico passivo, aves, ecossistemas naturais e agrícolas, biodiversidade.
ABSTRACT
Maintaining the growth of agricultural production and reducing the impacts of this production on natural resources has become one of the great challenges of humanity. This research aims to characterize the variation of the bird assembly between pastoral areas and adjacent forest remnants, evaluating the impact of this land use change on birds diversity. This study will also discuss the methodology of passive acoustic monitoring (MAP) for "rapid assessment" of biodiversity in the rural landscapes of the Atlantic Forest Biome. The data were collected in two habitats (Forest and Pasture) on four rural properties in the state of Santa Catarina, Brazil. Recorders were simultaneously installed within these two habitats at two different points for two days in each field visit, in spring and summer of 2016/17. There were 97 species of birds belonging to 44 families. In the forest habitat were found 77 species and in the 48 pasture, with 28 species in the two habitats. In this study it was verified that the number of species found reflects the consequences of habitat losses in the Atlantic Forest Biome. The MAP assessments were unequivocal in relation to the impact of farming activities on bird biodiversity. Even in the face of the widespread decharacterization of the natural vegetation, a rich avifauna can still be observed in the forest area.
Keywords: Acoustic passive monitoring, birds , natural and agricultural ecosystems, biodiversity.
INTRODUÇÃO
A manutenção do crescimento da produção agropecuária e redução dos impactos dessa produção sobre os recursos naturais é um dos grandes desafios atuais da humanidade (Sambuichi et al., 2012; Schmitt Filho et al., 2013). A maximização da produção estruturada na intensificação do uso de agrotóxicos, mecanização e irrigação foram responsáveis pelo grande apogeu da produção agrícola durante a Revolução Verde (FAO, 2011).
Contudo, essas ações vieram acompanhadas de um comprometimento dos recursos naturais, notadamente da degradação e perda de solo (Scremin e Kemerich, 2010), do aumento da população e resistência das agora consideradas pragas agrícolas (Londres, 2011), instabilidade climática (Gornall et al., 2010), da deteriorização das paisagens (Pinto et al., 2015), e de uma grande perda de biodiversidade (Tabarelli et al., 2012). Esses fatores têm causado a perda e degradação de habitats com o consequente comprometimento da biodiversidade e da provisão dos serviços ecossistêmicos essenciais para a própria atividade agrícola (Groom e Vynne, 2006; Loyn et al., 2007; Palm et al., 2014).
A perda acelerada da biodiversidade durante o Antropoceno (Mace et al., 2005) é preocupante dada o crescimento das evidências que relacionam essa perda com os processos, funções e serviços do ecossistema, inclusive os relacionados diretamente ao bem-estar da humanidade (Tilman et al., 2014; Brose et al., 2016; Naeem et al., 2016). Durante o Antropoceno, a humanidade tem aumentado a taxa média de extinção de espécies entre 100 e 1000 vezes em relação a taxas típicas na história da Terra (Mace et al., 2005).
Grandes supressões na biodiversidade alteram a área de atuação de espécies fitopatogênicas causadoras de prejuízos à agricultura, bem como a resposta das plantas aos patógenos (Ghini et al., 2011). O monocultivo e o uso excessivo de agrotóxicos dificultam o estabelecimento e deslocamento da fauna, de polinizadores e dispersores de sementes nas áreas de lavoura e pastagem. Como resultado, ocorre o isolamento de populações da fauna e flora nos remanescentes de vegetação natural, com consequente homogeneização genética e extinção de espécies (Prevedello e Vieira, 2010; Fletcher et al., 2018). O fenômeno, juntamente com outras perturbações antrópicas, leva à formação das chamadas florestas vazias, áreas de vegetação que perderam a sua biodiversidade, resultando em degradação e perda das suas funções ecológicas (Redford, 1992; Stokstad, 2014).
Estima-se que, no século XX, cerca de 75% da biodiversidade agrícola mundial tenha sido perdida, a maior parte nos últimos cinquenta anos (FAO, 2010). A pecuária e a intensificação do uso do solo estão entre as grandes responsáveis pela degradação da biodiversidade no planeta (Allan et al., 2014, 2015). Entre os 35 ambientes mais importantes do mundo em riqueza biológica, 23 estão ameaçados pela pecuária (FAO, 2010).
A diversidade é essencial na paisagem agrícola, proporcionando polinizadores, controladores biológicos, decompositores de matéria orgânica, engenheiros do ecossistema (minhocas, formigas e cupins), cobertura vegetal, e dispersores de sementes (Power, 2010; Jouquet et al., 2011; Letourneau et al., 2011) que realizam diretamente todo o trabalho de manutenção dessa paisagem. Além desses benefícios da biodiversidade para as paisagens agrícolas, um dos principais motivos para incluí-la como um limite planetário é o seu papel no fornecimento de funções ecológicas que suportam os subsistemas biofísicos da Terra e, assim, fornecem a resiliência subjacente de outros limites planetários. Contudo, a ciência ainda carece de uma medida limite que capte, de modo agregado, o papel regulador da biodiversidade (Rockström et al., 2009; Steffen et al., 2015).
Dada as grandes perdas de biodiversidade é imprescindível o desenvolvimento de metodologias para expandir o monitoramento da biodiversidade global, gerando subsídios para compreender como estes processos vêm ocorrendo e propor formas para sua mitigação. O uso da bioacústica de forma passiva é uma das alternativas rápidas para levantamentos de dados sobre o comportamento natural das espécies e diante de perturbações ambientais. Esta se tornou uma ferramenta valiosíssima para a conservação (Vielliard, 2000; Sueur et al., 2014), pois o monitoramento de animais silvestres é uma tarefa que requer grande volume de recursos materiais e tempo. Além disso, frequentemente o cripticismo, a camuflagem e as reduzidas dimensões de algumas espécies de animais dificultam um censo preciso através de captura ou registro visual. Em alternativa, as manifestações acústicas podem ser registradas de forma abrangente e precisa, mesmo sem a visualização dos indivíduos (Vielliard, 1990; Figueiredo, 2008).
A bioacústica consiste no estudo do comportamento de comunicação dos animais através dos sinais sonoros (Vielliard e Silva, 2006) ou, conforme o Conselho Internacional de Bioacústica é o estudo dos sons biológicos. A utilização de censos acústicos requer reduzido esforço para a coleta, identificação e interpretação dos eventos, reduzindo em muito os custos e o tempo dos estudos de monitoramento (Tubaro, 1999; Aide et al., 2013).
A gravação in situ (busca ativa) e a gravação automatizada (busca passiva) são as modalidades de coleta de dados bioacústicos. Na primeira, há a presença direta do pesquisador em campo (Monticelli et al., 2016), enquanto na segunda o gravador permanece em campo durante o tempo necessário para coleta de dados ou uma base fixa de monitoramento é instalada (Aide et al., 2013; Ribeiro et al., 2017). Neste trabalho, foram utilizadas gravações automatizadas por meio do monitoramento acústico passivo (MAP) para avaliar a variação de biodiversidade entre os remanescentes florestais e os sistemas pastoris no Bioma Mata Atlântica.
Estudos vêm mostrando que a capacidade de avaliar rapidamente as mudanças no comportamento, tamanho da população e uso da paisagem, simultaneamente em grandes áreas geográficas, torna o MAP uma ferramenta viável e econômica para a conservação, para avaliação das estratégias de restauração e reabilitação de áreas degradadas (Sueur et al., 2012; Schmeller et al., 2017; Wrege et al., 2017), monitoramento ambiental em áreas de mineração (Alvarez-Berríos et al., 2016), exploração de gás natural (Deichmann et al., 2017), e implantação de sistemas agroflorestais (Bobryk et al., 2015).
Como a gravação automatizada é uma ferramenta recentemente desenvolvida, muitas pesquisas ainda estudam especificamente os ecossistemas naturais, negligenciando pesquisas em agroecossistemas (Aide et al., 2013; Alvarez-Berríos et al., 2016; Cerqueira e Aide, 2016; Deichmann et al., 2017). As paisagens rurais apresentam grande relevância ecológica, socioeconômica, histórica e cultural. Compreender a distribuição da biodiversidade nesse contexto é condição para avaliarmos os serviços ecossistêmicos e desserviços ambientais dos diferentes usos e ocupação do solo no contexto da ecologia das paisagens. Ampliar os esforços de levantamento, documentação e monitoramento da biodiversidade associada às paisagens é fundamental para avaliarmos a resiliência dos agroecossistemas e ecossistemas naturais associados (Joly et al., 2011).
Esta pesquisa teve como objetivo a caracterização da variação da comunidade de aves entre áreas pastoris e em remanescentes florestais adjacentes, avaliando o impacto desta mudança de uso na diversidade de espécies. Também foi discutido a metodologia de monitoramento acústico passivo (MAP) para avaliação rápida da biodiversidade nas paisagens rurais do Bioma Mata Atlântica.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
O estudo foi conduzido em quatro propriedades rurais que trabalham com produção de leite a base de pasto localizadas no bioma Mata Atlântica Sul do Estado de Santa Catarina, Brasil, (28° 02' 27 S, 49° 07' 44 O; 28° 04' 18''S e 48° 43' 50''O) (Figura 1). O clima da região é subtropical com verão quente (Cfa), com temperaturas médias anuais entre 14 e 20°C e precipitação anual total de 1.400 a 1.600 mm. A vegetação original era composta por Floresta Ombrófila Densa e por Floresta Ombrófila Mista. Hoje, florestas secundárias prevalecem na paisagem e os remanescentes de floresta primária existentes encontram-se principalmente junto a Serra Geral ou foram intensamente devastadas no processo de expansão da atividade agropecuária(IBGE, 2017).
Coleta de dados
Os dados foram coletados entre os meses de novembro e dezembro de 2016 e em janeiro, fevereiro, novembro e dezembro de 2017 totalizando seis períodos experimentais em quatro propriedades rurais distintas. Em cada propriedade, os habitats floresta e pastagem foram avaliados, simultaneamente, durante dois dias consecutivos em pontos amostrais diferentes e distantes 200 metros entre si. As gravações ocorreram no período da manhã das 05h às 09h nas quatro propriedades. As áreas de floresta e pastagem de cada propriedade estavam 300 metros distantes entre si para evitar sobreposição.
Para a coleta e registro dos dados utilizaram-se gravadores portáteis autônomos (telefones celulares) protegidos dentro de caixas impermeabilizadas (Grace Digital Eco Pod). Os gravadores foram acoplados a um conector externo ligado a um microfone (Monoprice - Model 600200). Cada gravador foi anexado, com cintas, a um tronco de árvore ou palanque de cerca de 1,5 m acima do solo, com o microfone apontado para baixo (Deichmann et al., 2017).
Todos os gravadores foram programados para gravar em uma faixa de amostragem de áudio mono de 44,1 kHz durante 1 min em intervalos de 10 min (25 registros individuais por dia) em arquivos não compactados (formato wav) usando o aplicativo ARBIMON touch (Rede de monitoramento automatizado remoto de biodiversidade) para a plataforma Android (Sieve Analytics). Todos os dados foram armazenados na plataforma bioacústica ARBIMON II e podem ser ouvidos e visualizados sem custos (https://arbimon.sieve-analytics.com/).
Nas quatro propriedades rurais estudadas foi gravado um total de 2.400 minutos (25 min/dia x dois dias x seis períodos experimentais x quatro propriedades x dois habitats). Para homogeneizar os dados obtidos, aleatoriamente, foram considerados 200 min de gravações em cada habitat por propriedade, somando 800 minutos de gravações por habitat. De acordo com Cerqueira et al. (2013), cada habitat é definido como um espaço hemisférico tridimensional com um raio de cerca de 50 m em torno do gravador.
A identificação de todos os fonótipos (sinais sonoros) foi feita auditivamente e/ou visualmente por meio do Audacity v.2.2.2 (software livre multiplataforma). O procedimento consiste em ouvir os sons gravados enquanto, simultaneamente, analisam-se espectrogramas criados com Audacity (transformação rápida de Fourier com tamanho de janela 1024 e janela Hanning); quando necessário, foram utilizados filtros para melhorar a análise auditiva das amostras (Mazzoni, 2017).
Esses fonótipos foram identificados através de comparações com os fonótipos presentes no Arquivo Bioacústico Catarinense, Xeno-Canto, WikiAves e com o auxílio de pesquisadores especializados (ornitólogos e bioacústicos), a nível de espécie. No caso de fonótipos não identificáveis a nível de espécie, foi utilizada a categoria taxonômica e os mesmos não foram contabilizados neste estudo. Os registros foram tabulados contendo informações sobre presença ou ausência de cada espécie e clareza do sinal.
Análise de dados
A presença de cada espécie em um referido habitat foi considerada apenas uma vez por dia em cada propriedade. Consequentemente, foi considerada somente a presença/ausência das espécies nos habitats de uma referida propriedade a cada dia. As espécies identificadas foram nomeadas de acordo com a lista de espécies do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO) (Piacentini et al., 2015).
A riqueza de espécies nos habitats estudados foi aferida pelas curvas de rarefação e extrapolação dos números de Hill para os dados de incidência, utilizando os procedimentos e funções propostas por Chao et al. (2014), por meio do pacote iNEXT versão 2.0.15 (Hsieh et al., 2016), no programa R versão 3.4.4 (R Development Core Team, 2014). A partir dessa análise, que se baseia nos dados de incidência da comunidade, foi possível comparar os dados de diferentes comunidades no tempo e espaço, pois as amostras são padronizadas a um mesmo tamanho (Chao et al., 2014). As curvas foram geradas com intervalos de confiança a 95% obtidos pelo método de bootstrap, o que facilita a comparação de diversas comunidades de amostras extrapoladas (Chao et al., 2014).
RESULTADOS
Foram encontradas 97 espécies pertencentes a 44 famílias (Material Suplementar) nas 64 amostragens nos habitats (Floresta e Pastagem) nas quatro propriedades rurais estudadas.
No habitat floresta foram registradas 77 espécies e na pastagem 48, com 28 espécies ocorrendo em ambos os habitats. Dessa forma, na floresta encontramos 49 espécies não encontradas na pastagem. Já nas pastagens foram encontradas 20 espécies ausentes nos fragmentos florestais da Mata Atlântica Ombrófila Densa, cobertura original da região. Das 28 espécies registradas nos dois habitats, 11 são específicas de floresta. Seis espécies são somente de áreas abertas e 11 possuem ampla ocorrência, tanto em áreas abertas quanto florestas (Quadro 1). A curva de rarefação de espécies mostrou que, de fato, há diferença significativa entre a riqueza de espécies encontradas nos habitats pesquisados (Figura 2).
Nas propriedades 1, 2 e 3 os dados de riqueza foram similares. Já na propriedade 4 a riqueza de espécies foi igual nos dois habitats. Esta propriedade apresentou menor riqueza na floresta quando comparada com as outras propriedades (Figura 3).
Entre as 10 espécies que tiveram maior frequência de ocorrência e que apareceram nos dois habitats Attila rufuse Turdus rufiventrisse destacaram por serem consideradas de floresta. As outras principais espécies encontradas em cada habitat são consideradas como de ocorrência nos respectivos ambientes (Figura 4).
DISCUSSÃO
Impactos da fragmentação florestal na comunidade de aves
Neste estudo, constatou-se que o número de espécies encontradas reflete as consequências das perdas de habitats no Bioma Mata Atlântica, um dos hotspots de biodiversidade com mais espécies ameaçadas (ICMBio, 2016). Os habitats floresta são fragmentos pequenos, mas ainda resguardam condições e recursos para a conservação de muitas espécies quando comparados com agroecossistemas. Diante da diminuição e a substituição da floresta para usos diversos do solo, os fragmentos florestais despontam com importância magnificada, apesar das limitações e fragilidades. Eles servem como corredores ecológicos e stepping stones(pontos de ligação ou trampolins ecológicos). Esses remanescentes rodeados de áreas agrícolas são condição para viabilização do fluxo biológico entre manchas de habitats mais conservados (Metzger, 1999).
Nas pastagens, as espécies que apresentaram maior frequência são espécies generalistas e com pouca sensibilidade à fragmentação de habitats (Sick, 2001). Algumas poucas espécies de floresta também foram registradas nas áreas pastoris. A presença de tais espécies pode ser explicada pela necessidade de forrageamento nas áreas abertas devido a crescente fragmentação e restrição de habitats provocada pelo desmatamento e produção agropecuária.
Das dez principais espécies de aves que ocorreram nos dois habitats a única com maior porte é Guira guira.Outras espécies de porte médio a grande em meios florestais não apareceram nesse recorte e mesmo assim tiveram uma baixa ocorrência dentro do levantamento. Esse fato reforça o impacto de não se ter uma grande diversidade de aves de porte médio a grande nas florestas, já que a extinção das grandes aves tem interferido na evolução de várias espécies florestais nativas (Galetti et al., 2013).
A conservação florestal e as aves
A floresta é condição para manter os grandes dispersores de sementes (Vidal et al., 2013). Os tucanos (Ramphastos spp.) são importantíssimos, além de dispersores eficientes estão entre as poucas aves que se alimentam de sementes grandes. Por exemplo, a ausência dos tucanos há mais de 50 anos, levou a palmeira Euterpe edulis produzir frutos menores, enquanto nas matas conservadas o tamanho do fruto era maior. Onde não existem tucanos ou outras aves com bicos grandes, a E. edulisé dispersada por aves menores, como sabiás (Turdus spp.). Os frutos maiores não cabem no bico do sabiá ficando embaixo da palmeira e não geram novas plantas. Apenas as sementes menores são dispersadas nestas condições (Galetti et al., 2013). Várias outras espécies de árvores nativas passam pela mesma situação da E. edulis. Isso pode envolver a perda de funções essenciais dos ecossistemas comprometendo serviços ecossistêmicos essenciais para manutenção do próprio remanescente e das atividades agrícolas (Vidal et al., 2014).
A baixa ocorrência de aves de porte médio e grande neste estudo, tais como Ramphastossp., Penelope superciliarise P. obscura, pode estar relacionada com o decréscimo na qualidade dos habitats decorrente de atividades humanas nas circunvizinhanças dos fragmentos. As florestas estão tornando-se vazias devido à intensa fragmentação (Dirzo et al., 2014), caça, extração madeireira (Stokstad, 2014; Periago et al., 2015), e até a extração de produtos não-madeireiros (Redford, 1992).
As aves exercem importantes funções ecológicas como controle de insetos, dispersão de sementes e polinização, contribuindo assim para a manutenção do equilíbrio biológico local e manutenção das culturas agrícolas (Sekercioglu, 2012). A ausência dessas espécies pode comprometer a provisão de serviços ecossistêmicos, inclusive aqueles diretamente associados à atividade agropecuária.
A diferença na riqueza de espécies entre os dois habitats foi considerável e isso reforça o argumento de que esses fragmentos florestais são essenciais para conservar algumas espécies da região. A curva de rarefação de espécies mostrou que uma ampliação amostral deveria ser aplicada à floresta. Já na pastagem a ampliação amostral encontraria poucas espécies além daquelas observadas neste estudo. O resultado indica a grande perda de espécies de habitats florestais quando transformados em agroecossistemas desprovidos de componente arbóreo característico dos ecossistemas originais da região (Perfecto, 2003; Dietsch et al., 2007).
Os impactos da perda de diversidade da avifauna nos remanescentes florestais sobre as cadeias tróficas, nos processos e serviços ecossistêmicos e, consequentemente, sobre os agroecossistemas necessitam ainda ser elucidados. O impacto da similaridade marcante de espécies exclusivas de ambientes pastoris nessas áreas originalmente cobertas pela Mata Atlântica Ombrófila Densa também carece de investigação. Tampouco é bem entendida a ecologia das aves de fragmentos bordeados por pastagens e a resiliência dos próprios remanescentes florestais.
A relevância da metodologia utilizada
O MAP tem mostrado ser um meio que facilita o levantamento de dados tão urgentes para o entendimento de como as espécies estão se comportando em ambientes antropizados. Pesquisas que realizaram comparações entre o método acústico passivo e metodologias tradicionais de coleta de dados sobre aves constataram que a forma passiva detecta um número maior de espécies (Celis-Murillo et al., 2012; Wimmer et al., 2013; Alquezar e Machado, 2015).
Na pesquisa de Wimmer et al. (2013), os autores concluíram que os dados acústicos detectaram uma riqueza de 75 a 80 espécies de aves em áreas de floresta aberta, Eucalyptussp. e Melaleuca quinquenervia, borda da floresta e pastagem, enquanto os levantamentos tradicionais variaram de 34 a 49 espécies.
O uso de tecnologias avançadas nas pesquisas
Os equipamentos acústicos estão cada vez mais confiáveis simples e acessíveis economicamente. O monitoramento acústico passivo está se tornando uma prática cada vez mais comum para avaliação das paisagens acústicas e seus elementos em várias circunstâncias, especialmente na avaliação do impacto e restauração de ecossistemas (Bobryk et al., 2015). As gravações permanentes online também são uma opção de levantamento de dados que criam possibilidades de pesquisa em diferentes flancos a custos exequíveis, inclusive para comparações temporais e contínuas (Sedláček et al., 2015).
Além dos pontos levantados acima sobre o MAP, vale ressaltar o tempo investido em laboratório para o treinamento do especialista na identificação dos cantos das espécies gravadas. Um observador pouco habituado a identificar aves seria beneficiado por um trabalho mais longo em gabinete, enquanto um observador mais treinado ganharia esse tempo levantando os dados em campo. Então, para iniciantes na identificação das espécies e até mesmo, para pesquisadores experientes, o MAP quando agregado à softwares que facilitam a identificação automática das espécies é um avanço plausível nas pesquisas científicas, diante de grandes impactos ambientais e das mudanças globais que vêm ocorrendo.
Para estudos futuros recomenda-se usar softwares que façam a identificação automática das espécies. Alguns programas já são usados, eles permitem, além da análise de padrões encontrados, fazer a busca automática dos padrões individuais de cada espécie e também avaliar em quais amostras não houve identificação (Aide et al., 2013).
CONCLUSÃO
Mesmo diante da ampla descaracterização da vegetação natural nos dois habitats estudados, uma rica avifauna ainda pode ser observada na área de floresta, reafirmando assim a necessidade e importância de fragmentos de florestas naturais em propriedades rurais para manutenção da comunidade de aves através de locais de descanso, reprodução e alimentação. Sugerem-se mais estudos semelhantes a este para uma maior delimitação da influência de ambientes pastoris na avifauna em diferentes escalas.
O planejamento e manejo adequado das paisagens rurais também podem ser uma condição para recuperação destas populações de aves e dos serviços ecossistêmicos relacionados. Técnicas de avaliação rápida e eficiente possibilitam este planejamento e gerenciamento viabilizando a restauração ecológica (Gasc et al., 2015; Brown et al., 2016).
As avaliações com MAP foram inequívocas com relação ao impacto das atividades agropecuárias na biodiversidade de aves. O método utilizado pode captar a realidade das paisagens estudadas e mostrar os impactos presentes no nível da paisagem ao apontar as espécies presentes nos habitats.
Com o uso dessa ferramenta muitos dados foram analisados gerando um banco de dados atual que pode subsidiar ações mitigadoras da perda da biodiversidade e restauração da paisagem rural. Nesta pesquisa foram analisadas apenas as espécies de aves, mas toda a paisagem acústica foi gravada compondo o banco de dados. Espécies de mamíferos, anuros, insetos, ruídos antrópicos (máquinas, automóveis, humanos), vento, chuva foram gravados e fazem parte da paisagem acústica do ambiente e exercem influencia no comportamento das espécies presentes (Pijanowski et al., 2011; Farina e James, 2016).
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Recebido/received: 2019.04.03
Aceite/accepted: 2019.10.25