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Revista de Ciências Agrárias
versão impressa ISSN 0871-018X
Rev. de Ciências Agrárias vol.42 no.4 Lisboa dez. 2019
https://doi.org/10.19084/rca.17142
ARTIGO
Tratamentos sanitários na qualidade fisiológica e sanitária de sementes de tomate produzidas sob manejo orgânico
Sanitary treatments in the physiological and sanitary quality of tomato seeds produced under organic management
Aldo Luiz Mauri1, Eduardo Fontes Araujo2, Hugo Tiago Ribeiro Amaro3,*, Roberto Fontes Araujo4 e Sheila Cristina Prucoli Posse1
1Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural INCAPER, Vitória, Brasil
2Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal de Viçosa UFV, Viçosa, Brasil
3Departamento de Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes, Janaúba, Brasil.
4Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais EPAMIG, Viçosa, Brasil
(*E-mail: hugo.amaro@unimontes.br)
RESUMO
O uso de sementes de alta qualidade fisiológica e sanitária representa importante estratégia na implantação de lavouras de tomate orgânico. Este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar o efeito de tratamentos sanitários na qualidade fisiológica e sanitária de sementes de tomate cereja produzidas sob manejo orgânico. Foram utilizados seis lotes de sementes de tomate cereja oriundos do Rio Grande do Sul e do Espírito Santo. As sementes foram submetidas a tratamentos sanitários alternativos que constaram de imersão das sementes em extratos vegetais (alfavaca-cravo e timbó) e em água destilada, microbiolização das sementes, termoterapia, além de um tratamento padrão com fungicida comercial e uma testemunha sem tratamento. Em seguida, as sementes foram avaliadas quanto à qualidade fisiológica e sanitária. O extrato de timbó reduziu a qualidade fisiológica das sementes de tomate. O tratamento de sementes com extrato de alfavaca-cravo e extrato de timbó inibiu a incidência de Penicilliumsp. em sementes de tomate cereja, produzidas sob manejo orgânico. O extrato de alfavaca-cravo é eficiente na manutenção da qualidade fisiológica e sanitária das sementes de tomate cereja sob manejo orgânico.
Palavras-chave: Lycopersicon esculentumMill., agricultura orgânica, produção de sementes, germinação.
ABSTRACT
The use of high quality physiological and sanitary seeds represents an important strategy in the implantation of organic tomato crops. This work was carried out to evaluate the effect of sanitary treatments on physiological and sanitary quality of seeds of tomato grown under organic management. We used six seed lots of cherry tomatoes coming from Rio Grande do Sul and Espírito Santo. The seeds were subjected to alternative sanitary treatments that consisted of soaking seeds in plant extracts and in distilled water, seeds microbiolization, thermotherapy, in addition to standard treatment with commercial fungicide and a control without any treatment. Then the seeds were evaluated for physiological and sanitary quality. Timbó extract reduced the physiological quality of tomato seeds. The treatment of seeds with alfavaca-clove extract and timbó extract inhibited the incidence of Penicillium sp. in cherry tomato seeds, produced under organic management. The alfavaca-cravo extract is efficient in maintaining the physiological and sanitary quality of cherry tomato seeds under organic management
Keywords: Lycopersicon esculentum Mill., organic farming, seed production, germination.
INTRODUÇÃO
O tomate está entre as hortaliças mais consumidas no mundo, sendo fonte devitaminas A e C e de sais minerais como potássio e magnésio. A produção anual brasileira de tomate é estimada em 4,4 milhões de toneladas, e destes, 2 milhões de toneladas são destinados ao mercado innatura e o restante ao processamentoindustrial da polpa (FAO, 2013).
A produção de hortaliças em sistema orgânico é uma atividade em crescimento no mundo, em decorrência da necessidade de se proteger a saúde dos produtores e consumidores e de preservar o ambiente (Sediyama et al., 2014). Nesse sentido, diante da impossibilidade do uso de práticas de manejo convencionais e do tratamento químico de sementes, o uso de sementes de alta qualidade fisiológica e sanitária torna-se ainda mais importante na implantação de lavouras de tomate orgânicas. Assim, o uso de sementes de elevada qualidade e o conhecimento dos fatores que afetam a qualidade são essenciais para a implantação de qualquer sistema de cultivo, permitindo a expressão do potencial máximo da cultivar em questão (Barbosa et al., 2012).
O tratamento de sementes é, provavelmente, a medida mais antiga, barata e, às vezes, a mais segura e a que propicia os melhores êxitos no controle das doenças de plantas disseminadas pelas sementes (Parisi e Medina, 2017). O tratamento de sementes, além de controlar os agentes patogênicos associados às sementes, controla os habitantes/invasores do solo, fungos de armazenamento e patógenos foliares iniciais, podendo assegurar plantas vigorosas e atrasar o início de epidemias. A falta dessa proteção inicial pode ter impacto direto na produtividade (Buzzerio, 2010).
O tratamento químico com fungicidas e inseticidas aumenta o desempenho das sementes, principalmente daquelas espécies de alto valor comercial e é utilizado como ferramenta de proteção da semente, tanto no campo como durante o armazenamento (Juliatti, 2010). No entanto, sabendo-se dos problemas ocasionados, e da impossibilidade de uso dessa prática na agricultura orgânica, a necessidade da busca de alternativas de controle destes agentes fitopatogênicos, é necessária. Dentre as alternativas estudadas, atualmente, destacam-se o uso de extratos vegetais para o controle de fitopatógenos (Moraes et al., 2011; Marini et al., 2012; Pereira et al., 2013; Ferreira et al., 2015; Souza et al., 2017), o controle biológico por meio de antagonistas (Fantinel et al., 2015) e o uso da termoterapia (Schneider et al., 2015).
Vários autores verificaram que a maioria dos extratos e óleos de plantas apresenta propriedades antifúngicas. Slusarenko et al. (2008) verificaram que Alternaria spp. em sementes de cenoura foi controlada eficientemente com a utilização de extratos de alho. Trabalhando com sementes de pinheiro (Pinus elliotti), Camargo (2007) constatou a eficiência do macerado de timbó (Ateleia glazioviana Baill) no controle de Penicilliumsp., Fusarium sp., Cladosporiumsp., Alternaria sp. e Rhizopus sp. presentes nas sementes. Extrato bruto aquoso de alfavaca-cravo (Ocimum gratissimum) inibiu o desenvolvimento micelial de Bipolaris sorokiniana em sementes de trigo (Rodrigues et al., 2006).
Diante disto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de tratamentos sanitários alternativos em sementes de tomate cereja produzidas sob manejo orgânico.
MATERIAL E MÉTODOS
O Estudo foi conduzido no Laboratório de Pesquisa em Sementes e Laboratório de Fitopatologia do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER), em Linhares, Espírito Santo, e na Clínica de Doenças de Plantas do Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa, Minas Gerais. Utilizaram-se seis lotes de sementes de tomate cereja (Lycopersicon esculentum Mill) produzidas sob manejo orgânico. Os lotes 1, 2 e 3 foram adquiridos em embalagens impermeáveis, à COOPERAL (Cooperativa Regional dos Agricultores Assentados Ltda.), que atua no município de Hulha Negra, estado do Rio Grande do Sul como produtora de sementes agroecológicas. Os lotes 4, 5 e 6 foram obtidos no município de Domingos Martins, estado do Espírito Santo.
Para a obtenção destes três últimos lotes, as sementes foram removidas dos frutos, sendo submetidas à fermentação natural, durante dois dias, com temperatura em torno de 24°C. Ao final deste processo, a mucilagem foi totalmente removida por meio de lavagem em água corrente. Na sequência, as sementes foram colocadas a secar sobre papel toalha, em laboratório, sob temperatura em torno de 20°C, durante aproximadamente quatro dias, até a realização das análises.
Avaliou-se o efeito de tratamentos sanitários alternativos na qualidade das sementes e a descrição dos tratamentos está apresentada no Quadro 1. Após os tratamentos, as sementes foram submetidas aos seguintes testes:
-Determinação do teor de água: determinado conforme metodologia prescrita nas Regras para Análise de Sementes (Brasil, 2009), pelo método da secagem em estufa a 105±3°C, durante 24 h, utilizando-se três repetições, sendo os resultados expressos em percentagem;
-Teste de germinação: conduzido com oito repetições de 50 sementes distribuídas sobre duas folhas de papel germitest umedecidas com água destilada (volume equivalente a 2,5 vezes o peso do papel seco), em caixas plásticas tipo gerbox. As caixas foram colocadas em germinador tipo BOD, marca FANEM, sob temperatura alternada de 20-30°C e com oito horas de luz. As avaliações foram feitas no 7º e 14º dias após a semeadura e os resultados expressos em percentagem de plântulas normais (Brasil, 2009);
-Primeira contagem de germinação: realizado em conjunto com o teste de germinação. Consistiu no registro da percentagem de plântulas normais obtidas no 7.º dia após o início do teste (Brasil, 2009);
-Emergência de plântulas: realizado em estufa, semeando-se oito repetições de 25 sementes em bandejas de isopor de 200 células, a 0,5 cm de profundidade, em substrato comercial Plantmax®, umedecido duas vezes ao dia, realizando-se aos 15 dias a contagem de plântulas normais emergidas. Os resultados foram expressos em percentagem;
-Índice de velocidade de emergência: realizado em conjunto com o teste de emergência. Foram feitas contagens diárias do número de plântulas emergidas até o 15º dia, calculando-se o índice de velocidade de emergência.
-Sanidade: para a análise sanitária das sementes foi utilizado o método do papel de filtro, conforme Brasil (2009), a 27°C, em regime alternado de 12 h de luz durante 7 dias, com quatro repetições, cada uma composta de quatro caixas gerbox. Em câmara de fluxo laminar e com o auxílio de pinças esterilizadas distribuíram-se 25 sementes de forma equidistante sob uma dupla camada de papel de filtro, totalizando 100 sementes por repetição e 400 por tratamento. A avaliação foi realizada com utilização de microscópio estereoscópico, com ampliação de 50 a 60x, examinando-se as sementes individualmente para a verificação de ocorrência e identificação de possíveis microrganismos. Os resultados foram expressos em percentagem de sementes portadoras de fungos.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado em esquema fatorial (seis lotes x sete tratamentos) com oito repetições. Os dados obtidos em cada teste foram analisados separadamente por meio da análise de variância. Para comparação de médias obtidas nos testes foi utilizado o teste de Tukey a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados referentes ao teor de água inicial das sementes foram praticamente semelhantes para os seis lotes estudados, variando de 7,5 a 8,6% de teor de água (dados não apresentados), valores estes considerados baixos e homogêneos.
As médias de germinação (Quadro 2) indicam que, em geral, independentemente do tratamento utilizado, o lote 1 apresentou melhor desempenho em relação aos restantes, exceto para o tratamento com extrato de timbó (Ateleia glazioviana Baill.), no qual os maiores valores de germinação foram observados nos lotes 2 e 3, que não diferiram estatisticamente do lote 1. O tratamento das sementes com extrato de timbó reduziu a germinação das sementes de todos os lotes tratados, enquanto o tratamento com calor seco apenas reduziu a germinação das sementes do lote 2.
A Portaria n.º 457, de 18 de dezembro de 1986, estabelece os padrões para a distribuição, transporte e comércio de sementes fiscalizadas de tomate, indicando que as sementes devem apresentar germinação mínima de 75% (Brasil, 2017). Assim, as sementes dos lotes 4,5 e 6 tratadas com extrato de timbó não atingiram a exigência da legislação quanto à percentagem mínima de germinação.
Os baixos valores de germinação observados após o tratamento das sementes com extrato de timbó certamente estão relacionados com o efeito alelopático do timbó. Substâncias químicas com potencial alelopático estão presentes em muitas plantas e em diferentes órgãos, como folhas, flores, frutos, caules, raízes e em sementes de várias espécies de plantas.
Observações em formações vegetais onde ocorre essa espécie, permitiram levantar a hipótese de que o timbó pode apresentar efeito alelopático sobre outras espécies vegetais; tal espécie apresenta comportamento em conformidade com a atividade alelopática, uma vez que forma populações densas e apresenta sinais de inibição ao desenvolvimento de outras espécies vegetais em condições de campo (Anese et al., 2007), com efeitos também sobre a germinação de sementes.
Apesar da eficiência do teste de germinação para avaliação do potencial fisiológico de sementes, deve-se considerar que esses resultados informam a respeito do desempenho dessas sementes quando submetidas a condições ótimas de temperatura e umidade, o que não ocorre no campo. Em campo, as sementes estão expostas a condições sub-ótimas de temperatura, umidade, presença de patógenos entre outros fatores, que podem interferir diretamente na obtenção de resultados correlacionados aos apresentados no teste de germinação (Barros et al., 2002).
A primeira contagem dos resultados obtidos com o teste de germinação (Quadro 3) foi pouco eficiente na distinção do efeito dos tratamentos no vigor das sementes. Verifica-se ainda, que as sementes tratadas através do calor seco apresentaram uma redução de vigor na maioria dos lotes avaliados, exceto nos lotes 2 e 4.
Estes resultados corroboram com os encontrados por Lopes e Rosseto (2004) que também constataram redução do vigor avaliado pela primeira contagem de germinação de sementes de tomate submetidas ao calor seco (70ºC; 72,5ºC e 75°C/48 h).
No Quadro 4 são apresentados os resultados da percentagem das plântulas emergidas em substrato comercial. Ressalta-se, mais uma vez, que as sementes tratadas com extrato de timbó foram as que apresentaram os menores valores e diferiram estatisticamente da testemunha sem tratamento, possivelmente devido ao efeito alelopático do timbó, como já relatado. Dentre os lotes que foram tratados com extrato de alfavaca-cravo, verifica-se melhor desempenho para as sementes oriundas dos lotes 1, 2 e 3, em relação aos demais lotes. Verifica-se ainda, no lote 6, que o extrato de alfavaca-cravo reduziu a emergência de plântulas, sendo superior somente ao tratamento com extrato de timbó.
Do mesmo modo, Rocha et al. (2002) trabalhando com óleo essencial de alfavaca-cravo, verificaram que o mesmo inibiu a germinação de sementes de alface. Por outro lado, Rodrigues et al. (2006) trabalhando com sementes de trigo tratadas com extrato de alfavaca-cravo, constataram que a qualidade fisiológica das sementes não foi alterada em função do tratamento.
O índice de velocidade de emergência (Quadro 5) também indicou o tratamento com extrato de timbó como de pior desempenho. Nas sementes tratadas via calor seco não se encontraram diferenças estatísticas entre os lotes. Estes resultados corroboram com Carmo et al. (2004), que também constataram redução na velocidade de germinação de sementes submetidas ao calor seco (70°C/96 h). Este efeito deve-se provavelmente ao reduzido teor de água das sementes submetidas a este tratamento.
Os resultados obtidos no teste de germinação e nos restantes testes de avaliação do vigor mostraram que de um modo geral o pior desempenho foi obtido nas sementes que foram submetidas ao tratamento com extrato de timbó. Por outro lado, a avaliação da incidência de fungos (%) nos diferentes lotes, mostrou que o extrato de timbó foi eficiente na redução da incidência de Rhizopus sp. e Penicillium sp. na maioria dos lotes avaliados (Quadro 6).
Anese et al. (2007) avaliando sementes de alface tratadas com extrato de timbó, observaram significativas reduções de germinação e vigor. Por outro lado, Camargo (2007) não constatou qualquer redução na qualidade fisiológica em sementes de pinheiro (Pinus elliottiiEngelm) e grápia [Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F.Macbr.],quando estas foram tratadas com extrato de timbó. Estes resultados contraditórios podem ser devido ao fato de Camargo (2007) ter trabalhado com aplicação de extrato seco sobre as sementes, o que difere do que ocorreu neste trabalho e no trabalho de Anese et al. (2007) onde se trabalhou com extratos aquosos, conforme metodologia descrita por Rodrigues et al. (2006). Os resultados da aplicação de extratos vegetais são assim dependentes, entre outros fatores, dos processos tecnológicos utilizados na obtenção e manipulação do extrato.
De uma maneira geral, o extrato de alfavaca-cravo não foi prejudicial à qualidade fisiológica das sementes, apresentando resultados inferiores apenas nos lotes de menor vigor.
Verifica-se também que o tratamento com o fungicida captana e com água destilada apresentou resultados similares aos da testemunha sem tratamento. Este fungicida químico de síntese é comumente utilizado no tratamento de sementes de hortaliças, não apresentando efeitos negativos. Os resultados similares à testemunha sem tratamento, apresentados pela água destilada, validaram os resultados obtidos nos tratamentos com os extratos aquosos, comprovando-se que tais efeitos se devem aos ingredientes ativos presentes nestes extratos e não ao período de embebição das sementes. Em relação ao uso do calor seco e da microbiolização, de uma maneira geral, os resultados indicaram efeitos prejudiciais à qualidade das sementes, mas não tão intensos quando comparados com o uso do extrato de timbó.
No Quadro 6 são apresentados os resultados da ocorrência de microrganismos em sementes de tomate cereja produzidas sob manejo orgânico após aplicação dos tratamentos alternativos. Em todos os lotes avaliados verificou-se a incidência de Rhizopus sp. e Penicillium sp.
O tratamento das sementes com Trichoderma sp. não controlou os fungos existentes. Pelo contrário, aumentou a incidência ou favoreceu a manifestação de patógenos nas amostras analisadas, quando anteriormente estas se apresentavam sadias. A utilização de captana foi eficaz no controle dos patógenos, contudo, este fungicida não pode ser utilizado no tratamento de sementes orgânicas (Brasil, 2011).
As propriedades antifúngicas e sua eficácia no controle de agentes patogênicos, sem causar danos às sementes tratadas dependem de uma série de fatores inerentes às plantas, como o órgão utilizado, a idade e a fase vegetativa. A eficiência do produto utilizado também depende da espécie vegetal utilizada, do tipo de doença a ser controlada e dos processos tecnológicos utilizados na obtenção e manipulação dos extratos (Silva et al., 2005). Fatores ambientais, como o pH, temperatura, umidade relativa e diferentes tipos de stress também podem influenciar a eficácia dos produtos utilizados.
Apesar da grande eficiência do extrato de timbó para eliminação dos patógenos de sementes de tomate cereja, demonstrada neste trabalho, o mesmo causou danos na qualidade fisiológica das sementes tratadas. Desta forma, destaca-se o efeito do extrato de alfavaca-cravo, que se mostrou tão eficiente quanto o de timbó no controle dos fungos das sementes, mas não apresenta, a priori, grandes problemas para a qualidade fisiológica das sementes tratadas.
Diante destas considerações, ressalta-se a necessidade da realização de novas pesquisas avaliando outras combinações e extratos, verificando o efeito sobre demais agentes patogênicos associados às sementes, bem como o efeito destes produtos na qualidade das sementes armazenadas.
CONCLUSÕES
O extrato de timbó reduz a qualidade fisiológica das sementes de tomate cereja.
O tratamento de sementes com extrato de alfavaca-cravo e extrato de timbó inibiu a incidência de Penicilliumsp. em sementes de tomate cereja, produzidas sob manejo orgânico.
O extrato de alfavaca-cravo é eficiente na manutenção da qualidade fisiológica e sanitária das sementes de tomate cereja sob manejo orgânico.
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Recebido/received: 2019.02.15
Aceite/accepted: 2019.08.20