INTRODUÇÃO
O conceito de desenvolvimento sustentável visa atender às necessidades das gerações presentes sem comprometer os recursos e as necessidades das gerações futuras (WCED, 1987). Apesar deste conceito se ter tornado essencial para corrigir os efeitos da crise ecológica, a literatura revela interpretações diferentes para a agricultura sustentável. A sustentabilidade pode ser percebida como uma abordagem motivada pela compreensão dos impactos negativos das atividades agrícolas, mas pode ser entendida também como um conjunto de estratégias que devem ser aplicadas para aumentar a resiliência, com base no sistema (Thompson et al., 2007).
Identificam-se alguns problemas que têm vindo a afetar o setor agrícola, tais como as alterações climáticas, escassez e consumo crescente de água e de mão-de-obra, as oscilações dos preços e a volatilidade dos mercados agrícolas (Pretty, 2008; Trigo et al., 2021), que associados à falta de capital, insuficiente suporte, organização inadequada e falta de competitividade do setor (Alho, 2017; Rahman, 2017; Sevinc, 2018), afetam a sua produtividade e eficiência, impondo mudanças urgentes para que as práticas agrícolas sejam mais sustentáveis (Falco et al., 2018).
Neste contexto, organizações agrícolas institucionais, como as associações e as cooperativas, que ajudem a superar os obstáculos assumem grande importância, embora os agricultores demonstrem alguma dificuldade para agirem em grupo (Ajates, 2020; Sevinç, 2021). Acresce que a sustentabilidade agrícola depende cada vez mais das opções tomadas conscientemente pelos agricultores, mas também das exigências dos diversos stakeholders que com eles intervém diariamente para satisfazerem as necessidades das populações (Qu et al., 2020).
As organizações agrícolas transmitem a informação aos seus associados, possibilitado o desenvolvimento tecnológico, sendo ainda atores chave na melhoria da produtividade e nas questões ambientais. Neste sentido, com o objetivo de definir e identificar indicadores de avaliação da sustentabilidade das organizações agrícolas, este estudo desenvolve uma análise sistemática da literatura focada em artigos científicos das bases bibliográficas da Web of Science e Scopus. Para além dos indicadores de sustentabilidade constituírem ferramentas de suporte a modelos preditivos de avaliação da sustentabilidade, a literatura evidencia o seu contributo na melhoria da gestão das organizações agrícolas, possibilitando uma maior visualização dos pontos fortes e oportunidades para fazer face às suas fraquezas e ameaças (Marta-Costa, 2010b; Hayati, 2017; Cetrulo et al., 2020; Gonzalez-Esquivel et al., 2020; Bega et al., 2021). O mapeamento de documentos e de indicadores associados, constituem um ponto de partida para a geração de uma agenda de investigação focada no papel das organizações agrícolas na sustentabilidade do setor agrícola.
REVISÃO DA LITERATURA
Organizações agrícolas coletivas
A perceção de organizações agrícolas coletivas varia de acordo com os investigadores e os seus países de origem, mas, na sua generalidade, o conceito engloba associações, cooperativas e empresas agrícolas. As associações, geralmente, apresentam como finalidade a promoção da assistência social, cultural, educacional, defesa de interesses de grupos ou de classes e passagem de informação tecnológica; enquanto as cooperativas expõem como finalidade e objetivos a promoção do desenvolvimento de negócios, beneficiando todos que dela participam. Uma empresa agrícola possui o objetivo de alcançar determinados resultados económicos (Andrade, 1981).
No entanto, se pelo discurso corrente se fala de associações e de cooperativas como se fossem realidades diferentes, do ponto de vista sociológico, as cooperativas são uma modalidade associativa particular e como tal correspondem ao conceito de associação. Porém, se todas as cooperativas agrícolas são associações agrícolas, nem todas as associações agrícolas são cooperativas. Acresce ainda que uma cooperativa agrícola, distingue-se das demais cooperativas, primeiro pelo seu objetivo agrícola, respeitando a sua constituição e, segundo, pela profissão agrícola dos seus associados, sendo simultaneamente uma associação e uma empresa (Campos, 1992).
As associações e/ou cooperativas agrícolas são organizações decisivas no setor agrícola, auxiliando os agricultores a aumentar a produtividade e a retribuição dos seus fatores e por conseguinte o lucro. Zhang et al. (2019a) referem que as cooperativas agrícolas possibilitam o aumento do poder económico dos agricultores, para um nível que individualmente não seria atingido. Estas organizações oferecem as estruturas institucionais, através das quais os agricultores podem controlar a produção e comercialização dos seus produtos agrícolas e facilitam o acesso a serviços, para aumentar os seus rendimentos e fortalecer sua situação económica, nomeadamente, o acesso a crédito agrícola e a serviços não financeiros (Twumasi, 2021).
O comportamento económico de organizações agrícolas ligadas à melhoria do rendimento dos produtores, foi referido na literatura em diversos trabalhos, iniciando-se com os estudos de Helmberger e Hoos (1962), Nourse (1922) e Philipps (1953), que desenvolveram diferentes modelos de avaliação. A diferença entre associações e cooperativas geralmente está ligada à estrutura de gestão (Hendrikse e Bijman, 2002; Bontems e Fulton, 2009; Hueth e Marcoul, 2015; Peng et al., 2018).
Mais recentemente, Villegas Chádez (2017) expõe a associação cooperativa agrícola, como um conjunto autónomo de pessoas, unidas voluntariamente, para resolver os seus problemas, como a economia comum, as necessidades e as aspirações sociais e culturais, através de uma propriedade conjunta e controlada democraticamente (Villegas Chádez, 2017). Estas associações têm um papel importante na sustentabilidade económica agrícola e na adoção de medidas favoráveis ao ambiente, pelo que Candemir et al. (2021) sugerem que tanto as políticas públicas quanto as iniciativas privadas das associações se complementam. A sua proximidade com os agricultores consegue ser o fator relevante nas cadeias de abastecimento ajudando os agricultores a mudar as suas práticas agrícolas e a favorecer a adoção de práticas mais sustentáveis (Candemir et al., 2021).
A heterogeneidade dos membros das organizações agrícolas tem sido um foco teórico recente para compreender o seu comportamento. Devido à sua natureza democrática, as organizações agrícolas capacitam os seus membros e permitem que pequenos agricultores tenham uma voz na sua área de produção (Elliot et al. 1998).
No entanto, grande parte da literatura sobre organizações agrícolas concentra-se na análise económica do seu desempenho (Ajates, 2020). Uma estratégia de negócios construída a partir de narrativas comunitárias, internas e externas, pode promover a sustentabilidade empresarial (Giagnocavo et al., 2018). Este plano é essencial para agricultores em países desenvolvidos e em mercados em desenvolvimento (Wang et al., 2019). As organizações agrícolas têm de acompanhar a evolução, procurando, entre os seus membros, os que possuem conhecimentos necessários à possibilidade de desenvolvimento (Florea et al., 2019). Neste âmbito, a transferência de tecnologia agrícola desempenha um papel importante na transformação da produtividade agrícola, facilitando o movimento de soft e hard skills essencial para melhorar a produção agrícola (Mgendi et al., 2019), que devem ser alinhadas com os pressupostos do desenvolvimento sustentável.
Sustentabilidade e dimensões
O conceito de sustentabilidade tem sido exposto através de definições que nem sempre se enquadram completamente nas diferentes opiniões ou linhas de pensamento (Marta-Costa, 2010a; Oliveira et al., 2022). Os posicionamentos intermediários são frequentes, indicando que o conceito significa coisas diferentes para diferentes pessoas. Apesar de alguma controvérsia, o debate em torno da ideia de sustentabilidade traz consigo a consciência da complexidade e da interacção das diferentes dimensões ambiental, económica e social, reconhecendo a necessidade de uma ação mais integrada entre as mesmas (Altieri, 1994; Elkington, 2018; Marta-Costa, 2010a; Johann et al., 2022). A realização deste objetivo exige que o crescimento económico apoie o progresso social e respeite o ambiente; que a política social favoreça o desempenho económico e que a política de ambiente seja economicamente eficiente (CCE, 2001). As dimensões base - ambiental, económica e social - são consideradas o tripé da sustentabilidade. Proteger o ambiente e preservar os recursos naturais é fundamental para promover a sustentabilidade das gerações futuras, por conseguinte a produção de bens e serviços deve respeitar as leis ecológicas para que as atividades económicas e o ambiente estejam em sintonia e possam beneficiar a sociedade (Elkington, 1994; De Luca et al., 2018; Johann et al., 2022).
Assim sendo, persiste o interesse e esforço global na procura por estratégias que possam equilibrar as relações entre a humanidade e o ambiente, tendo como foco principal a redução da pobreza extrema e a proteção ambiental (Borges et al., 2020). Neste âmbito, os indicadores de sustentabilidade são instrumentos que permitem avaliar e medir a sustentabilidade. Permitem identificar se um sistema é sustentável e se os seus limites foram respeitados ou ultrapassados (Marta-Costa, 2010a; Bega et al., 2021). São ferramentas que permitem conhecer uma dada realidade, devendo ser capazes de sintetizar um conjunto complexo de informações e expor o significado essencial dos aspetos analisados (Hayati, 2017; Marta-Costa, 2010a; Gonzalez-Esquivel et al., 2020; Bega et al., 2021).
Os indicadores são escolhidos de acordo com o contexto que se pretende avaliar, sendo a envolvência dos atores chave no processo de construção dos indicadores e fundamental para a consolidação da ferramenta de avaliação (Deponti et al., 2002; Fraser et al., 2006; Da Silva & Adissi, 2011; Cetrulo et al., 2020).
Todavia, os indicadores devem obedecer a alguns critérios, nomeadamente serem relevantes, percetíveis, transparentes, mensuráveis, representativos em termos internacionais, confiáveis, recentes, permitir fazer comparações e ser limitados em número, como é assinalado por diversos autores (Braga et al., 2004; Kerk & Manuel, 2008; Mascarenhas et al., 2010; Ferreira et al., 2020). Devem ainda contemplar os três pilares da sustentabilidade, sendo necessários e fundamentais nas tomadas de decisão aos mais diversos níveis e nas mais diversas áreas, nomeadamente para a melhoria da gestão de um sistema agrícola (Navarro, 2002), dado que facilmente utilizável por gestores, políticos, grupos de interesse ou organizações agrícolas.
MATERIAIS E MÉTODOS
Face ao objetivo estabelecido, esta pesquisa utiliza métodos qualitativos, nomeadamente técnicas bibliométricas, sendo possível identificar tendências da produção científica nos diversos campos de pesquisa (Machado, 2007; Lazzarotti et al., 2011; Almalki, 2016). Realizou-se uma revisão sistemática da literatura, focada em artigos indexados nas bases Web of Science e Scopus. A definição da literatura é fundamental, pois revela a base da pesquisa e impacta a sua validação (Singleton & Straits, 1999).
Os dados obtidos foram tratados no formato BibTeX da Web of Science e CVS na Scopus. Posteriormente, o software RStudio (versão 1.2.5042) foi utilizado para criar um banco de dados unificado. Em seguida, os dados foram submetidos a uma análise de rede, que foi realizada com o R Bibliometrix 3.0. Nesta etapa, definiram-se as palavras-chave, os campos de pesquisa e os filtros de refinamento. Os documentos extraídos das bases de dados Web of Science e Scopus foram pesquisados utilizando os mesmos critérios: anos de publicação recentes, de 2011 a 2022; área científica da agricultura transdisciplinar e com as palavras-chave “agricultural organizations, cooperatives, agri*, sustainability”. As palavras-chave da pesquisa foram trabalhadas cuidadosamente, uma vez que ao pesquisar apenas organizações agrícolas, os artigos encontrados não estavam enquadrados no tema, eram reduzidos, dispersos, não relacionados, mesmo com os filtros já escolhidos e definidos. Optou-se, assim, por adicionar nas palavras-chave o termo cooperativas, pois de acordo com a definição de Campos (1992) trata-se de uma associação e organização agrícola, o que não enviesa a pesquisa e permite dar respostas aos objetivos preconizados nesta investigação.
A pesquisa reuniu 62 artigos da base de dados da Scopus e 6 na base de dados da Web of Science. Como 6 artigos eram comuns, a amostra total fixou-se nos 62.
Em relação às técnicas bibliométricas, estas consolidam tendências da produção científica (Machado, 2007; Lazzarotti et al., 2011), possibilitando realizar análises dos artigos relevantes de áreas e temas de pesquisa (Santos et al., 2011).
O protocolo da análise (Figura 3) incidiu na análise das informações gerais, no estudo da taxa de crescimento anual das publicações, na identificação das revistas com mais publicações na temática, na produção do autor ao longo do tempo nas instituições de pesquisa afiliadas. Tendo por base os trabalhos de Crossan e Apaydin (2010) e Tranfield et al. (2003), foi também realizada a análise sistemática da literatura. Todos os artigos foram lidos de modo a perceber a problemática e as suas principais contribuições para o tema, permitindo a construção e a análise da estrutura conceitual relativas à pesquisa.
RESULTADOS
Dos 62 documentos em análise, 56 são artigos científicos provenientes de 214 autores e 42 fontes. Para os anos de 2011 a 2021, observa-se uma ascensão da publicação de documentos científicos, com picos em 2011 (5), 2014 (4) e, particularmente, em 2019 (13), traduzindo-se numa taxa de crescimento anual de 13,61%.
Os artigos em estudo foram mapeados através da análise fatorial, de modo a reduzir a dimensionalidade dos dados. A origem do mapa representa o centro do campo de pesquisa, indicando tópicos comuns (Aria & Cuccurullo, 2017). Deste modo, foi possível identificar dois agrupamentos de documentos que manifestam conceitos comuns num mapa bidimensional (Figura 1), correspondentes a diferentes cores. Com estes agrupamentos, ficam mais evidentes os clusters relacionados com o tema em estudo: um cluster direcionado para as relações das organizações com o exterior e outro direcionado para as relações com o interior.
Os núcleos apresentados na Figura 1 evidenciam uma frequência maior de palavras em comum. Para interpretar a importância dos documentos nos clusters obtidos, realizou-se a Análise de Correspondência Múltipla. Este método baseia-se numa adaptação da estrutura dos dados gerando uma tabela de códigos binários, permitindo que mais de duas variáveis sejam analisadas, possibilitando, em simultâneo, a avaliação de relações entre estes e a variáveis analisadas (Souza et al., 2010).
A análise da Figura 1 evidencia dois clusters. Um cluster mais direcionado para as relações das organizações com o exterior e o outro relativo à componente interna de cada sistema.
A análise dos artigos incluídos em cada um destes dois clusters permitiu identificar características comuns e específicas a cada um dos grupos (Quadros 1 e 2).
Da análise do Quadro 1 verifica-se que os artigos que relacionam as organizações com os fatores externos, identificam-nas como dotadas de ferramentas que podem conduzir a ações mais sustentáveis e eficazes, nomeadamente no que respeita à sua relação com o mercado.
Os agricultores que integram organizações agrícolas possuem um maior conhecimento técnico, económic o, ambiental e social e conseguem executar práticas mais sustentáveis, ajustando-as à sua realidade (Albaek & Schultz, 1998; Silva et al., 2011; Stark & Jakubek, 2011; Basu & Scholten, 2012; Bond et al., 2012; Ndifon et al., 2012; Islam et al., 2018; Ajates, 2020; Mangnus & Schoonhoven-Speijer, 2020). Em termos económicos existe coordenação na colocação dos seus produtos no mercado, eliminando o envolvimento de intermediários, tornando a produção mais sustentável.
Observa-se ainda a existência de uma maior compreensão e acesso aos principais fatores que sustentam o desempenho das organizações, como programas, políticas governamentais e outras fontes de financiamento que permitem um maior investimento no setor. As políticas governamentais e geográficas influenciam a atribuição de subsídios para práticas sustentáveis, bem como os riscos ambientais associados a essas práticas (Han et al., 2020;Lua & Lee, 2020; Moskovich, 2020; Yobe et al., 2020; Candemir et al., 2021;Ochoa-Noriega et al., 2021; Twumasi et al., 2021). As organizações fornecem serviços relacionados com a gestão dos recursos naturais, minimizando os riscos da degradação ambiental que podem provocar mudanças climáticas e conservação de recursos. A ação coletiva dos agricultores poderá ser a solução para aumentar a produtividade, os níveis de eficiência técnica e produtividade (Stark & Jakubek, 2011; Bond et al., 2012; Liu et al., 2019a; Bizikova et al., 2020; Mangnus & Schoonhoven-Speijer, 2020; Candemir et al., 2021; Venanzi & Matteucci, 2022).
Artigo | Objetivo | Metodologia | Contributo para a sustentabilidade |
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Albæk & Schultz (1998) | Perceção sobre benefícios obtido pelos agricultores inseridos em organizações agrícolas. | Revisão de literatura | Agricultores que pertençam a organizações possuem ferramentas que podem levar a ações mais sustentáveis |
Silva et al. (2011) | Avaliação da sustentabilidade de produtores inseridos em organizações | Caso de estudo | Produtores inseridos em organizações possuem práticas mais sustentáveis |
Deng et al. (2010) | Reflexão sobre a relação entre o crescimento de uma organização agrícola e a sustentabilidade | Caso de estudo | Compreender os principais fatores que sustentam o desempenho das organizações e contribuir para ajustar os programas e as políticas governamentais que enquadram as medidas sustentáveis |
Stark & Jakubek (2011) | Estima a relação entre o crescimento de uma organização agrícola e a sustentabilidade . | Método econométrico | A investigação permite relacionar que se a organização agrícola crescer economicamente, as práticas sustentáveis aumentam |
Basu & Scholten (2012) | Avaliação da sustentabilidade e de fatores de desempenho | Caso de estudo | É necessário tomar em consideração as dimensões da sustentabilidade para as discussões sobre as transformações agrícolas produzidas pelas tecnologias e para a compreensão do valor da pecuária nas economias rurais |
Bond et al. (2012) | Avaliação da sustentabilidade em organizações agrícolas | Revisão de literatura | Nas organizações agrícolas a avaliação da sustentabilidade, de associações e associados permite melhorias e maximiza a sustentabilidade agrícola. |
Ndifon et al. (2012) | Análise da existência de práticas sustentáveis em organizações agrícolas na Nigéria | Caso de estudo | As organizações agrícolas no sul da Nigéria adotam práticas sustentáveis |
Bijman & Iliopoulos (2014) | Análise da importância das organizações para os agricultores europeus e suas tendências | Revisão de literatura | São escassos os estudos empíricos que suportam a importância das organizações para os agricultores europeus. É importante abordar os níveis da organização interna, o ambiente institucional e as estratégias que as cooperativas desenvolvem nas cadeias de abastecimento nos mercados e para a sustentabilidade |
Mojo et al. (2015) | Análise dos impactos sociais e ambientais de agricultores inseridos em organizações | Caso de estudo | As organizações são consideradas veículos potenciais para o desenvolvimento sustentável |
Elliott et al. (2018) | Análise sobre se a heterogeneidade dos membros de uma organização agrícola tem influência na utilização de práticas sustentáveis | Revisão de literatura | A heterogeneidade dos membros de uma organização agrícola é um fator importante na utilização de práticas sustentáveis |
Giagnocavo et al. (2018) | Identificação dos impactos das organizações na dimensão económica, social e ambiental | Caso de estudo | As organizações são capazes de atuar como mecanismo de coordenação de mercado equilibrando dimensão económica, social e ambiental, de modo que o mercado não seja dominantes |
Grashuis (2018) | Análise das dimensões da sustentabilidade nas organizações | Caso de estudo | As várias dimensões da sustentabilidade nas organizações não são estáticas e as suas dinâmicas devem ser estudadas |
Iliopoulos & Valentinov (2018) | Ajuste dos limites e objetivos das organizações agrícolas voltados para as dimensões da sustentabilidade | Caso de estudo | As soluções fundamentais decorrentes do paradigma sistema-ambiente exigem o ajuste dos limites e objetivos da organização à luz do alcance evolutivo dos verdadeiros interesses comuns dos membros. |
Islam et al (2018) | Análise sobre a implementação de organizações agrícolas na sustentabilidade na silvicultura | Caso de estudo | A abordagem de organizações dirigida por agricultores, com estratégias de marketing e funções de serviço, pode eliminar com sucesso o envolvimento dos intermediários nos produtos dos agricultores tornando a silvicultura um sistema de produção sustentável em Bangladesh |
Kumar et al. (2018) | Análise sobre o impacto das organizações de lacticínios no desempenho agrícola e sustentável dos produtores de leite | Método econométrico | As organizações de laticínios têm um impacto positivo na produção de leite, lucro segurança alimentar e métodos sustentáveis |
Liu et al. (2019b) | Análise dos determinantes do uso de organizações agrícolas como canal de comercialização e sustentabilidade na província de Sichuan, na China | Método econométrico | Quem faz parte de uma organização promove e aumenta o seu canal de comercialização e sustentabilidade económica |
Wang et al. (2019) | Análise da participação em organização coletiva sobre a utilização de práticas mais sustentáveis | Revisão de literatura | A utilização de práticas sustentáveis pode estar relacionada com a associação de agricultores, embora prevaleça a relação com a gestão e as políticas governamentais e geográficas |
Zhang et al (2019a) | Análise da relação entre subsídios direcionados para práticas sustentáveis | Método econométricos | A relação de atribuição de subsídios para práticas sustentáveis está inerente às políticas governamentais e geográficas |
Zhang et al. (2019b) | Análise da relação das organizações agrícolas com a gestão de riscos ambientais | Caso de estudo | Os riscos ambientais associados a determinadas áreas dependem da gestão da organização, estando sempre inerentes as políticas governamentais e geográficas |
Ajates (2020) | Reflexão sobre organizações agrícolas e os sistemas alimentares sustentáveis. | Caso de estudo | Existe correlação das políticas agrícolas das organizações agrícolas com os sistemas alimentares sustentáveis |
Bizikova et al. (2020) | Análise das práticas sustentáveis em organizações agrícolas em países em desenvolvimento | Revisão de literatura | Organizações de agricultores fornecem serviços que contribuem para um aumento da resiliência e a melhoria da qualidade e quantidade da água, foram documentados em 24% dos estudos. A gestão dos recursos naturais deve ser mais amplamente incorporada nos serviços prestados para mitigar os riscos associados à degradação ambiental e às mudanças climáticas |
Ishak et al. (2020) | Compreensão do conceito de desempenho no contexto de organização de pequenos produtores | Caso de estudo | O desempenho cooperativo dos pequenos produtores baseia-se na capacidade de conduzir o processo de tarefas de gestão de forma eficiente e eficaz, bem como em conformidade com as expectativas de seus membros, permitindo sustentabilidade económica |
Han et al. (2020) | Análise de estratégias de gestão da cadeia alimentar, em organizações agrícolas | Caso de estudo | As estratégias de gestão que permitem práticas mais sustentáveis na cadeia alimentar são inerentes às políticas colectivas |
Hannachi et al. (2020) | Mostrar que as cooperativas são capazes de agrupar, coordenar ou influenciar todas as partes interessadas, incluindo na sustentabilidade | Caso de estudo | As cooperativas foram capazes de agrupar, coordenar ou influenciar todas as partes interessadas, atuando entre os diversos atores da cadeia |
Jitmun et al. (2020) | Avaliar a sustentabilidade em organizações agrícolas leiteiras | Caso de estudo | A experiência na pecuária leiteira influencia positivamente a adesão dos produtores de leite às organizações, garantindo sustentabilidade económica |
Kashiwagi (2020) | Análise de práticas sustentáveis em organizações agrícolas na Cisjordânia da Palestina | Caso de estudo | A ação coletiva dos agricultores é vista como uma das soluções para superar a baixa produtividade, aos níveis da eficiência técnica e da produtividade de oliveiras na Cisjordânia da Palestina, associadas a medidas sustentáveis |
Lua & Lee (2020) | Análise de estratégias de sucesso e falhas de desenvolvimento na sustentabilidade em organizações agrícolas | Caso de Estudo | A forma de gestão que permite sustentabilidade agrícola está inerente às políticas governamentais, ao local geográfico e condições económicas dos países. |
Mangnus & Schoonhoven-Speijer (2020) | Perceção sobre os contextos dinâmicos em organizações agrícolas africanas e as estratégias de sustentabilidade em organizações agrícolas | Caso de Estudo | Os agricultores inseridos em organizações ordenam o acesso sustentável ao mercado, combinando novos arranjos com instituições existentes inseridas nas relações sociais e económicas. |
Moskovich (2020) | Análise das estratégias de sustentabilidade em organizações agrícolas coletivas e da abordagem de gestão subjacente ao negócio estratégico e à sustentabilidade | Caso de Estudo | A forma de gestão que permite sustentabilidade agrícola está inerente às políticas governamentais |
Nicolau et al. (2020) | Avaliação da sustentabilidade nas operações de organizações agro-pecuárias no município de Ituiutaba em Minas Gerais a partir da aplicação do modelo de Sustainability Assessment for Agriculture Cooperatives (SAAC). | Caso de estudo | A prática de sustentabilidade nas operações das organizações no município foi avaliada como insuficiente |
Yobe et al. (2020) | Medição de fatores que sustentam o desempenho das organizações e medidas sustentáveis | Método econométrico | Uma melhor compreensão dos principais fatores que sustentam o desempenho das organizações é importante para ajustar os programas e políticas governamentais que definem as medidas sustentáveis |
Candemir et al. (2021) | Revisão da literatura sobre o papel desempenhado pelas cooperativas agrícolas na influência da sustentabilidade agrícola | Revisão de literatura | As cooperativas desempenham um papel não negligenciável na sustentabilidade económica e na adoção de práticas sustentáveis. As políticas públicas e as iniciativas privadas nas cooperativas podem ser complementares |
Francesconi et al. (2021) | Análise da resiliência de organizações de propriedade de pequenos produtores do Sudeste da África | Caso de estudo | Apenas algumas organizações desenvolveram soluções inovadoras para manter os vínculos de mercado dos pequenos produtores rurais. A falta de resiliência demonstrada pela maioria das organizações parece estar associada a uma falta geral de capital |
Hernández Veitia et al. (2021) | Análise de estratégias para impulsionar um desenvolvimento rural sustentável nas organizações em Cuba | Caso de estudo | Os jovens são atores fundamentais nas organizações para o desenvolvimento alimentar do ambiente local e promover um desenvolvimento rural sustentável |
Ochoa-Noriega et al. (2021) | Análise da sustentabilidade agrícola em organizações agrícolas, pertencentes a países desenvolvidos | Caso de estudo | A forma de gestão que ajuda a sustentabilidade agrícola está relacionada as condições geográficas |
Twumasi et al. (2021) | Investigação sobre o impacto de pertencer a uma organização agrícola e a relação entre as políticas de gestão | Caso de estudo | A utilização de práticas sustentáveis devidas à participação em organização agrícola está dependente das políticas governamentais. |
Sevinç (2021) | Perceção dos agricultores sobre a sustentabilidade agrícola quando inseridos em organizações agrícolas | Caso de Estudo | Ao fazer parte de uma organização agrícola, existe um maior número de ferramentas que estão ao dispor dos associados, que podem ser fundamentais para o uso de práticas que tornem o setor mais sustentável. |
Venanzi & Matteucci (2022) | Descrição das condições económicas disponibilizadas pelos bancos que trabalham para organizações colectivas | Caso de estudo | Os bancos permitem melhores condições de investimento a organizações agrícolas, promovendo deste modo a sustentabilidade das organizações do sector |
Zhou & Zhu (2021) | Perceção dos benefícios da cadeia alimentar pela participação em organizações agrícolas | Método econométrico | A distribuição justa de lucros é a chave para as organizações agrícolas, permitindo uma maior prática de acções sustentáveis na cadeia de distribuição |
Em relação ao Quadro 2, dedicada à relação das organizações com os fatores internos, os resultados sugerem que as organizações são constituídas por uma heterogeneidade de membros que disseminam entre si as práticas agrícolas (Hannachi et al., 2020; Lua & Lee, 2020; Mangnus & Schoonhoven-Speijer, 2020; Candemir et al., 2021; Sevinç, 2021). Neste sentido, as organizações desempenham um papel importante na cooperação entre associados e na aceleração da adoção de tecnologias agrícolas.
Artigo | Objetivo | Metodologia | Contributo para a sustentabilidade |
---|---|---|---|
Lubell et al. (2011) | Identificação nas organizações agrícolas dos custos e benefícios associados à inovação de práticas sustentáveis | Revisão de literatura | Cooperação, inovação e lacunas de conhecimento são questões relevantes para a resiliência e sustentabilidade de muitos tipos diferentes de sistemas socioeconómicos |
Abebaw & Haile (2013) | Análise do impacto das organizações na adoção de tecnologias agrícolas na Etiópia | Método econométrico | As organizações podem desempenhar um papel importante na aceleração da adoção de tecnologias agrícolas sustentáveis |
Lubell et al. (2014) | Desenvolvimento de sistemas de gestão na rede das organizações agrícolas | Método econométricos | A tecnologia e a modernização relacionadas com o uso de práticas mais sustentáveis estão ao alcance dos associados agrícolas |
Fadil et al. (2014) | Diagnóstico das organizações agrícolas do setor das plantas aromáticas e medicinais | Caso de Estudo | Existe um impacto positivo neste tipo de indústria de pertencer a uma organização agrícola, devido ao acesso a tecnologias mais recentes e modernas |
Stattman & Mol (2014) | Análise da inclusão social dos agricultores familiares por meio de organizações agrícolas da cadeia de produção do biodiesel | Caso de Estudo | As organizações contribuem para a economia e para o desenvolvimento de um grupo significativo de agricultores familiares com práticas sustentáveis |
Kishioka et al. (2017) | Análise das funções intermediárias e das perspetivas dos agricultores no desenvolvimento e implementação de esquemas agro-ambientais na província de Shiga, no Japão | Método econométricos | Para aumentar a participação em organizações agrícolas é necessária uma visão clara dos incentivos económicos para os agricultores, bem como a coordenação entre intermediários com diferentes conhecimentos e novas tecnologias |
Liu et al. (2019a) | Perceção sobre se a pegada de carbono em arrozais diminui em agricultores que pertencem a organizações agrícolas | Caso de estudo | Os agricultores que pertencem a organizações agrícolas possuem mais apoio na realização de testes aos solos e acesso a novas tecnologias, diminuindo a pegada de carbono |
Florea et al. (2019) | Análise qualitativa do desenvolvimento agrícola em organizações | Caso de Estudo | O desenvolvimento agrícola está associado à utilização de novas tecnologias mais sustentáveis |
Mgendi et al. (2019) | Perceção da relação entre a transferência tecnológica existente entre as organizações agrícolas | Caso de Estudo | A transferência de tecnologia agrícola, fornecida pelas organizações, possibilita uma maior produtividade agrícola nas áreas rurais |
Marcis et al. (2019a) | Análise do uso de práticas sustentáveis pelos associados em organizações coletivas. | Revisão de literatura | Existe relação entre práticas e tecnologias mais sustentáveis em associados de organizações. |
Marcis et al. (2019b) | Criação de modelo de avaliação de desempenho com base em indicadores, em organizações agrícolas | Método econométricos | A criação de um modelo de avaliação de desempenho que associa sustentabilidade e organizações coletivas, permitiu inferir sobre o impacto significativo do uso melhores práticas, com a utilização de ferramentas e tecnologias mais sustentáveis ambientalmente |
Pedrosa-Ortega et al. (2019) | Análise da importância das cooperativas nos mercados agroalimentares e de como um determinado contexto organizacional influencia as decisões e conhecimentos dos gestores | Caso de Estudo | A permanência do interesse dos stakeholders nas cooperativas agro-alimentares confere autonomia para tomar decisões com maior sustentabilidade |
Swagemakers et al. (2019) | Análise da agricultura regenerativa praticada por agricultores inseridos em organizações | Caso de Estudo | A modernização de técnicas agrícolas leva a uma maior sustentabilidade dos agricultores inseridos em organizações |
Ghadermarzi et al. (2020) | Avaliação da componente da sustentabilidade social em organizações agrícolas | Caso de Estudo | Focado na avaliação da sustentabilidade social em organizações agrícolas, não foram alcançadas conclusões finais sobre esta componente |
Ma & Zhu (2020) | Análise do papel das organizações agrícolas no abandono de culturas que esgotam os recursos dos solos | Caso de Estudo | Os agricultores pertencentes a organização agrícola possuem mais ferramentas para abandonar culturas, que esgotam e inutilizam solos agrícolas |
Manda et al. (2020) | Análise da promoção do uso de tecnologias sustentáveis pelas organizações agrícolas | Método econométrico | As organizações agrícolas aumentaram a probabilidade de adoção de tecnologia em 11 a 24 %. |
Youssef et al. (2020) | Identificação do impacto do aumento urbano nos terrenos agrícolas detidos por agricultores inseridos em associados agrícolas | Caso de Estudo | Com o aumento das áreas urbanas existe um maior número de solos contaminados e maiores níveis de poluição. Fazer parte de associações permite ter acesso a alguns meios para tentar reverter esse fator. |
Baek & Kwon (2021) | Análise de um projeto de regeneração participativa, implementado para uma melhoria sustentável numa área rural na Coreia | Caso de Estudo | Com o projeto de regeneração de uma área rural, inserido em organização coletiva verificou-se uma maior facilidade na existência de práticas sustentáveis |
Calliera et al. (2021) | Análise da promoção de práticas de gestão de águas subterrâneas em organizações colectivas | Método econométricos | Em organizações coletivas torna-se mais fácil implementar práticas sustentáveis na gestão de águas, devido à existência de consultores e empresas disponibilizadas pelas organizações |
Godlewska-Majkowska & Komor (2021) | Identificação e avaliação da atratividade de investimentos tecnológicos baseados em energias renováveis em organizações agrícolas | Caso de estudo | Ao fazer parte de uma organização agrícola, as novas ferramentas tecnológicas estão ao dispor dos associados a preços mais competitivos, permitindo melhorias sustentáveis |
Li et al. (2021) | Análise da participação em organizações coletivas e a utilização de fertilizantes orgânicos | Revisão de literatura | A participação em organizações agrícolas apresenta efeito positivo na utilização de fertilizantes orgânicos |
Velten et al. (2021) | Análise do papel das organizações e das outras partes interessadas para uma estratégia-chave para a agricultura sustentável | Caso de estudo | O papel das organizações na componente interna dos seus associados é mais importante do que nas condições externas, mais incontroláveis. |
Além disso, a transferência de tecnologia agrícola, fornecida pelas organizações, possibilita uma maior produtividade agrícola nas áreas rurais, facilitando a implementação de práticas sustentáveis que envolvem também a componente ambiental dos sistemas praticados.
As organizações agrícolas colocam à disposição dos seus associados as tecnologias mais modernas, contribuindo com um apoio técnico/tecnológico que possibilita a escolha de técnicas mais sustentáveis. Assim as empresas associadas apresentam maior produtividade e realizam a gestão e a proteção de recursos ambientais e sociais com os interesses dos stakeholders assegurados (Lubell et al., 2011; Abebaw & Haile, 2013; Fadil et al., 2014; Lubell et al., 2014; Stattman & Mol, 2014; Kishioka et al., 2017; Florea et al., 2019; Liu et al., 2019b; Marcis et al., 2019b; Mgendi et al., 2019; Pedrosa-Ortega et al., 2019; Swagemakeres et al., 2019; Ghadermarzi et al., 2020; Ma & Zhu, 2020; Manda et al., 2020; Youssef et al., 2020; Baek & Kwon, 2021; Godlewska-Majkowska & Komor, 2021; Li et al., 2021; Velten et al., 2021).
De modo a realizar avaliações de desempenho de sustentabilidade das organizações agrícolas, apresenta-se no Quadro 3 o mapa concetual de indicadores e suas categorias, suportados nos documentos obtidos na análise bibliométrica. Apesar da necessidade de contemplar, de forma integrada, os três pilares da sustentabilidade (Gibson, 2006), os indicadores são expostos separadamente por dimensão em concordância com o observado na literatura consultada. Os indicadores da dimensão económica medem a eficiência na obtenção de resultados e os indicadores da dimensão ambiental são direcionados para as questões relacionadas com a proteção ambiental e esgotamento dos recursos naturais. A dimensão social agrupa indicadores relativos à satisfação e à qualidade dos produtos e serviços, sendo no entanto, aquela que evidencia uma menor preponderância nos trabalhos consultados.
CONCLUSÕES
Este trabalho suportado na análise sistemática de literatura, foi dedicado à identificação do papel das organizações coletivas agrícolas na ótica da sustentabilidade, tendo permitido a identificação de dois clusters diferenciados, com características bem definidas. Um que envolve ações das organizações mais direcionadas para as relações com o exterior e outro mais dedicado à componente interna de cada sistema.
No âmbito deste último grupo constatou-se que os agricultores, na contínua necessidade de obterem condições para melhor rentabilizarem as suas produções, vão aderindo a mais formação e tecnologias disponíveis, através da sua relação com as organizações coletivas, o que lhes permite facilitar as suas tarefas e manter seu espaço rural, bem como a vida natural existente nas áreas de cultivo.
No outro grupo, observou-se que a sustentabilidade agrícola depende cada vez mais das opções tomadas conscientemente pelos agricultores, mas também pelas exigências dos diversos stakeholders que intervém diariamente com os agricultores para satisfazerem as necessidades das populações, sendo relevante o papel das organizações coletivas na gestão destas relações.
No entanto, existem ainda lacunas que devem continuar a ser exploradas pela comunidade científica no que respeita ao papel das organizações agrícolas no desenvolvimento sustentável. O conjunto de indicadores de sustentabilidade reunidos neste trabalho, no âmbito das organizações coletivas agrícolas, permite concluir que, no que diz respeito à sustentabilidade social, devido à sua complexidade, são poucos os estudos existentes nesta dimensão. Torna-se evidente a necessidade de maior pesquisa das relações interpessoais e dos seus efeitos na qualidade da vida dos agentes envolvidos do setor, bem como a identificação de indicadores que envolvam questões do desenvolvimento do meio rural e da vida rural. Também as dinâmicas e impactos ambientais necessitam de tomar o centro das atenções de muitas destas entidades, apesar de alguns estudos (Youssef et al., 2020; Calliera et al., 2021) indicarem que fazer parte de associações permite acesso a meios que ajudam ao controlo dos efeitos ambientais mais nefastos.
No âmbito da dimensão económica, apesar de constituir a área de ação dominante pelas organizações do setor, verifica-se ainda a necessidade de definição de indicadores que permitam avaliar e conduzir à resiliência dos diferentes sistemas produtivos.
Dessa forma, as categorias dos indicadores apresentados no mapa conceitual poderão ser um ponto de partida, dando pistas, para investigações futuras.