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Nascer e Crescer
versão impressa ISSN 0872-0754
Nascer e Crescer vol.23 supl.3 Porto nov. 2014
POSTERS
PM-12
Oxigenoterapia hiperbárica em adolescente com hipoacusia súbita neurossensorial
Mariana Matos MartinsI; Nádia GuimarãesI; Ivete AfonsoI; Eduarda CruzI; Tiago FernandesII; Nuno TrigueirosIII
IServiço de Pediatria, Hospital Pedro Hispano Unidade Local de Saúde de Matosinhos
IIServiço de Medicina Hiperbárica, Hospital Pedro Hispano Unidade Local de Saúde de Matosinhos
IIIServiço de Otorrinolaringologia, Hospital Pedro Hispano Unidade Local de Saúde de Matosinhos
Introdução: A utilização de oxigenoterapia hiperbárica (OTH) em pediatria, apesar de ter indicações definidas, é infrequente para isso contribuindo a escassez de centros especializados e a falta de informação. Apesar da evidência clínica não ser definitiva em relação à utilização deste tratamento na hipoacúsia neurossensorial o aparecimento de resultados favoráveis tem levado a uma utilização cada vez maior.
Os autores apresentam o caso de uma adolescente com hipoacúsia súbita neurossensorial (HSNS) sem resposta ao tratamento convencional com melhoria clínica comprovada após uso de O2 hiperbárico.
Caso clínico: Adolescente, sexo feminino, 12 anos, antecedentes pessoais irrelevantes, incluindo hábitos medicamentosos. Antecedentes maternos de doença de Meniére e fraternos de doença celíaca. Quadro febril inespecífico 3 semanas antes associado posteriormente a vómitos, tonturas, zumbido e hipoacúsia súbita severa esquerda. Diagnosticado síndrome vertiginoso no contexto de labirintite aguda provável com audiograma revelando perda auditiva de 70-75 SRT; medicada com corticóide, antivírico e antiemético orais. Estudo complementar incluindo estudo serológico infeccioso e angio-RM cerebral sem alterações de relevo, excepto níveis de transglutaminase francamente positivos. Por manutenção de défice auditivo severo após cerca de 2 semanas de tratamento oral foi proposta OTH. Realizou 30 sessões diárias distribuídas durante 5 dias semanais, sem registo de efeitos laterais. Melhoria clínica progressiva do quadro vertiginoso com recuperação auditiva parcial registada após conclusão da OTH.
Discussão: Diversos estudos analisaram o uso de OTH como terapia secundária da HSNS após insucesso do tratamento primário convencional. Os resultados são positivos quanto à melhoria auditiva mas inconclusivos quanto ao significado clínico desta melhoria. Existe também indefinição em relação ao contributo da recuperação espontânea, e também no que respeita à altura ideal de início e tempo de duração. Apesar de não podermos concluir que a doente melhorou apenas devido à OHT, nos casos em que a terapêutica de 1ª linha falha os autores pensam que esta é uma alternativa viável dada a limitação futura que acarreta um défice auditivo, especialmente em idade pediátrica.
Carecem estudos prospectivos em larga escala que comprovem o benefício inequívoco desta estratégia terapêutica e definam as condições ideais de utilização.