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Nascer e Crescer
versão impressa ISSN 0872-0754
Nascer e Crescer vol.23 supl.3 Porto nov. 2014
POSTERS
PM-28
Células T gamadelta em crianças com doença de Behçet e doença aftosa oral recorrente
Ana Cristina FreitasI; Inês FerreiraI; Carla ZilhãoI; Esmeralda NevesII; Sónia DiasII; Nancy AzevedoII; Judite GuimarãesII; Júlia VasconcelosII; Margarida GuedesI
IServiço de Pediatria do Centro Hospitalar do Porto
IIServiço de Imunologia Clínica do Centro Hospitalar do Porto
Introdução: A doença de Behçet é uma doença inflamatória multissistémica de etiologia desconhecida, cujas manifestações podem surgir em idade pediátrica. As células T gamadelta participam na defesa contra bactérias e vírus intracelulares e neoplasias, assim como na proteção contra a auto-imunidade. O aumento das populações gamadelta no sangue periférico é relativamente comum na doença de Behçet e na doença aftosa oral recorrente, mas o seu papel na patogénese da doença e significado clínico não estão ainda esclarecidos. O objectivo deste trabalho foi comparar a percentagem de células T gama-delta no sangue periférico em crianças com estas patologias, de forma a melhor compreender sua relação com as manifestações clínicas.
Metodologia: Estudo descritivo das características clínicas e analíticas de crianças com doença de Behçet e doença aftosa oral recorrente referenciadas à consulta de Reumatologia Pediátrica do Centro Hospitalar do Porto entre Junho/2000 e Junho/2014 e a quem foi realizado contagem de células T gamadelta.
Resultados: Dezanove doentes pediátricos foram incluídos, apresentando mediana de idade de 15,8 anos, distribuição equitativa entre géneros e mediana de seguimento clínico de 2 anos. Ocorreram úlceras genitais (critério para classificação como doença de Behçet) em 8 crianças (42%). Observou-se um aumento de células T gama-delta em 9 doentes (47%), sem diferença estatisticamente significativa entre doentes com doença de Behçet ou doença aftosa oral recorrente (médias de 10,7% e 12,2% respectivamente, p=0,56). Apenas as crianças com aumento das células T gama-delta apresentaram lesões cutâneas (pseudofoliculite ou teste de patergia positivo), mas sem outras diferenças em relação a género, idade de início das manifestações, presença de úlceras genitais, sintomas gastrointestinais, articulares ou neurológicos, velocidade de sedimentação ou haplótipos HLA associados a doença de Behçet.
Conclusões: Descreve-se um grupo de doentes pediátricos com doença aftosa oral recorrente e doença de Behçet em que o aumento de células T gamadelta apenas se relacionou com sintomas cutâneos. A reduzida dimensão da amostra e a idade pediátrica podem limitar a interpretação dos resultados. O repertório e os aspectos funcionais das células T gamadelta não foram analisados, o que poderia auxiliar na caracterização e explicação da imunopatogénese destas doenças.