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Nascer e Crescer

versão impressa ISSN 0872-0754

Nascer e Crescer vol.23  supl.3 Porto nov. 2014

 

POSTERS

 

PM-37

Quando o diagnóstico não é linear...

 

 

Nádia M. GuimarãesI; Ivete AfonsoI; Mariana MartinsI; Marco PereiraI; M. Eduarda CruzI

IServiço de Pediatria, Hospital Pedro Hispano, Unidade Local de Saúde de Matosinhos

 

 

Introdução: A doença de Kawasaki (DK) é uma doença aguda febril da infância, caraterizada por uma vasculite das artérias de médio calibre, com atingimento preferencial das coronárias. A febre, com pelo menos 5 dias de evolução, faz parte dos critérios de diagnóstico da grande maioria das normas de orientação.

Caso Clínico: Criança do sexo masculino com 5 anos, antecedentes pessoais e familiares irrelevantes. Quadro com 10 dias de evolução de tumefação cervical esquerda, odinofagia e sialorreia. Pico febril isolado no 2º dia de doença. Posteriormente, aparecimento exantema macular nas extremidades, hiperémia conjuntival, queilite, dor e edema nos pés, língua em framboesa e pequenas hemorragias ungueais. Estudo analítico com leucocitose, trombocitose, aumento da VS e PCR; ecocardiograma sem alterações. Cumpriu terapêutica com imunoglobulina EV e ácido acetilsalicílico (AAS) com evolução clínica favorável, resolução das alterações analíticas e sem alterações cardíacas de novo.

Discussão: Os critérios de diagnóstico da DK englobam, para além da febre, pelo menos 4 de 5 critérios ou 4 na presença de aneurisma coronário, sendo estes hiperémia conjuntival bilateral não exsudativa, atingimento orofaríngeo, eritema e/ou edema duro das mãos e pés, exantema polimorfo e adenopatia cervical unilateral igual ou superior a 1,5cm. Existem, no entanto, formas incompletas ou atípicas que não cumprem todos os critérios, devendo ser reconhecidas e tratadas. Os exames auxiliares de diagnóstico não possuem achados patognomónicos, caraterizando-se elevação dos parâmetros inflamatórios, da contagem plaquetária, transaminases, bem como anemia normocítica normocrómica. O ecocardiograma pode estar normal numa fase precoce da doença. O tratamento baseia-se no repouso, administração precoce de imunoglobulina EV e AAS até normalização da contagem plaquetária ou das alterações coronárias. O prognóstico depende exclusivamente da presença e severidade as lesões coronárias, sendo a incidência de patologia coronária de apenas 2-4% nos doentes tratados, pelo que um diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais. Os autores apresentam este caso pela sua particularidade de apresentação incompleta, em que o elevado índice de suspeita levou uma atuação precoce, evitando possíveis complicações cardíacas e permitindo assim um desfecho favorável.

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