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Nascer e Crescer

versão impressa ISSN 0872-0754

Nascer e Crescer vol.24  supl.2 Porto dez. 2015

 

RESUMO DAS COMUNICAÇÕES ORAIS / ORAL PRESENTATIONS - ABSTRACTS

 

CO_14

Casuística de alte num hospital terciário – o que mudou nos últimos 5 anos?

 

 

Daniel Meireles1, Joana Lorenzo1, Susana Pinto1, Carla Zilhão1, Ana Ramos1

1 Serviço de Pediatria do Centro Materno Infantil do Norte, Centro Hospitalar do Porto

 

 

Introdução: ALTE (apparent life-threatening event) é um evento súbito e ameaçador para o observador, caracterizado por alguma combinação de apneia (central ou obstrutiva), alteração da cor (cianose, palidez ou plétora), alteração do tónus muscular (geralmente hipotonia) e sufocação ou engasgamento. A investigação e a abordagem clínica necessárias são controversas.

Objetivos: Caracterização dos doentes internados com ALTE no serviço de Pediatria do Centro Hospitalar do Porto, avaliando a apresentação clínica, exames complementares e tempo de internamento. Comparação dos resultados obtidos com estudo prévio de 2009 (julho/2001 a dezembro/2008).

Métodos: Estudo retrospetivo, através da análise dos processos clínicos dos doentes internados entre 1 de junho de 2009 e 30 de junho de 2015 com o diagnóstico de ALTE. Tratamento estatístico efetuado em Excel (R) e SPSS v.21 (R).

Resultados: Foram internados 78 lactentes (n=40; estudo de 2009), excluindo-se 4 por falta de dados nos processos consultados. Da amostra de 74 lactentes, 51.4% eram do sexo feminino. 48% tinham idade compreendida entre os 28 dias e os 3 meses. As formas de apresentação mais comuns foram cianose e plétora facial (36.5% e 29.7%, respetivamente), com hipotonia em 43.2%. Em 85% foi efectuado hemograma e bioquímica e em 82% gasimetria venosa/arterial (estudo anterior com valores semelhantes de 92.5% e 67.5%). Foi realizada radiografia de tórax em 61% (versus 80% no estudo em comparação) e exame sumário de urina em 55%. No internamento verificou-se tendência para diminuição da realização de outros exames – 56% e 55% realizaram ecocardiograma e eletrocardiograma, respetivamente; 50% ecografia transfontanelar e 57% EEG (versus 62.5% para o primeiro, 67.5% para ecografia TF e 60% para EEG). Em 4% não foi efetuada qualquer investigação. A duração mediana de internamento foi 4.6 dias (no estudo prévio 6.5 dias). Foi pedida orientação social em 3 doentes. Foram classificados como idiopáticos, 56.8% dos casos e 32.4% tiveram o diagnóstico de DRGE (versus 80% com este último no estudo anterior). Orientados para consulta externa hospitalar 74.3% dos doentes internados. Recorrência de ALTE em 2 doentes desta amostra.

Conclusões: O ALTE cursa frequentemente com evolução favorável. Apesar de não haver recomendação ou consensos na literatura para a investigação etiológica, esta mantém-se uma prática comum, sem aparente modificação na abordagem nos últimos anos, em comparação com estudo prévio realizado em 2009.

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