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Nascer e Crescer

versão impressa ISSN 0872-0754versão On-line ISSN 2183-9417

Nascer e Crescer vol.26 no.1 Porto mar. 2017

 

QUAL O SEU DIAGNÓSTICO? | WHAT IS YOUR DIAGNOSIS?

 

Caso dermatológico

 

Dermatology case

 

 

Inês FalcãoI; Isabel Couto GuerraI; Miguel HortaII

I Department of Pediatrics, Centro Materno-Infantil do Norte, Centro Hospitalar do Porto. 4099-001 Porto, Portugal. inespatriciofalcao@gmail.comisabelcoutoguerra@sapo.pt
II Department Dermatology, Centro Hospitalar do Porto. 4099-001 Porto, Portugal. mighorta@hotmail.com

Correspondence to

 

 


RESUMO

O nevo spilus é uma lesão melanocítica que pode ser congénita ou desenvolver-se nos primeiros anos de vida. Varia consideravelmente de tamanho e pode ocorrer em qualquer parte do corpo. Apesar de ser uma lesão benigna, apresenta potencial maligno com desenvolvimento de melanoma em casos raros. A prevenção e a deteção precoce são mandatórias. Descreve-se o caso clínico de um rapaz com 9 anos com um nevo spilus.

Palavras-Chave: Nevo spilus; nevo melanocítico; lesões hipercrómicas; dermatoscopia; melanoma.


ABSTRACT

Nevus spilus is a melanocytic lesion which can be congenital or develop early in life. This lesion varies considerably in size and can occur anywhere on the body. Although nevus spilus is benign, it has malignant potential and melanoma develops in rare cases. Prevention and early detection are mandatory. We describe the case of a nine-year-old boy with a nevus spilus.

Keywords: Nevus spilus; melanocytic nevus; hyperchromic lesions; dermoscopy; melanoma


 

 

Criança do sexo masculino, com nove anos, sem antecedentes relevantes, com uma lesão cutânea adquirida de aparecimento aos três anos, localizada na região malar esquerda, macular, hipercrómica, com dimensões de 40x30mm, de limites bem definidos e com bordos irregulares. Aos cinco anos tornou-se evidente o aparecimento progressivo de lesões maculares mais hipercrómicas, tipo pontuado, com distribuição irregular (Figura 1) sobre a lesão prévia. Realizou dermatoscopia digital que não revelou atipias (Figura 2).

 

 

 

 

 

DIAGNÓSTICO

Nevo Spilus

 

COMENTÁRIOS

O diagnóstico desta lesão cutânea assenta nas suas características clínicas, nomeadamente na existência de uma lesão macular hipercrómica, com limites bem definidos e irregulares, na qual se distinguem máculas, tipo pontuado, mais hipercrómicas e com distribuição assimétrica. O termo nevo spilus, também denominado nevo lentiginoso pontuado ou nevos sobre nevo, deriva do grego spilos que significa mácula.1 É uma lesão cutânea relativamente comum, com uma prevalência de 1-2% e corresponde, histologicamente, a uma lesão melanocítica.1,3,5 A sua etiologia permanece desconhecida, e os mecanismos etiológicos equacionados são defeitos nos melanoblastos da crista neural, fatores ambientais e genéticos.1

O nevo spilus pode ser congénito ou desenvolver-se nos primeiros anos de vida.1,3 Frequentemente a mácula surge no primeiro ano de vida e o pontuado entre os seis e os 39 anos.4 Varia consideravelmente de tamanho, podendo ser classificado clinicamente em três grupos: pequeno/médio, gigante e zosteriforme.1,3 Pode ocorrer em qualquer parte do corpo, com mais frequência no dorso e nas extremidades.1,2

Apesar de caracteristicamente ser uma lesão benigna, apresenta potencial maligno, com desenvolvimento de melanoma em casos raros.1,3,4 O risco de degeneração maligna é superior se a lesão estiver presente desde o nascimento e nas lesões de maiores dimensões. Relativamente ao tamanho, alguns autores estabelecem o cut-off nos quatro centímetros, enquanto outros consideram que o risco é mais elevado apenas nas variantes gigantes, motivo pelo qual estas últimas são consideradas por alguns como “potenciais precursores de melanoma”.1,3

Dada a inexistência de terapêutica eficaz para o melanoma, bem como ausência de um protocolo estandardizado para o seguimento dos nevos spilus, a prevenção e a deteção precoce são mandatórias, nomeadamente pela vigilância clínica regular e dermatoscopia das lesões de maior risco (maiores dimensões/ atípicas clínicas).2,3 A excisão profiláctica do nevo spilus não está indicada, estando a biópsia incisional reservada para as lesões suspeitas.2,3

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1.             Vaidya DC, Schwartz RA, Janniger CK. Nevus spilus. Cutis. 2007; 80: 465-8.         [ Links ]

2.             Martin KL. Cutaneous Nevi. In: Kliegman RM, Staton BF, et al. Nelson Textbook of Pediatrics. 20th ed. Philadelfia: Elsevier; 2015; 651: 3129-33.         [ Links ]

3.             Guiote V, Oliveira H, et al. Melanoma e nevo Spilus. Revista SPDV. 2013; 71: 497-500.         [ Links ]

4.             Luz FB, Mata BF et al. Halo Nevo Spilus. An Bras Dermatol. 2004; 79:323-7.         [ Links ]

5.             Schaffer JV, Bolognia JL. Congenital melanocytic nevi. Uptodate 2015. Available at www.uptodate.com. Accessed July 2015.         [ Links ]

 

 

CORRESPONDENCE TO

Inês Falcão
Department of Pediatrics
Centro Materno Infantil do Norte
Centro Hospitalar do Porto
Largo do Prof Abel Salazar, 4099-001 Porto
Email: inespatriciofalcao@gmail.com

Received for publication: 24.01.2016 Accepted in revised form: 28.07.2016

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