Felicitamos os médicos da Medicina IV do Hospital Fernando da Fonseca pela sua recente publicação da Proposta de Plano Formativo em Medicina Interna1e agradecemos o incentivo que nos deram para aprofundar a reflexão para uma proposta futura do plano formativo em Medicina Interna no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHLN), que esperamos poder apresentar em breve.
Existem vários fatores envolvidos na decisão do local para a realização do internato médico. Existem fatores não modificáveis como localização e a comunidade local, mas outros podem ser modificáveis. Os fatores modificáveis como a organização do programa, o equilíbrio vida pessoal-trabalho, a perceção de satisfação dos internos demonstraram ter impacto nas escolhas dos futuros internos, devendo por isso também ser considerados.2
Relativamente à proposta apresentada, estamos em sintonia com várias das ideias apresentadas pelos autores, nomeadamente no que concerne às características de um internista - transversal, rigoroso, inovador, humano, detalhado, unificador e adaptável; bem como na responsabilização do serviço, e não exclusivamente no tutor, pela formação dos internos.
O CHULN é constituído por três serviços de Medicina - a Medicina 1 e 2 localizadas no Hospital Santa Maria e a Medicina 3 localizada no Hospital Pulido Valente. Os três serviços têm características e diferenciações diferentes, que podem e devem ser aproveitadas na formação dos seus internos de Medicina. Assim, consideramos importante que esta proposta seja global a todo o centro hospitalar e não apenas de um dos serviços do mesmo. Para tal, consideramos essencial, a existência de um coordenador central da formação dos internos da especialidade de medicina interna, que facilite a gestão e integração do programa formativo a todos os internos.
Outro ponto distintivo é a não obrigatoriedade de estágios específicos. Tal como a especialidade de Medicina Interna é heterogénea, consideramos que os internos também o podem ser, pelo que consideramos que a garantia de oferta formativa de qualidade é uma obrigação de qualquer centro hospitalar com idoneidade formativa, mas que deverá ser dada liberdade ao interno para escolher as suas áreas de interesse.
Realça-se ainda, a importância da criação de ferramentas e tempo curricular para o desenvolvimento de projetos de investigação com rigor e interesse científico, particularmente crucial em instituições com caracter académico concomitante.
Constatamos diariamente que a formação médica no nosso país está ainda aquém dos ideais que pretendemos, bem como, a dificuldade de estabelecer certas mudanças na realidade dura com que exercemos a nossa profissão atualmente. Não obstante, sublinhamos e louvamos o pensamento dos colegas, enaltecendo a importância de manter uma postura de abertura e compromisso constante para uma melhoria formativa progressiva refletida numa melhor prática global da Medicina no futuro.