Serviços Personalizados
Journal
Artigo
Indicadores
Links relacionados
Compartilhar
Jornal Português de Gastrenterologia
versão impressa ISSN 0872-8178
J Port Gastrenterol. vol.19 no.5 Lisboa set. 2012
Estudo Clínico Prospetivo de Hepatites Tóxicas - HEPTOX
Clinical Prospective Study on Drug induced liver injury - HEPTOX
A.M. Vieiraa,∗ e A. Curadob
a Responsável pelo estudo HEPTOX
b Presidente do CEREGA
Correios eletrónicos:ana.amdsv@gmail.com (A.M. Vieira), cerega@mail.telepac.pt (A. Curado).
A hepatite tóxica é uma entidade, do ponto de vista clínico, extremamente desafiante, responsável por uma enorme variedade de manifestações clínicas e um, ainda mais amplo, espetro de gravidade.
O diagnóstico de hepatite tóxica exige, aos clínicos, elevado grau de suspeição e capacidade de avaliação crítica da heterogeneidade fenotípica que caracteriza a hepatotoxicidade. Ainda assim, a imputação da causalidade entre uma determinada droga e a lesão hepática continua a ser uma difícil tarefa, particularmente pelo cenário, frequentemente observado, do doente polimedicado (com fármacos potencialmente hepatotóxicos), pelo utilização crescente de substâncias potencialmente hepatotóxicas como as plantas medicinais e os suplementos alimentares, pela concomitância de fatores de risco ou pela existência de doença hepática prévia; isto para não mencionar a elevada probabilidade de impossibilidade de avaliação adequada devido à ausência de critérios diagnósticos rigorosos e uniformes. Acresce a tudo isto, a inexistência de marcadores específicos e a impossibilidade ética da reexposição. Para além disso, as escalas de causalidade limitam-se à avaliação da relação temporal entre a exposição à droga e a doença hepática e à exclusão de outras causas e a histologia não permite o diagnóstico etiológico.
São várias as circunstâncias, como a política farmacológica, os hábitos de prescrição, a etnia, os fatores ambientais e genéticos, que influenciam não só a incidência como a apresentação clínica e a gravidade da doença. A elevada frequência de hepatotoxicidade ao ibuprofeno encontrado no registo espanhol1, a alta incidência de doença induzida pelo nimesulide encontrada na Argentina, Irlanda, Finlândia, Espanha e Uruguai2, o elevado número de casos reportados à nitrofurantoina no registo Americano3 ou aos produtos fitoterapêuticos nos países asiáticos4, são exemplos concretos da variabilidade geográfica. Infelizmente, devido à inexistência de estudos controlados e de estudos completos pós comercialização dos fármacos, publicação preferencial dos casos mais graves e ausência de registo sistemático de todos os casos de hepatite tóxica, a sua verdadeira incidência está subestimada.
A existência de registos permite colmatar a falta de informação existente nesta área, o conhecimento mais profundo dos aspetos epidemiológicos da relação do fígado com as drogas com importantes implicações para a saúde pública e para a implementação de estratégias de controlo farmacológico.
São vários os países preocupados com esta temática, tendo sido criadas várias redes de registo, de que são exemplo Swedish Adverse Drug Reaction Committee (SADRAC), em 1970, Drug Induced Liver Injury Network (DILIN), em 2003, Idiosyncratic Drug-induced Liver Injury Study (DILIGEN), International Drug-Induced Liver Injury Consortium (IDILIC), em 2007, Spanish DILI Registry, em 1994, e recentemente Spanish-Latin American Hepatotoxicity Network2,3, o que tem permitido, entre outros progressos, a realização de estudos genéticos, de outra forma inviáveis, com consequente identificação dos indivíduos em risco e portanto possibilitando a implementação de medidas preventivas5.
Em Portugal, pela primeira vez na história da Gastrenterologia, existe um registo nacional prospetivo de hepatites tóxicas - HEPTOX (fig. 1), com mais de 50 casos incluídos, que se encontra atualmente no último semestre de recrutamento de doentes (término a 31 de janeiro de 2013).

Vale a pena sublinhar que, por exemplo, o registo espanhol tem mais de 700 casos identificados, desde 1994, ou seja, registando-se uma inclusão média de 40 doentes por ano3.
Apelamos a todos colegas que colaborem intensamente no registo do HEPTOX e convidamos todos os centros à sua participação ativa, sendo apenas necessário o contato direto ou através da SPG ou do CEREGA, com a coordenação do estudo (contatos em anexo).
Participam atualmente 24 centros com investigadores nomeados, mas também com senha de acesso do serviço (em anexo), passível de ser utilizada pelo médico responsável.
Salienta-se que os doentes incluídos serão contabilizados para o médico que faz o registo.
Quanto mais doentes registar melhor será a sua classificação!
Inclua doentes!
Hospital | Login | |
1 | Hospital de São Bernardo -Setúbal | heptox_01 |
2 | Hospital de São João | heptox_02 |
3 | Hospital de Santo António | heptox_03 |
4 | Hospital da Arrábida | heptox_04 |
5 | Hospital de São Teotónio - Viseu | heptox_05 |
6 | Hospitais da Universidade de Coimbra | heptox_06 |
7 | Hospital Amato Lusitano - Castelo Branco | heptox_07 |
8 | Centro Hospitalar das Caldas da Rainha | heptox_08 |
9 | Hospital de Santo André - Leiria | heptox_09 |
10 | Hospital da Luz | heptox_10 |
11 | Hospital Militar de Lisboa | heptox_11 |
12 | Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental | heptox_12 |
13 | Hospital de Santa Maria | heptox_13 |
14 | Hospital Garcia de Orta | heptox_14 |
15 | Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio | heptox_15 |
16 | Centro Hospitalar do Funchal | heptox_16 |
17 | Centro Hospitalar de Coimbra | heptox_17 |
18 | Hospital Espírito Santo - Évora | heptox_18 |
19 | IPO Porto | heptox_19 |
20 | Hospital Pulido Valente | heptox_20 |
21 | IPOLFG. E.P.E | heptox_21 |
22 | Hospital Fernando da Fonseca | heptox_22 |
23 | Hospital do Divino Espírito Santo | heptox_23 |
24 | Centro Hospitalar do Alto Ave -Guimarães | heptox_24 |
Bibliografia
1. Andrade RJ, Lucena MI, Fernandez MC, Pelaez G, Pachkoria K, García-Ruiz E, et al. Drug-Induced Liver Injury: An Analysis of 461 Incidences Submitted to the Spanish Registry Over a 10-Year Period. Gastroenterology. 2005;129:512-21. [ Links ]
2. Bessone F, Hernandez N, Dávalos M, Paraná R, Schinoni M, Lizarzabal M, et al. Building a Spanish-Latin American network on drug induced liver injury: much to get from a joint collaborative iniciative. Annals of Hepatology. 2012;11(4):544-9. [ Links ]
3. Lucena MI, Cohen H, Hernandez N, Bessone F, Dacoll C, Stephens C, et al. Hepatotoxicidad, un problema global con especificidades locales: hacia la creación de una Red Hispano Latinoamericana de Hepatotoxicidad. Gastroenterol Hepatol. 2011;34(5): 361-8. [ Links ]
4. Suk KT, Kim DJ, Kim CH, Park SH, Yoon JH, Kim YS, et al. A prospective nationwide study of drug-induced liver injury in Korea. Am J Gastroenterol. 2012;26, http://dx.doi.org/10.1038/ajg.2012.138, abstract. [ Links ]
5. Urban TJ, Goldstein DB, Watkins PB. Genetic basis of susceptibility to drug-induced liver injury: what have we learned and where do we go from here? Pharmacogenomics. 2012;13(7):735-8. [ Links ]