SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.20 número4Síndrome de Trousseau por adenocarcinoma do pâncreas assintomáticoTumor de Abrikossoff do esófago índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Jornal Português de Gastrenterologia

versão impressa ISSN 0872-8178

J Port Gastrenterol. vol.20 no.4 Lisboa jul. 2013

https://doi.org/10.1016/j.jpg.2012.04.006 

INSTANTÂNEO ENDOSCÓPICO

 

Cancro do cólon de aspeto endoscópico invulgar

Colon cancer, an unusual endoscopic presentation

 

Pedro Cardoso Figueiredoa,∗, Paula Borralhob e João Freitasa

aServiço de Gastrenterologia, Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal

bServiço de Anatomia Patológica, Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal

*Autor para correspondência

 

Mulher de 66 anos, leucodérmica, seguida em consulta por anemia ferropénica e referenciada por suspeita de doença linfoproliferativa. Medicada com propranolol, ranitidina, sinvastatina, loflazepato de etilo, bromazepam, diclofenac e sulfato ferroso oral. A endoscopia digestiva alta era normal. A tomografia computorizada revelou exuberante componente adenomegálico mediastínico, abdominal e retroperitoneal, bem como neoformação sólida com 9 cm de extensão, envolvendo o cólon transverso. Foi submetida a colonoscopia tendo sido detetada, no cólon transverso, uma extensa lesão ulcerada com coloração negra e de bordos elevados (fig. 1, fig. 2 e fig. 3). A análise histológica das biopsias colhidas revelou adenocarcinoma pouco diferenciado com extensa ulceração e depósitos de material negro positivo na coloração de Perls.

 

 

 

 

Procedeu-se ainda a estudo dirigido das linfadenopatias que se revelaram lesões metastáticas do adenocarcinoma cólico.

O óbito ocorreu cerca de 5 meses após o diagnóstico.

Discussão

Os autores apresentam este caso pela raridade do aspeto endoscópico do tumor do cólon.

A coloração negra em lesão endoscópica pode ser devida à produção de melanina - o que não se verificou nesta doente - ou à presença de pigmentos exógenos. Nesta doente, o pigmento depositado na mucosa ulcerada era positivo para a coloração de Perls, identificando iões de ferro na forma férrica. Várias espécies de bactérias pertencentes à flora do cólon produzem sulfureto de hidrogénio, que ao reagir com iões ferro, provenientes não só da hemorragia local como também da medicação da doente, origina sulfato férrico, apresentando-se como um precipitado negro1. Será provavelmente esta a razão para a coloração encontrada2.

 

Bibliografia

1. Korenman EW, Allen SD, Janda WM, Schreckenberger PC, Winn Jr WC. Color atlas and textbook of diagnostic microbiology. 5th ed. Baltimore: Lippincott Williams & Wilkins; 1997. p. 187-96.         [ Links ]

2. Wang L, Warner N, Sherrod A. Pathologic quiz case: a 79-year-old woman with a black, ulcerated cecal tumor. Arch Pathol Lab Med. 2005;129:113-4.         [ Links ]

 

Conflito de interesses

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

 

*Autor para correspondência

Correio eletrónico: pedro.c.figueiredo@hotmail.com (P. Cardoso Figueiredo).

 

Recebido a 11 de setembro de 2011; aceite a 14 de novembro de 2011