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Revista Portuguesa de Pneumologia
versão impressa ISSN 0873-2159
Rev Port Pneumol v.13 n.1 Lisboa jan. 2007
Infecções e inflamação das vias aéreas nas exacerbações graves da DPOC
Infections and airway inflammation in chronic obstructive pulmonary disease severe exacerbations
Alberto Papi
Cinzia Maria Bellettato
Fausto Braccioni
Micaela Romagnoli
Paolo Casolari
Gaetano Caramori
Leonardo M Fabbri
Sebastian L Johnston
Resumo
O estudo teve como objectivo investigar se as exacerbações graves da DPOC (necessidade de internamento hospitalar) estão associadas a infecção bacteriana e/ou viral e avaliar relações entre infecção, gravidade da exacerbação (por redução do FEV1) e eventuais padrões específicos de inflamação.
Foram estudados 64 doentes com DPOC na exacerbação (hospitalização) e em estado estável de convalescença (8 a 10 semanas após alta).
Foram avaliadas a função pulmonar (FEV1, FEV1/ FVC, RV, KCO), gases no sangue, NO exalado, e na expectoração induzida, os marcadores inflamatórios (elastase dos neutrófilos NE, proteína catiónica eosinófila ECP) e a presença de infecção viral, bacteriana ou agentes atípicos.
As características dos doentes na exacerbação eram:
– média de 70,6 anos, 56/64 do sexo masculino, 61 ex-fumadores e 3 fumadores, 48 UMA, FEV1-0,96 L, FEV1-39%, RV-157%, KCO-45%, PaO2-54 mmHg, PaCO2-43 mmHg, NO exalado -15 ppb, nenhum em OLD, 100% com B2 de longa acção, 97% com corticóides inalados(dose diária equivalente a 980 mcg/d).
Só foram avaliados doentes com critérios GOLD para internamento (58/64 por PaO2 <60 mmHg, 36% com febre, 52% com modificação da cor da expectoração, 95% com aumento da dispneia, 75% com aumento da tosse e expectoração) e que não tivessem sido medicados com corticóides sistémicos e/ou antibióticos previamente.
As exacerbações estiveram associadas a significativa redução da função pulmonar (FEV1, FEV1%, KCO), gases no sangue (PaO2) e elevação de RV e NO comparativamente ao estado estável.
Os neutrófilos na expectoração estiveram marcadamente elevados na exacerbação comparativamente ao estado estável (26,7 vs 9,5X106).
Existiu uma relação significativa entre o número de neutrófilos na expectoração e no sangue com a gravidade da exacerbação (redução do FEV1%). Doentes com maior hipoxemia (redução da PaO2> 10 mmHg tiveram maior número de neutrófilos do que os com menor grau de queda da PaO2 (19,8 vs 7,5x106).
Em 78% dos doentes (50/64) foram identificados agentes infecciosos, e estes tiveram hospitalizações mais longas (11,6 vs 8,8 dias) e maior decréscimo de FEV1, FEV1%, KCO e PaO2. Foram encontrados vírus em 48,4% dos doentes – 31/64 (17/31 rinovirus, 7/31 influenza, 4/31 vírus sincicial respiratório) e bactérias em 54,7% – 35/64 (9/35 – H Influenza, 8/31 S Pneumoniae, 7/31 M Catharralis) e vírus e bactérias em 25% – 16/64.
Após divisão dos doentes em 4 subgrupos (V – inf viral, B – inf bacteriana, VB – inf viral e bacteriana, N – sem agente identificado) concluiu-se que: – os doentes VB tiveram maior redução da função pulmonar (FEV1/FVC, KCO) – não existiram diferenças significativas nos neutrófilos na expectoração, mas os eosinófilos estiveram significativamente relacionados com a presença de infecção viral (V e VB), assim como existiu uma correlação significativa entre NO e eosinófilos. Também o ECP na expectoração esteve associado à presença de vírus (V e VB).
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João Cardoso
06.10.22